A ansiedade se caracteriza pela reação psicológica e orgânica à uma antecipação de uma situação (que pode ser avaliada como perigosa), causando preocupação e apreensão excessivas e geralmente acompanhada de uma sensação ruim ou sintomas somáticos (físicos) de tensão. Mas, quais são as causas da ansiedade e do pânico e como superá-las?

Diversas situações, objetos, ou mesmo pessoas e animais são considerados fatores ansiogênicos, isto é, capazes de produzir a reação de ansiedade em determinadas pessoas. Muitas vezes, estes fatores ansiogênicos, dependendo das circunstâncias, não produzem a reação de ansiedade, fazendo com que haja uma situação mascarada em relação à esta antecipação “perigosa”, ou mesmo “incômoda”, da situação de exposição aos tais fatores. Andar em roda-gigante com os pais pode não gerar ansiedade, mas andar só com um colega talvez possa. Ver uma “barata” no laboratório de ciências da escola é diferente de saber que na hora de dormir, há uma “barata” andando pelo seu quarto.

Outro fator importante é lembrar-se que ao longo da vida, com o desenvolvimento da nossa personalidade, e com o acúmulo de experiências ao longo dos anos, muitos dos fatores ansiogênicos (aqueles que geram ansiedade) aparentemente perdem o seu efeito de provocar reações orgânicas e psicológicas, e terminam por não provocar mais ansiedade. Ao contrário do esperado, para algumas pessoas este efeito parece vir ao reverso. Quanto mais velhas e experientes elas ficam, mais medo e ansiedade elas desenvolvem acerca de situações, objetos ou animais. Parece que elas desenvolvem uma maior sensibilidade à exposição aos fatores ansiogênicos, fazendo com que suas reações orgânicas e/ou psicológicas sejam exacerbadas (aumentadas) e acabem por impedir uma série de comportamentos e atitudes, que elas seguramente teriam se não fosse o excesso de ansiedade. Estes são os casos que mais necessitam de tratamento. Em geral, ninguém deveria ser impedido de suas ações e comportamentos normais por causa de ansiedade.

Nestes casos acima descritos, teríamos os transtornos de ansiedade e as fobias, que podem apresentar-se de diversas formas, tipos, e graduações. Algumas pessoas conseguem dominar suas ansiedades sem ajuda profissional, mas, por outro lado, um grande número de pessoas precisa de ajuda profissional especializada (psicólogo) para poder seguir seu curso de vida, sem os comprometimentos comportamentais que advêm da ansiedade.

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Ansiedade infantil muitas vezes só são percebidos como reações orgânicas, e tal como a depressão infantil, passam sem o correto diagnóstico, tendendo sempre a se agravar. As crianças e adolescentes reagem semelhantemente aos adultos no que diz respeito às preocupações excessivas e às expectativas apreensivas de que algo ruim, imaginário ou real, estaria para acontecer.

A ansiedade quase sempre acarreta comprometimento no desempenho escolar ou profissional, a diminuição das relações interpessoais, a retração e o isolamento. Algumas pessoas relatam um sentimento subjetivo de ansiedade, um sentimento de distanciamento, apresentando ausência de resposta emocional, e uma redução da consciência quanto às coisas que os rodeiam.

Tanto o adulto como a criança e o adolescente relata ser muito difícil controlar a preocupação, que aparece de forma intrusiva e persistente. Os sintomas somáticos (físicos) que o paciente experimenta com a ansiedade passam também a ser parte das preocupações e apreensões, uma vez que eles são desagradáveis e até assustadores.

O quadro abaixo é apresentado para ataques de pânico (presença de vários sinais e sintomas de ansiedade ao mesmo tempo, onde ainda existe uma preocupação persistente acerca de ter outros ataques adicionais, e uma alteração comportamental significativa relacionada aos ataques). Aqui alguns sintomas somáticos e psicológicos da ansiedade: (segundo o DSM-IV):

Palpitações ou taquicardia                              Vertigem ou desmaio
sudorese                                                       desrealização
Tremores                                                      despersonalização
Sensações de falta de ar                                medo de perder o controle
Sensações de asfixia                                      medo de enlouquecer
Dor ou desconforto torácico                           medo de morrer
Náusea ou desconforto abdominal                  parestesias ou formigamento
Sensação de tontura, instabilidade                 calafrios ou ondas de calor

No caso dos ataques de pânico, que aparecessem de forma recorrente (ataques que aparecem mais de uma vez), bastariam cinco sintomas aparecendo de forma inesperada para que o psicólogo fechasse o psicodiagnóstico de Transtorno de Pânico, se junto ocorresse a preocupação persistente sobre a possibilidade de surgirem outros ataques, de medo de perder o controle, de morrer, ou mesmo de ficar louco. Quase que invariavelmente aparecerão comprometimentos comportamentais, que terão consequências no dia a dia da pessoa.
Outros sinais e sintomas apresentados em quadros de ansiedade são:

Comprometimento do sono
Irritabilidade, surtos de raiva
Dificuldade em concentrar-se
Hipervigilância,
Inquietação
Nervosismo
Cansaço
Tensão muscular

Alguns dos diagnósticos de ansiedade requerem somente um dos itens acima para as crianças, enquanto precisa-se de três ou mais para os adultos. O tratamento deve ser psicoterápico e em muitos casos medicamentosos, devendo a pessoa ser avaliada pelo Psicólogo, e quando necessário pelo médico. O tempo de tratamento varia conforme a gravidade e a resposta do paciente à psicoterapia e aos medicamentos.

 

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As pessoas já não precisam sofrer tanto com a ansiedade e pânico, uma vez que os tratamentos são eficazes e geralmente levam à remissão dos sintomas. Em muitos casos não se fala em cura do transtorno de ansiedade, mas pode-se atingir a remissão dos sintomas quase que definitivamente. Por isso, os pacientes devem procurar sempre um Psicólogo experiente, buscar referências, para que tenham um tratamento adequado e possam voltar a ter uma vida normal o mais breve possível.

 

PÂNICODANIELA MENICALLI

Psicóloga clínica, mestre em Distúrbios do Desenvolvimento, com formação há 18 anos. Atualmente responsável pelo Instituto Daniela Menicalli de Psicologia e professora coordenadora na Faculdade Fia – USP.