TRENS: Projeto prevê construção de viaduto de 515 metros

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O Compac(Conselho Municipal do Patrimônio Cultural) de Jundiaí aprovou o o projeto conceitual – ‘com condições, ressalvas e recomendações’ – do TIC(Trem Intercidades) e da Segregação Noroeste do Transporte Ferroviário de Cargas(SNO). Daqui para frente, todas as alterações que surgirem durante o desenvolvimento do plano deverão ser aprovadas pelo Conselho. O projeto é do Governo do Estado e MRS Logística e preveem mudanças na Estação Ferroviária como derrubada de parte do prédio para construção de um vão de passagem; Estaçãozinha(praticamente destruída em incêndio ocorrido em julho de 2018), e nas antigas oficinas de trens que ficam no Espaço Expressa que poderá ter como vizinho um viaduto de 515 metros. As obras deverão levar sete anos. O Compac tomou conhecimento das alterações no começo de maio, durante reunião com o geógrafo Marlon Rocha, coordenador de projetos da JGP Consultoria. Diante da complexidade do projeto, os conselheiros decidiram por estudar os detalhes do relatório. No dia 7 de junho, a Imprensa Oficial publicou que o relatório com o posicionamento do Compac estava pronto. O teor do documento,porém, não foi revelado. O Jundiaí Agora obteve o relatório do Conselho Municipal do Patrimônio Cultural através da Lei de Acesso à Informação.

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Em maio, Marlon Rocha afirmou aos conselheiros que o projeto poderia resultar em desapropriações ao longo da linha férrea e alterações em bens tombados, como Espaço Expressa, a Estaçãozinha e a Estação Ferroviária. O Espaço Expressa é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional(IPHAN) e protegido pelo Inventário de Proteção do Patrimônio Artístico e Cultural(IPPAC). A Estação Ferroviária é tombada pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico(Condephaat). A Estaçãozinha não é um bem tombado pela Prefeitura. Contudo faz parte do inventário histórico.

Foto: www.estacoesferroviarias.com.br
Foto: www.estacoesferroviarias.com.br

As mudanças propostas – O projeto conceitual prevê demolição de parte da Estação Ferroviária. Será necessária a abertura de vão no prédio para permitir a chegada dos trens da Linha 7 sobre a gare(local de embarque para os trens) da antiga linha Ituana-Sorocabana. Com esta alteração será necessário cercar a estação perto da calçada, o que criará uma barreira visual. O acesso à Estação passará a ser feito por passarelas e mezaninos, gerando mais impactos visuais, de ambiência e acesso, segundo o Compac. A intenção é retomar o formato de funcionamento da estação no início do século passado(fotos acima).

Ilustração: Projeto conceitual
(Foto: arquivo pessoal conselheiro)

No Espaço Expressa, a proposta indica a implantação de novas vias férreas e construção de um viaduto de 515 metros(ilustração acima) na área onde funcionou um pátio de manobras, o que poderá comprometer a qualidade arquitetônica do prédio e do entorno. A obra, conforme a proposta conceitual, é necessária para a transposição das linhas. No local também existe um obelisco comemorativo da Seguridade Social do país, que tem suas origens ligadas à Companhia Paulista(foto acima). O Compac também está preocupado com a vibração que a movimentação de trens causará, “podendo prejudicar as estruturas centenárias do Espaço Expressa”. O projeto não prevê a chegada dos trens turísticos. Já a linha do TIM será sobreposta à área do Parque Urbano Expressa, mais especificamente no acesso de veículos ao estacionamento. Será necessário um estudo para que os usuários do Expressa possam deixar seus carros.

A Estaçãozinha vista do Viaduto São João Batista(Foto: Google Maps)
O prédio sofreu um incêndio em 2018(Foto: Google Maps)

Na Estaçãozinha, o projeto conceitual prevê que o prédio ficará ilhada por causa das novas linhas que serão instaladas. A ideia seria construir uma passarela que, de acordo com o Conselho, impactará a paisagem, incluindo a própria Estaçãozinha e o Viaduto São João Batista.

Recomendações e condições – Para o Expressa, o Compac recomendou que seja avaliada a possibilidade de transposição de linhas em nível ou subterrâneo para que o viaduto não seja construído. Se isto não for possível, o Conselho aceita a obra. Porém, o viaduto precisará ter o impacto visual reduzido.

Os conselheiros querem que as novas linhas de trens fiquem o mais longe possível do prédio, incluindo o obelisco. Também é uma condição que sejam buscadas soluções técnicas para reduzir ruídos e vibrações. O projeto também terá de incluir a implantação e operação da parada do Expresso Turístico, preferencialmente na plataforma que foi recentemente restaurada. O Compac também quer que o estacionamento do Expressa seja mantido

Quanto à Estaçãozinha, os conselheiros consideram “de suma importância” que seja mantida a relação do prédio e a vizinhança, garantindo o acesso já que o local poderá, no futuro, ter uso coletivo, sendo transformado num ponto turístico. As plataformas deverão ser mantidas, com acesso para pedestres. O Compac  quer estudos para a implantação de novas linhas já que o Trem Intercidades deverá passar perto da Estaçãozinha. Este levantamento terá de provar que o prédio terá mesmo de ficar isolado. Se houver possibilidade técnica, o acesso deverá ser mantido. “Comprovada a inviabilidade técnica, o acesso de pedestres terá de ser feito por rampas suaves e subterrâneas para que seja mantida a paisagem da Estaçãozinha e do Viaduto São João Batista. O Compac não aceitará construção de passarelas, rampas e escadas”, informa o relatório.

Sobre a demolição de parte da Estação Ferroviária, quer novos estudos que apresentem alternativas e os impactos da obras. Os conselheiros afirmam que “a forma de acesso de pedestres, tanto na conexão com o terminal de ônibus como na chegada de passageiros, seja em nível. Se isto não for possível, a condição é de que a passagem passe a ser subterrânea”. O Compac não aceitará a construção de passarelas ou mezaninos, como consta no projeto conceitual.

O relatório do Conselho afirma ainda que é “fortemente recomendável” que seja verificada a possibilidade técnica de estender a passagem, por baixo do pátio férreo, até a Vila Nambi “de forma a permitir o acesso de passageiros daquela região da cidade sem a necessidade de cruzar o Viaduto Sperandio Pelliciari, o viaduto da Duratex”.

TIC e SNO – A implementação do Trem Intercidades (TIC) Eixo Norte possibilitará o transporte de quase 550 mil pessoas por dia no primeiro ano de operação completa do empreendimento. Isso porque, além do trem expresso que ligará a capital paulista a Campinas, com uma parada em Jundiaí, o projeto prevê o Trem Intermetropolitano (TIM) entre Jundiaí e Campinas, que vai passar pelas cidades de Louveira, Vinhedo e Valinhos. A previsão é de que os trens estejam operando em 2031. Já a á a Segregação Noroeste envolve o trecho Jundiaí-Barra Funda e terá 56 quilômetros de extensão, seis pátios de cruzamento e um novo túnel, com aproximadamente dois quilômetros de extensão, exclusivo para os trens de carga da MRS, que será executado na região de Botujuru.

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