Um verdadeiro braço de ferro institucional no país. O advogado dos indiciados no Supremo Tribunal Federal defende a tese de que a anistia é um instrumento jurídico e político voltado para a restauração da ordem constitucional e a pacificação social. Os apoiadores do governo não concordam. Isso provocou uma eclosão de debates, tanto no plenário do Congresso Nacional, como nos partidos e na mídia de modo geral. O advogado não tem medo. Ocupa a tribuna com coragem e defesa dos acusados e a adoção da anistia. Sustenta que ela é irrenunciável e irrevogável. Não esconde que tem opinião política e dá entrevistas cada vez mais polêmicas. Para seus inimigos, jogue um balde de gasolina na fogueira institucional que engolfa o Brasil e pode mesmo levá-lo a uma guerra civil. As forças militares não estão fora da disputa pelo poder e a qualquer momento os batalhões do Exército ou dos navios da Marinha podem se revoltar.
Inocentar ou não os adversários do governo? Não, dizem os governistas. Nos casos em que há violação de direitos humanos e ameaça ao estado democrático de direito, não há perdão. Tem mais de 300 pessoas presas por participarem de manifestações contra o governo. Os presos não são julgados e não se sabem exatamente que crime cometeram. Afinal, a Constituição não garante o direito de livre manifestação? Sim, dizem o presidente e seus ministros, porém não vale quando o estado de sítio é acionado para prever novos confrontos sangrentos. Uma elite ligada ao agronegócio teme que a turbulência possa provocar uma rebelião de camponeses e um ataque aos latifúndios produtores de café, uma commodity valiosa no mercado internacional. Ela quer o poder, mas no meio do caminho tem um militar. Tem um militar no meio do caminho.
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Os militares são acusados de apoiar uma ditadura, e se alojarem para sempre no poder da República. Lutam pela centralização do poder nas mãos do presidente, não respeitam a Constituição que diz ser o Brasil uma república federalista, ou seja, poder descentralizado. Com isso, os estados mantiveram parte do poder e poriam fim ao unitarismo histórico. O remédio proposto pelo advogado Ruy Barbosa para 47 acusados é um habeas corpus que exige a libertação imediata dos presos. Está nas mãos do Supremo Tribunal Federal aceita ou não o habeas corpus . Ruy escreveu 76 páginas que são entregues aos 11 ministros do tribunal. O baiano é derrotado por 10 votos a um. Nos bastidores, paira a versão de que o ditador Floriano Peixoto ameaçou os magistrados do Supremo de prisão se concedessem o habeas corpus . Ele está ao lado do Exército, que defende a existência de uma ditadura republicana capaz de levar o Brasil ao progresso com ordem. Diante da derrota no judiciário, Ruy Barbosa parte para a campanha política e consegue a aprovação em 1892. Mesmo assim, o país não encontrou a pacificação que tanto sonhava.(Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

HERÓDOTO BARBEIRO
Heródoto Barbeiro é jornalista do Record News, R7 e Nova Brasil (89.7), além de autor de vários livros de sucesso, tanto destinados ao ensino de História, como para as áreas de jornalismo, mídia training e budismo. Apresentou o Roda Viva da TV Cultura e o Jornal da CBN. Mestre em História pela USP e inscrito na OAB. Acompanhe-o por seu canal no YouTube “Por dentro da Máquina”
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