O historiador Felipe Pinheiro, de Jundiaí, foi o escolhido para reestruturar o Rede Sustentabilidade em Jundiaí. No domingo passado(12), ele renunciou à presidência do PDT Diversidade São Paulo. Na última quarta-feira(15), ele avisou pelas redes sociais que havia deixado o partido. Ao Jundiaí Agora, ele revelou que está indo para a Rede, da ministra Marina Silva, do Meio Ambiente. A entrevista com o o ex-pedetista:
Porque deixou o PDT?
Tenho muitas queixas, que vinha fazendo internamente há alguns anos, sobre a falta de democracia interna, especialmente sobre as formas como são tomadas as decisões importantes, que passam bem longe da escuta e consulta aos seus filiados de base, uma contradição para um partido que tem a palavra “democrático” em seu nome.
Quando olhamos para os municípios, o problema é ainda mais grave e estrutural. Neles, alianças e até filiações de parlamentares são costuradas nos bastidores e os filiados acabam sabendo primeiro pelos jornais. Este, definitivamente, não é o modelo de vivência e construção partidária que me identifico ou tenha vontade de permanecer.
Por que escolheu a Rede?
Para além da fundamental prioridade do partido com a agenda do desenvolvimento sustentável, geração de empregos verdes e as políticas públicas transversais que deem respostas aos impactos que as mudanças climáticas, afetando sobretudo as pessoas mais vulneráveis socialmente. A Rede Sustentabilidade tem um modelo moderno de atuação e de organização interna, que é bastante atraente para as pessoas que desejam ter maior participação efetiva na política.
Vai presidir partido em Jundiaí?
Neste momento, recebi a missão da direção estadual, através do coordenador de organização, Fernando Oliveira(também na foto), para contribuir na reestruturação do diretório municipal. E com o objetivo de organizar uma convenção municipal com o indicativo de acontecer, a princípio, no dia 18 de março. Neste encontro, democraticamente, será eleita a nova direção em Jundiaí.
A Rede não tem a figura de um “presidente”, mas sim de “porta vozes”, que exercem uma função similar, mas com a diferença, de que é sempre exercida por duas pessoas, sendo uma mulher e um homem, com o mesmo grau de hierarquia e responsabilidades. Uma das inovações da estrutura da Rede para garantir a necessária equidade e paridade de gênero nas instâncias de decisão do partido.
Quais os projetos serão desenvolvidos no novo partido?
Acreditamos na cultura de um partido vivo, que seja atuante e em permanente diálogo com a sociedade civil, e não mais uma sigla que aparece a cada ano eleitoral.
Então, o nosso maior projeto é inserir a Rede na vida das pessoas que moram, vivem ou trabalham em Jundiaí, contribuindo e sendo um instrumento de luta para melhorar as condições de vida dos jundiaienses.
Quais as principais conquistas enquanto esteve à frente do PDT Diversidade de São Paulo?
Sobretudo o reconhecimento interno no partido, enquanto movimento LGBTI+ organizado. O respeito dos nossos dirigentes nas cidade, com as demandas das nossas pautas foram fundamentais. Conseguimos diálogo positivo com os vereadores do partido em todo o Estado para que estivessem atentos as votações, rejeitando projetos de lei que atentassem contra a dignidade e os direitos da população LGBTI+. Nas eleições de 2020 fomos o movimento partidário com maior números de candidaturas LGBTI+ à vereança, elegendo três parlamentares, sendo duas mulheres transexuais e uma bissexual e outros três suplentes. Fomos um movimento atuante e fundamental na luta contra o projeto homofóbico “Escola Sem Partido” em todo o Estado. Conseguimos ocupar espaços tradicionais da militância LGBTI+, como as Paradas do Orgulho, as marchas da Visibilidade Transexual, a Frente Parlamentar LGBI+ da ALESP.
O que faltou fazer?
Não conseguimos avançar na criação de diretórios do PDT Diversidade fora dos grandes centros urbanos, pela dificuldade de encontrar pessoas dispostas a serem lideranças políticas abertamente LGBTI+. Também não tivemos êxito em fazer a direção estadual do PDT nos colocar em seu orçamento. A má vontade com a necessidade de garantir o financiamento para as candidaturas LGBTI+ nas últimas eleições municipais foram, sem dúvida, uma grande decepção, o que inclusive nos fez retroceder nos planos de crescimento de filiados no estado. É um desafio que teremos que superar no próximo período. Não basta incentivar que as pessoas LGBTI+ tomem partido, apresentem sem nomes em candidaturas, é necessário viabiliza-las do ponto de vista da estrutura.
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