CARLOS SALLES BLOCH não é só nome de avenida

Aqui em Jundiaí repetimos tantas vezes o nome Carlos Salles Bloch. Contudo, ao pesquisar em sites de busca, não se encontra nada sobre a história deste homem. Pedindo licença aos familiares, que tem muito mais profundidade na vida e trajetória do homem que empresta o nome para a rua que cruza a avenida Jundiaí, eu decidi escrever sobre ele: meu bisavô.
Ele nasceu em 1887, em Campinas. Morreu em 1940, aos anos 53 anos de idade (às vésperas de seu segundo casamento). De acordo com o relato de fontes familiares, ele se encontrava apaixonadíssimo pela futura esposa. Sua primeira esposa (minha bisavó) havia falecido muito jovem.Os relatos de quem o conheceu afirmam que Bloch era uma figura extremamente patriota. Usava bengala. Em certa ocasião, ocorria na praça da cidade, uma comemoração cívica. O Hino Nacional era executado e ao lado de Carlos Salles Bloch se encontrava um homem usando chapéu.
Ao iniciar os primeiros acordes do hino, Carlos Salles Bloch não titubeou: à distância e com sua bengala, retirou o chapéu da cabeça do cidadão dando-lhe uma bronca pela falta de respeito à pátria.

Era uma pessoa extremamente ligada à política e cultura de Jundiaí. Foi fundador do Grêmio CP, no ano de 1900; do Paulista Futebol Clube, em 1909 e da Sociedade Jundiaiense de Cultura Artística, em 1932.

Trabalhou fortemente para a ferrovia paulista, exercendo alto cargo na Companhia Paulista de Estradas de Ferro(Fepasa). Era contra o nepotismo (já naquela época). Seu filho, Carlos Rocha Bloch, também trabalhou na companhia. Contudo, ficou estabelecido que ele poderia começar na companhia, desde que por seus próprios méritos, aprendendo as atividades mais corriqueiras, e em departamentos distantes do pai. A ascensão da carreira do filho dependeria tão somente do seu próprio esforço (deixando claro que jamais trabalhariam no mesmo setor).

Carlos Salles Bloch, sob o pseudônimo “Pícolo Marati” colaborava com a imprensa jundiaiense. Era um excelente orador e incentivava as bandas musicais.

Dias destes, minha mãe remexendo os arquivos de família encontrou uma foto com dedicatória de meu bisavô ao meu avô. Uma dedicatória muito carinhosa, com agradecimento dos cuidados do filho com sua mãe (também esposa de Carlos Salles Bloch), até a sua morte. A dedicatória foi finalizada com a frase “papai te ama” (algo raro para a época esta demonstração de afeto).

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A verdade é que a história de Carlos Salles Bloch e o seu comportamento (analisado à época de sua vivência) nos faz refletir sobre os tempos atuais: na vida, na política, na cultura e na cidadania, quem são as nossas atuais referências? Já paramos pra refletir? O que nossos “heróis” construíram para nós? Há incentivo à cultura? Ao esporte? Ao lazer?

Para encerrar, e mesmo sem saber com tanta profundidade sobre sua história, Carlos Salles Bloch é uma das minhas referências políticas, culturais e morais. Por outros, muitos outros Carlos Salles Bloch na política jundiaiense, na política estadual e na Presidência do Brasil.


ANA KARINA

Advogada e professora de Direito do Trabalho em cursos de pós-graduação. Entusiasta da vida, futura mamãe que não joga truco nem tranca. Foge de verdades absolutas e gosta de gente sincera e que não mantém velhas opiniões formadas sobre tudo”. Facebook: Ana Karina Borin