Temos muitas necessidades, enquanto humanos; uma destas necessidades é a de termos alguém com quem partilhar nossas carências, nossas conquistas, nossos fantasmas, nossas máscaras, nossos sonhos e nossas aventuras. Este alguém são nossos amigos. Ou nossos amores. Precisamos de alguém que temos como par afetivo, de agora, de médio tempo, de longo tempo. As relações humanas são imprescindíveis.

Necessitamos de afeto, de acolhimento, de intimidade própria de um relacionamento mais próximo; esta situação revela que encontramos alguém que corresponda aos ideais de nossas intenções e que podemos baixar as guardas e nos darmos o doce prazer de acolher e ser acolhido. A reciprocidade se instala, como que por magia.

Nossos relacionamentos com os outros ajudam a dar sentido à nossa vida, e a amizade desempenha um papel importante nisso; nosso grupo de amigos pode ser relativamente grande, porém há os que se destacam e são alçados a outro patamar: com estes estabelecemos parceria mais afinada, mais intimidade e menos segredos.

Esse tipo de relacionamento mais refinado geralmente é associado ao amor, não à amizade; alguns estudiosos entendem que esta escolha é a que norteia parte de nossa vida, pois decorre dela a constituição de nova família, dos filhos, dos futuros em conjunto. Muito mais sério do que a escolha profissional, porque a troca de trabalho implica em busca de sucesso e a ruptura de casamentos implica em dores para todos os envolvidos.

Por outro lado, essa ligação também pode ser vista como um apego, uma posse. Alguns estudos clássicos da Psicologia (Sternberg) apontam que existe diferença forte entre amor e paixão; enquanto o amor aponta para compromisso e intimidade, a paixão aponta para a atração, a fugacidade e o descompromisso. O primeiro é durador e o segundo é etéreo.

Em ambos o fator atração é uma constante; é a atração que se responsabiliza pela junção e pela manutenção destes sentimentos. Muitas vezes ela nos conduz a uma vida duradoura em conjunto com pares duradouros. Noutras vezes, tão logo termine o entusiasmo, termina o contrato social de estar com o outro; interessante que este contrato social vem assinado com o contrato afetivo e nem sempre é fácil se desvencilhar dele. Na verdade, costuma-se sofrer com rompimentos humanos, de qualquer categoria.

É a partir disso que podemos arriscar a dizer que infelizmente nem todos os relacionamentos íntimos passam do período inicial da atração. Este é o primeiro estágio num relacionamento, que nem sempre avança com adequação. Atualmente, quando não vemos mais a aproximação lenta nem a ideia da conquista, mas a contabilização dos “ficantes”, o que mais se discute é o período da atração.

A análise física, hoje, é muito visível, numa sociedade em que se busca ter e não ser; tem-se a pessoa, apossa-se do outro, enjaula-se o parceiro, quer ele permita, ou não. Não se busca a adequação entre intimidade, paixão e compromisso, uma vez que se para na intimidade, as vezes avançando até paixão mas não se preocupando com o compromisso.

Independente do tipo de relacionamento, não se deve perder de vista que até os mais estáveis encontrarão momentos de conflito e que, em qualquer que seja o relacionamento, a solução do conflito apenas depende do tamanho de compromisso que se pretende assumir. A essência de um par afetivo não é a semelhança ou a diferença entre os dois, mas sua interdependência e autonomia. Esta forma de maturidade é muito bem vinda para o relacionamento.

Num relacionamento precisamos ter ideia de que nos pautaremos pelas emoções e, mais ainda, que todos somos instáveis emocionalmente; Paul Ekman, estudioso norte-americano, identificou seis emoções básicas, comuns a todas as culturas e tão fortes e precisas que ninguém consegue ocultá-las: a surpresa, a tristeza, o medo, a felicidade, a aversão e a raiva.

É sabido que estas emoções são responsáveis pela aproximação ou afastamento das pessoas; por elas nos solidificamos ao lado de alguém ou num grupo. O contrário é verdadeiro: podemos não nos permitir ou nos afastarmos de alguém, definitivamente. Não temos um controle total sobre nossas reações emocionais.

Muito interessante dizer que estudos atuais apontam para uma proposta desafiadora: emoções e processos mentais são coisas diferentes e as emoções podem vir primeiro, abrindo espaço para os processos mentais. Num relacionamento é bastante possível que não se tenha percepção destes elementos, tornando a relação bastante alterada e muitas vezes pouco consistente.

Apesar de alguns entenderem que somos o que pensamos, outros entendem que somos o que sentimos. Poucos são os que acreditam que somos o que pensamos e sentimos, buscando as necessárias adequações. Este é o motivo pelo qual a relação humana se torna algo tão complexo e serio de ser entendido e mais serio de ser vivida satisfatoriamente. Nossos limites pessoais são barreiras quase que intransponíveis.

Fica difícil avançar no assunto quando temos uma sociedade pouca preocupada no entendimento dos relacionamentos. Pior ainda, quando nossa sociedade toma ares de fugacidade e velocidade de ações: tudo é para ontem, nada se completa no futuro e ninguém se preocupa com ninguém. Neste ambiente etéreo, as relações são pouco consistentes e as pessoas são desinteressadas pelos acolhimentos de e para outros: a necessidade se volta a ser feliz agora, sem amarras com o futuro.

Este clima nos torna ligeiramente mais insensíveis e mais egoístas. O mundo é aquele que circunda ao nosso redor; o resto não existe. Como o outro não existe. Assim se está estruturando a sociedade do século XXI.


Volta às aulas. Um clima de tensão no ar, diante do desconhecido que se nos prepara e, por outro lado, uma chance de viver o momento mágico em que se mistura o saber, o fazer e o transformar. Sim, transformar, por que o que seria o professor senão um transformador de sonhos em realidade, um transformador de silêncio em fala sábia e polida?

Pois é, este professor, idealizado no parágrafo anterior, existe e está sempre a postos, quando se pensa nas mudanças que podem operacionalizar numa sala de aula. Seu saber está calcado nos apontamentos clássicos e refletido na sua vida; esta práxis será a dose necessária para uma ação transformada e encantadora.(Ilustração: psicoativo.com)

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A teoria aliada a prática adequada é uma formatação adequada que incide em formula de sucesso, visto que não se prende apenas ao entusiasmo nem ao academicismo. Uma mistura bem adequada é um roteiro agradável e mágico a que todos os alunos se lançam buscando desvendar os limites do desconhecido. Professores habilidosos caminham por estas rotas, conduzindo seus alunos ao mundo da curiosidade e sabedoria, misturando o clássico ao moderno, o tradicional ao atualizadíssimo.

Esta é uma chave do sucesso, sempre presente em ambientes em que a autonomia de ensinar se junta a curiosidade pelo saber. Entretanto depende da evolução do docente, do seu saber profundo e comprometido com sua realidade. Vale a pena lembrar estudos clássicos que apontam que a educação transformadora é fruto de docentes transformados e capacitados. Estes promoverão um ensino de qualidade, por serem qualificados para tal.
Está aqui outra forma de relacionamento humano que não se pauta pela emoção, mas pela intenção do ato educativo, que é reflexivo. Uma ação em mão dupla. Que venham as aulas.


Afonso Antonio Machado é docente e coordenador do LEPESPE, Laboratório de Estudos e Pesquisas em Psicologia do Esporte, da UNESP. Mestre e Doutor pela UNICAMP, livre docente em Psicologia do Esporte, pela UNESP, graduado em Psicologia, editor chefe do Brazilian Journal of Sport Psychology. Aluno da FATI.


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