As notícias e as manifestações em escala considerável referentes aos eventos relacionados à violência nas escolas em tempos recentes provocaram, dentre tantas reações, algumas de órgãos e entidades ligadas à educação, com análises de toda ordem para indicar procedimentos e justificativas para as ocorrências que se observou. São avaliações que consideram muitos temas como: a saúde mental, os componentes socioemocionais, as questões de segurança, os estudos sócio econômicos e as legislações incidentes sobre as escolas e o sistema educacional, dentre outros.
O que não conseguimos encontrar, entretanto, foi um estudo de ordem essencialmente pedagógica sobre os impactos que as metodologias e propostas predominantes na escola conservadora têm na comunidade escolar e na vida de seus alunos. Ao preservar o foco no ensino e não na aprendizagem essa escola se baseia em paradigmas anacrônicos característicos das escolas do início do século passado. Assim, caberia avaliar como este modelo de escola, que se repete há mais de um século, influencia nossas crianças e jovens.
Há muitos fatores que podem contribuir para a violência escolar, e a metodologia de ensino utilizada pela escola é apenas um deles. No entanto, é importante considerar que as atividades de sala de aulas podem ter um impacto significativo na motivação e no engajamento dos alunos na escola, e a falta de engajamento e motivação pode contribuir para comportamentos indisciplinados e violentos.
Uma abordagem conservadora de ensino que enfatiza a memorização de conteúdos pode não ser adequada para todos os alunos, especialmente aqueles que têm estilos de aprendizagem diferentes ou que enfrentam desafios socioemocionais. A falta de conexão emocional com o aprendizado e a falta de oportunidades para construir e utilizar conhecimentos durante o processo educativo podem levar à apatia e à desmotivação dos alunos, o que pode contribuir para a violência escolar.
Por outro lado, uma abordagem mais progressiva de ensino que enfatiza a participação ativa dos alunos, o pensamento crítico e a aplicação prática dos conhecimentos podem ajudar a aumentar a motivação e a participação dos alunos, reduzindo assim a probabilidade de comportamentos inadequados na escola.
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No entanto, é importante notar que a violência nas escolas é um problema complexo que envolve muitos fatores, incluindo questões sociais, familiares e culturais, bem como políticas escolares e governamentais e até a infra-estrutura dos estabelecimentos de ensino. Portanto, é necessário adotar uma abordagem holística para lidar com a violência escolar, abordando inclusive a metodologia de ensino além das questões relacionadas à cultura da escola e à sociedade em geral.
O processo educativo está passando por significativas mudanças e as escolas devem se preparar para essa nova realidade. A violência escolar pode ser mais um sinal alarmante de que as coisas não vão bem.(Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil)
FERNANDO LEME DO PRADO
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