O aposentado e contador de histórias José Alves Moreira Filho(foto principal), 59 anos, viveu boa parte da vida com medo. Ele tem psoríase e receava perder o emprego por conta da doença. No mês passado, ele lançou um livro que trata da psoríase. A obra é direcionada aos jovens. Moreira afirma que há muita desinformação a respeito da doença. A partir do próximo ano, ele fará palestras gratuitas sobre o livro e a doença, em Jundiaí e região. Para ele é preciso conscientizar e acabar com o medo e preconceitos. “É preciso que nos tornemos uma sociedade que entenda e aceite quem tem psoríase e outras doenças de pele”, afirma. O Jundiaí Agora entrevistou Moreira, que mora atualmente na Colônia:
Você é contador de histórias? Desde quando?
Desde que assumi ter psoríase a 12 anos atrás comecei a dar palestras sobre o assunto. Neste ano lancei o livro “Psoríase – A História a Jovem Sória”, resolvi concretizar um antigo desejo e estou me aprimorando para levar esse tema às escolas públicas, particulares, de estética e academias em 2024, através de um curso pela Prefeitura Municipal de Jundiaí, de contadores de histórias, tendo o talentoso profissional Giba Pedroza como professor. Muita coisa boa vira por aí.
Como era a sua relação com a doença?
No meu caso, é espalhada pelo corpo. Eu me escondi por 10 anos com medo, principalmente de perder o emprego. Depois refleti e mudei a postura, assumi e comecei a propagar o que é a psoríase e tendo oportunidade, algumas outras doenças de pele que não são contagiosas.
O que é a psoríase? Quem sofre mais com esta doença: homens ou mulheres? Qual a faixa etária mais comum? Crianças podem ter também?
É uma doença inflamatória de pele não contagiosa. Por uma questão de defesa, em algumas pessoas, o cérebro aumenta exageradamente a renovação da pele em certas partes do corpo, como naqueles locais não existe ferimento ou outro motivo para isso. O local cria, digamos, um machucado que pode ter escamas. A pele não mais terá aquele visual bonito que a sociedade espera. Sem conscientização, virá o medo e preconceito. Praticamente o percentual é igual entre homens e mulheres, vai muito da genética e situação emocional de cada pessoa. Na maioria dos casos aparece entre os 20 e 40 anos, porém dos que possuem, cerca de 15% surgiram na adolescência. Daí minha preocupação em levar informação correta a este grupo de idade para tentar conscientizá-los bem como evitar medo e preconceito indevido para quem tem. Crianças, infelizmente, podem ter a doença. Cerca de 10% têm antes dos 10 anos, 6% antes dos cinco e 2% antes dos dois anos. Existem tratamentos muitos bons. No entanto, ainda não existe cura. Os desafios da vida virão. Por isso, a sociedade precisa saber que não se pega psoríase. Não existe vírus no processo…
Tem ideia de quantos moradores de Jundiaí têm a doença?
Conforme a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), 3% da população mundial tem psoríase. Como no último censo Jundiaí esta com cerca de 443 mil pessoas, temos aí 13 mil com essa doença não contagiosa. Felizmente a maioria tem pequenas lesões. Em alguns casos há necessidade de acompanhamento médico e remédios de alto custo.
Como se manifesta? Quais sintomas?
Estudos mostram que em alguns casos é decorrente de doenças inflamatórias mal curadas, mas como citei anteriormente isso em sua maioria esta muito ligado a genética e ao fator emocional. Não existe um sintoma, é a mente, o momento da vida. A pele começa a mudar e pronto. Surgindo tem que aceitar, se cuidar, no possível divulgar e ser feliz.
Quais tratamentos?
A cada momento surgem novos tratamentos. Agora existem os biológicos que a rede pública até paga, porém sempre com um bom acompanhamento médico. Como é uma doença que em algumas pessoas traz grande sofrimento, tem que se tomar cuidado com a internet e ofertas de “remédios milagrosos”. Existem algumas coisas que auxiliam: tomar sol, ter alimentação saudável, diminuir carne vermelha, não fumar, não beber e se exercitar com responsabilidade. Não podemos esquecer do consumo de ômega e colágeno tipo 2, já que a psoríase infelizmente pode trazer comorbidades como por exemplo a artrite psoriásica. Não tem cura, porém a cada dia surgem melhores tratamentos.

Por que decidiu escrever um livro sobre psoríase?
Tenho uma grande preocupação com o fato da sociedade, pelo desconhecimento, continuar a ter medo e preconceito de uma doença de pele que não pega e ser injusta com quem tem. Senti isso na pele. Tinha família, contas para pagar, propósitos e sonhos, fossem particulares ou profissionais, a serem realizados. Felizmente venci mas outros ou outras podem não ter a mesma sorte. Acredito que conscientizando as pessoas, em particular adolescentes, principalmente agora que lancei “Psoríase – A História da Jovem Sória”, estarei ajudando a acabar com a desinformação, além de colaborar com quem quem possui a doença a ter uma vida normal.
Você acha que há muita desinformação a respeito? Que tipo?
Total. Não ocorrem campanhas de conscientização sobre psoríase, bem como tantas outras doenças de peles não contagiosas como vitiligo, rosácea, lúpus, dermatites, Isto leva a sociedade, que não tem culpa, a ter medo e ser preconceituosa sobre o assunto.
Quando o livro foi lançado?
O lançamento aconteceu em outubro último.
Qual linguagem utiliza?
Pesquisei muito sobre a linguagem adolescente de hoje, me coloquei na situação da jovem ‘Sória’ tendo que começar em uma nova escola onde não conhece ninguém e esta com psoríase. Gostei do resultado final. Como a meta é levar a história para escolas em geral a partir de 2024, estou a cada momento lendo mais e me aprimorando no mundo desses jovens e futuros empreendedores e profissionais.
Quem estiver interessado, como comprar o livro?
Entrar em contato pelo e-mail moreira.jalvesfilho@gmail.com ou pelo número comercial (11) 9 1459-9535, ai indico livraria e revistarias que estão vendendo o mesmo.
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