Vivências ROMÂNTICAS

Vivências românticas dão leveza aos sentimentos. Deve ser por isso que gosto dos livros da escritora inglesa Rosamunde Pilcher. O primeiro que li foi “Os Catadores de Conchas”. Li outros e, na semana passada, “A Casa Vazia”. É uma história fantástica. Virgínia Keile retorna à pequena cidade de sua juventude, onde recomeça uma história de amor interrompida na adolescência.

Encantam-me, além das personagens e do enredo, suas descrições da natureza como no sétimo capítulo: “O céu azul. Gaivotas circulando, aos gritos; o murmúrio distante do mar. Naquele ponto, a costa parecia projetar-se num promontório irregular, composto por enormes afloramentos de granito. Entre ele, a relva era lisa e muito verde, com manchas aqui e ali de urzes purpúreas. O caminho descia entre esses afloramentos. Enquanto davam as voltas, uma pequena enseada, abrigada e quase fechada, foi pouco a pouco se revelando lá embaixo. O mar era profundo e sereno, com tons de púrpura sobre os rochedos e de verde-jade sobre a areia. (…) O sol foi descendo pelo céu, brilhando agora diretamente sobre eles. O mar parecia um deslumbramento líquido. (…) Ao brilho do sol poente, com um vento fresco soprando do mar, eles voltaram lentamente para casa. (…) Por trás o mar, luminoso ao crepúsculo, refletia todas as luzes do céu…”

São histórias que me abraçam, retiram-me das agruras do cotidiano e me devolvem com a alma mais leve. Em algum lugar de mim, sigo as pegadas dessas histórias que me emocionam.

OUTROS ARTIGOS DE MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE

VIVÊNCIAS SINISTRAS DE DESAFIO

VIVÊNCIA EM DEFESA DA VIDA

VIVÊNCIAS DE ASSOMBRO

VIVÊNCIAS DO TEMPO DO EXÉRCITO

VIVÊNCIAS DE SÚPLICAS

VIVÊNCIAS DOLOROSAS

VIVÊNCIAS DO SILÊNCIO

VIVÊNCIAS DE ADEUS

Menina, misturava-me aos contos de fadas e às histórias de animaizinhos. Na puberdade vieram os primeiros romances e poemas. Ah, o poema Livros e Flores de Machado de Assis: Teus olhos são meus livros. /Que livro há aí melhor, /Em que melhor se leia/A página do amor?” E versos de Guilherme de Almeida: “… Uma mulher me disse: vem comigo!/ Fecha os olhos e sonha meu amigo./ Sonha um lar, uma doce companheira/ que queira muito e que também te queira./ No telhado, um penacho de fumaça. / Cortinas muito brancas na vidraça/ Um canário que canta na gaiola. / Que linda vida lá por dentro rola! / Pela primeira vez eu comecei a ver, / dentro da própria vida, / o encanto de viver”.

Interessante, embora tenham passado décadas, essas histórias e poemas continuam fazendo festa em meu coração. (Foto: oboitut.com)


MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE

Com formação em Letras, professora, escreve crônicas, há 40 anos, em diversos meios de comunicação de Jundiaí e, também, em Portugal. Atua junto a populações em situação de risco.