Raízes poéticas e metáforas me tocam o coração. Cresci em meio a versos. Muitos deles me traduzem ou ampliam meu olhar.
Em diversos momentos, me recordo de Fernando Pessoa em seu poema “Dispersão”: “Perdi-me dentro de mim/ Porque era labirinto/ E hoje, quando me sinto/ É com saudades de mim (…)”
Na atualidade, dentre meus escritores preferidos está Mia Couto. Pseudônimo de António Emílio Leite Couto, escritor e biólogo moçambicano, nascido em 1955. Uma das honrarias que recebeu foi o Prêmio Neustadt, tido como Nobel Americano. Em meio aos escritores de língua portuguesa, somente o receberam João Cabral de Melo Neto e ele.
Um dia desses, postei no meu Facebook a sua colocação de que: “A fadiga que sentimos não é tanto do trabalho acumulado, mas de um quotidiano feito de rotina e de vazio. O que mais cansa não é trabalhar muito. O que mais cansa é viver pouco. O que realmente cansa é viver sem sonhos”. Verdadeiro. É triste quando ouço de alguém: “Agora não me resta mais nada”. Como? Existe até a possibilidade de observar a mudança das nuvens, as frestas do céu, as flores que brotam em um canto qualquer, o fascínio das abelhinhas com uma corola que pode ser transformada em mel… Existem as lembranças que fazem a diferença em emoção bonita ou nem tão bonita, que são ensinamento. Como afirmou o próprio Mia Couto: “A saudade é uma tatuagem na alma: só nos livramos dela perdendo um pedaço de nós”. Graças a Deus, minhas tatuagens encantadas na alma se sobrepõem às nubladas.
A partir do texto, minha amiga Cláudia Mazia Ferreira de Souza comentou: “Verdade, pois na vida precisamos ter raízes e não âncoras, pois raízes alimentam e âncoras imobilizam. A pessoa fica cansada de fazer os mesmos movimentos, em não avançar. Inovar é evoluir e tudo no universo é movimento”.
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Considerei uma colocação iluminada. Jamais pensara nisso. Realmente, as âncoras possuem sua finalidade náutica de imobilizar um objeto flutuante por um tempo, mas não permite que a embarcação avance. Impede a conquista do desconhecido em outros portos. É estática e fria. As raízes realmente alimentam, se estendem, permitem o tronco, as flores, os frutos, as sementes que voam com os passarinhos para outros lugares. E ainda de Mia Couto: O que faz andar a estrada? É o sonho. Enquanto a gente sonhar a estrada permanecerá viva. É para isso que servem os caminhos, para nos fazerem parentes do futuro. (…) Agora sabes: teus braços foram feitos para abraçar horizontes”.
Compreendo que as raízes levam a chegar mais perto do Céu.(Foto: Wallace Chuck/Pexels)

MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE
Com formação em Letras, professora, escreve crônicas, há 40 anos, em diversos meios de comunicação de Jundiaí e, também, em Portugal. Atua junto a populações em situação de risco.(Foto: Suliman Sallehi/Pexels)
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