UM MÊS de Bolsonaro na Presidência. O que você está achando?

UM MÊS

Jair Bolsonaro completa hoje(1) um mês à frente da Presidência da República. Foram 31 dias bem movimentados e marcados por desencontros de informações. Ele já fez a primeira viagem ao exterior. No Fórum Econômico Mundial, em Davos, esperava-se que o novo chefe da Nação falaria por no mínimo 40 minutos. O capitão não passou dos 10. Este mês também foi suficiente para Bolsonaro cumprir uma promessa de campanha e facilitar o porte de arma. Ele voltou a ser operado, agora para retirada da bolsa de colostomia que usava desde a tentativa de assassinato que sofreu durante a campanha e, por último, enfrentou a primeira – e talvez a grande tragédia de todo seu governo: o rompimento de uma barragem da Vale, em Brumadinho, em Minas Gerais. O Jundiaí Agora ouviu políticos e empresários ligados à economia local para saber o que estão achando deste primeiro mês de Bolsonaro como presidente.

Com relação ao primeiro mês de governo do presidente Jair Bolsonaro, o prefeito Luiz Fernando Machado(foto acima) aponta como destaques a política econômica liberal do ministro Paulo Guedes e a sinalização da reforma da previdência, que levaram otimismo para o mercado financeiro nacional.

“Muitas das medidas econômicas vão ganhar contornos práticos a depender do apoio no Congresso. Importante ressaltar que a melhora do mercado de trabalho também está condicionada à continuidade das políticas públicas e econômicas”, disse o prefeito.

“Tendo em vista o cenário político nacional recente, certamente foi um início de governo movimentado. O Bolsonaro foi eleito com um discurso de renovação, conservador nos costumes e linha dura na segurança pública. Até agora, ele tem mostrado capacidade de se afastar do papel truculento e, ao mesmo tempo, manter o forte apelo popular”, avalia Luiz Fernando.

Miguel Haddad, que está deixando a Câmara dos Deputados em Brasília, afirma que ainda é cedo para se ter uma opinião mais categórica sobre a nova administração. “Há setores, na área econômica e na área da justiça, que parecem estar seriamente empenhados em apresentar propostas consistentes em seus respectivos segmentos”, disse.
Ele torce para que o governo de Jair Bolsonaro dê certo. “Atravessamos uma crise muito séria, com mais de 12 milhões de brasileiros desempregados. Temos de pensar no interesse do Brasil e da população brasileira e não em interesses partidários ou ideológicos”, concluiu.

O deputado estadual Junior Aprillanti (acima) acha que ainda é cedo para avaliar o novo governo. “É pouco tempo. O ano ainda está começando. O Congresso voltará às atividades agora. O que dá para sentir, apesar disto, é o otimismo muito grande do mercado. Mas este otimismo ainda não se transformou em resultados efetivos. O dólar se estabilizou. A Bolsa de Valores está subindo. Porém, é bom lembrar que Bolsonaro ainda não fez nenhuma reforma estrutural”, explicou.

O presidente da Câmara de Jundiaí, vereador Faouaz Taha, prefere comentar com prudência. “Ainda é cedo para avaliarmos o impacto de medidas concretas. Aguardo para vermos se haverá avanços na economia. Muita coisa ainda depende do Congresso, da volta do funcionamento da Câmara e de como será a integração entre os poderes. Devemos esperar”, disse.

Segundo o presidente da Associação Comercial Empresarial de Jundiaí (ACE Jundiaí), Elton Monteiro, na prática ainda não houve mudanças mas ainda é cedo para avaliar o governo.   “A sinalização é que teremos muitas mudanças com impactos positivos na economia e para o futuro do país.”

O ex-prefeito Pedro Bigardi não está gostando do que vê até o momento. “É um governo sem projeto, sem rumo, com pessoas despreparadas comandando os ministérios. E também acho que temos um presidente sem a menor noção do seu papel”.

Marcelo Cereser, presidente da Ciesp Jundiaí, não concorda com Bigardi. Detalhe: ele foi secretário na gestão passada. “Pelo pouco que deu para observar até o momento, o Bolsonaro chamou técnicos para os ministérios. Para mim isto demonstra que eles estão se preparando, tomando pé da situação, entendendo a realidade. As perspectivas são boas: a economia, o combate à corrupção. Resumindo, vemos com bons olhos estes 31 dias de governo mas precisam ser feitas reformas essenciais, como a da Previdência, que deverão ser encaminhadas cada uma ao seu tempo.

O educador e terapeuta financeiro Pedro Braggio acredita que o país teve uma “energizada e uma ventilada”. Isto, segundo ele, por conta do sentimento de esperança de quem votou em Bolsonaro. “Estamos percebendo que algumas áreas da economia estão aquecendo, embora lentamente. A esperança está fazendo com que a economia do Brasil dê alguns passos. Bolsonaro está só no primeiro mês. Ainda há muitos processos para o país passar. A prioridade, ao meu ver, é a Previdência. É preciso resolver esta questão para que a indústria volte a produzir e contratar. Aí a esperança se concretizará”, disse Braggio.

O ex-vereador Gerson Sartori só viu, nestes 30 dias, “muitas cabeçadas”. Segundo ele, “o governo fala uma coisa de manhã e a tarde já é outra coisa”, comentou. Sartori concorda que um mês é pouco para fazer uma avaliação aprofundada. “Mas nós temos a questão de 12 milhões de desempregados, problemas na saúde, educação, saneamento. Enquanto isto o Bradesco teve lucro de R$ 21 milhões e não vejo proposta para este setor. O que vejo é falarem da Escola Sem Partido e não debatem o que realmente interessa para a população, que é a retomada do desenvolvimento”, comentou. Gerson lembrou que a volta do Congresso e o retorno do Poder Judiciário ajudarão a avaliar realmente o governo Bolsonaro em 60 dias. O ex-vereador aproveitou para alfinetar: “o primeiro pilar defendido pelo presidente, o combate à corrupção, já está bastante abalado com denúncias envolvendo familiares dele”. Foto:Marcelo Camargo/Agência Brasil