Nossa Senhora do Desterro. O título da fuga para o Egito, quando o rei Herodes pretendia matar o seu Menino, após tomar conhecimento do que anunciara o Profeta Miqueias (5, 2): “E tu, Belém, terra de Judá, não és de modo algum a menor entre as cidades de Judá, porque de ti sairá o chefe que governará Israel, meu povo”. Avisado em sonho, José levantou-se durante a noite, tomou Jesus e a virgem Maria e partiu para o Egito, onde permaneceu até a morte de Herodes.

Penso, também, nos outros desterros de Nossa Senhora. Com o Menino em seu ventre, foi às pressas às montanhas, a uma cidade de Judá, a fim de se colocar a serviço de sua prima Isabel, já idosa, que se encontrava grávida de João Batista. Próximo a dar à luz, segue de Nazaré a Belém, pois José subiu da Galileia à Judeia, para se recensear. De Belém para o Egito e de lá a Nazaré.

E em diversos lugares deve ter se desterrado, seguindo seu Filho até Jerusalém. Da cruz, o Senhor a tornou mãe de todos nós, a partir de João Evangelista, quando diz a ela: “Mulher, eis aí teu filho” e depois diz a João: “Eis aí tua mãe” (Jo 19, 26.27).E sem cessar na intimidade com Deus através da oração, no fazer com serenidade a Sua vontade, por maior que fossem os obstáculos. Imagine dar à luz numa gruta que era abrigo de animais. Sempre no que ela afirmou no Magnificat: “Minha alma glorifica ao Senhor/ meu espírito exulta de alegria/ em Deus, meu Salvador, / porque olhou para sua pobre serva…” (Lucas 1, 46-48).

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Seus “desterros”, agora do Céu, prosseguem: 1531, em Guadalupe no México; 1717, em terras brasileiras, Aparecida no Vale do Paraíba; 1858, na França, na vila de Massabielle, próxima á região de Lourdes;1917, em Portugal, na Cova da Iria… Seus “desterros”, com diversos títulos, avançam para a salvação da humanidade, desde que o anjo lhe comunicou que o Espírito Santo desceria sobre ela e a força do Altíssimo a envolveria com Sua sombra. Como diz a música: “Quando o amor quis na terra reinar,/ A sua palavra quis ao mundo anunciar.(…) Pra realizar, este plano/ O Senhor, quis encontrar um silêncio de amor/ A luz nesta sombra brilhou. (…)Quem é esta sombra tão bela, morrendo no sol/ Resplandece mais/ E este silêncio altíssimo de amor?/ Maria, és tu!”

Recordo-me do convite da Virgem dos Desterros em Caná da Galileia: “Fazei o que Ele vos disser”. Que assim seja!(Foto: www.flickr.com)


MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE

Com formação em Letras, professora, escreve crônicas, há 40 anos, em diversos meios de comunicação de Jundiaí e, também, em Portugal. Atua junto a populações em situação de risco.

 


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