Ouve-se, ainda, que respeito vem do berço e continuo crendo que é verdade. Mas de que berço? Daquele, sem dúvida, que percebe cantigas de ninar em lugar de gritos; que se sabe único em um tempo de cuidados e ternura.
De que forma são criados aqueles e aquelas que não possuem respeito por coisa alguma? Picham paredes, enfrentam os mestres e os demais profissionais da escola e embora convivam sob o mesmo teto dos pais ou responsáveis, desejam distância.
E a questão dos ataques às escolas? Que move o desejo de sofrimento do outro e de seu entorno?
Nas escolas, com raríssimas exceções, se encontram pessoas que, embora o salário possa não ser adequado, se dedicam a ensinar, a partilhar seus conhecimentos, a conviver com gente diferente que se pressupõe carregue a vontade de aprender. Por que as escolas, onde mora o bem? E o respeito? Tornou-se palavra obsoleta no dicionário?
Por que adolescentes rebelados com armas brancas na mão ou adultos com armas de fogo desejando que seus atos doam no próximo, conhecido ou desconhecido?
Comove-me o medo de pequeninos ou um pouco maiores dizendo sobre a rota que traçaram, onde estudam, caso haja um ataque. Comovem-me as mães que me ligam para perguntar se devem ou não levar os filhos para as escolas. Comovem-me os professores e demais profissionais das escolas cientes da fragilidade em que se encontram. Quanta falta de respeito. Inacreditável!
No caso de pessoas, maiores ou menores de idade, que deveriam estar de imediato com acompanhamento da saúde mental, como fazer para identificá-los e convencer os seus responsáveis, se ainda os tiverem, para tratamento? Alguns consideram ofensivo encaminhar seu filho ou sua filha para avaliação de psicopatias.
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Que momento difícil estamos vivendo.
Gosto muito de Olavo Bilac (1865-1918), advogado, jornalista, contista, cronista e poeta brasileiro. Há um soneto dele, “Dualismo”, que me parece traduzir a época que estamos vivendo:
“Não és bom, nem és mau: és triste e humano…/ Vives ansiando, em maldições e preces, /Como se, a arder, no coração tivesses/ O tumulto e o clamor de um largo oceano. Pobre, no bem como no mal, padeces;/ E, rolando num vórtice vesano, /Oscilas entre a crença e o desengano, /Entre esperanças e desinteresses. Capaz de horrores e de ações sublimes, / Não ficas das virtudes satisfeito, /Nem te arrependes, infeliz, dos crimes: E, no perpétuo ideal que te devora, /Residem juntamente no teu peito/ Um demônio que ruge e um Deus que chora”.
A escolha pelo fortalecimento de um ou de outro é do indivíduo a partir de sua formação.
Há tantos outros desrespeitos espalhados dentro de casa, das escolas, nas ruas… Um dia desses, na Av. Frederico Ozanam, li em um caminhão baú amarelo a frase: “Mulher feia é como ventania, só quebra galho”. É a visão de quem, infelizmente, ainda não conseguiu formar o seu caráter e integra um grupo de humanos em decadência.

MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE
Com formação em Letras, professora, escreve crônicas, há 40 anos, em diversos meios de comunicação de Jundiaí e, também, em Portugal. Atua junto a populações em situação de risco.
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