SEXTING e vídeos pornôs

SEXTING

Vídeos pornôs e sexting se tornam comuns. A parente da menina de oito anos contou-me que no celular da pequenina há vários vídeos obscenos, incluindo de sexo com animais. Lamentei. Não creio que a garotinha acesse sites assim. Seria o celular dela compartilhado com outros pessoas ou estaria recebendo esse tipo de vídeo? Se for encaminhado por terceiros, poderá existir um pedófilo por trás.

Na mesma semana da conversa, li na revista Veja a matéria “O ‘apagão sexual’ da geração Z” do teólogo, escritor e pesquisador Rodolfo Capler. Geração Z são os nascidos a partir de 1995. Ele inicia a matéria dizendo: “Nunca vivemos um tempo tão permissivo em relação ao sexo. Aplicativos como Tinder ou Badoo possibilitam experiências sexuais em apenas um clique. O sexting juvenil se tornou um modelo cultural e o poliamor é uma nova modalidade erótica, celebrada entre a nova geração”.

Em pesquisa de campo, realizada de 2018 a 2020, com trezentos alunos do ensino médio da Rede Pública de Educação no interior de São Paulo, chamou a atenção de Capler que muitos dos adolescentes substituíram o sexo pela prática do sexting, que é o relacionamento através de aplicativos de mensagens e em redes sociais. Segundo ele, psicólogos, sexólogos, sociólogos e educadores na tentativa de entender as razões da inatividade sexual dos mais jovens, concluem que viriam do aumento do consumo de pornografia on-line (cyber pornô), o tempo dispendido em games e a maior interatividade com as redes sociais. Percebem, ainda, que há um “retardamento psicoemocional que os adolescentes estão experimentando, física e emocionalmente, ao assumirem menos responsabilidades na vida. (…) Para alguns acontece isso pelo excesso de cuidado e intervencionismo dos pais na vida dos filhos…”

Constata-se muito essa ingerência nas escolas. O filho ou a filha são “vítimas” da escola, dos professores, dos colegas. No caso de reclamação por um comportamento inadequado, muitos o justificam em terceiros, como se os filhos jamais errassem. Sem dúvida essa postura dos adultos colabora no atraso psicoemocional.

O Hospital Santa Mônica – Psiquiatria e Saúde Mental publicou uma orientação muito interessante sobre o “Sexting. Embora a prática seja mais comum entre adolescentes com mais idade, o estudo também aponta que jovens de 10 a 12 anos já começam a enviar mensagem de textos desse teor, pela disponibilidade da tecnologia. Consideram que o sexting é uma prática que pode ser prejudicial aos jovens de diversas maneiras, tanto físicas quanto emocionais e elencam algumas razões: podem ser abordados por predadores sexuais; há o risco de serem pressionados ou chantageados; o conteúdo pode tornar-se público, levando a vítima à depressão e até à ideação suicida; dependendo da idade, o conteúdo compartilhado pode ser considerado pornografia infantil.

Inúmeros meninos e meninas optam por esse tipo de relacionamento, motivados por suas carências. Contudo, desaprendem sobre relações afetivas, podem se tornar viciados em prazer – um vício puxa outro – e, de acordo com a idade, roubam-lhes a infância e os sonhos.

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Tenho informações, por professores, de que diversos alunos, principalmente a partir dos 13 anos, acessam esses tipos de sites pornôs. Que judiação! Pela forma com que as coisas se conduzem, haverá, infelizmente, um tempo em que a música “Coração de Estudante” de Milton Nascimento e tantas outras, serão apenas utopias: …Mas renova-se a esperança/ Nova aurora a cada dia/ E há que se cuidar do broto/ Pra que a vida nos dê flor e fruto. /Coração de estudante/ Há que se cuidar da vida/ Há que se cuidar do mundo…(Foto: Isk4.es)

MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE

Com formação em Letras, professora, escreve crônicas, há 40 anos, em diversos meios de comunicação de Jundiaí e, também, em Portugal. Atua junto a populações em situação de risco.

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