O trabalho de um parlamentar, muitas vezes, pode ser associado apenas ao nicho que o elegeu e esta ligação é naturalmente legítima, sobretudo atualmente, em que a sociedade se mostra cada vez mais fragmentada, com demandas distintas e, em alguns casos, conflitantes. No entanto, avalio ser importante falarmos do todo. Nem sempre um vereador, como no meu caso, está atrelado a uma única região ou única causa e na era das bolhas sociais, temos o desafio de representar a todos.
Fui eleito, em minha segunda tentativa pela cadeira no Legislativo, com votos distribuídos em toda a cidade e, embora eu tenha levantado bandeiras que possam ser consideradas nichadas – como o caso da proibição dos fogos com estampido – tento levar às pessoas a compreensão de que acredito em projetos que tragam benefícios amplos. A questão dos fogos, por exemplo, certamente chama a atenção dos que amam seus pets, porém, ao discutir o projeto percebi o quanto ele envolve outros interessados e afeta o dia a dia das pessoas: são idosos, crianças, pessoas com deficiência ou simplesmente aqueles que não gostam dos estouros e, que diferentemente de outros tempos, hoje se manifestam.
Portanto, ainda que rótulos sejam utilizados, meu trabalho diário é mostrar que o caminho para a harmonia entre tantos nichos é o do diálogo. Reforço que não critico o trabalho específico de quem quer que seja, afinal os votos regionais passaram a ser uma tendência nas últimas eleições e esta é um questão muito mais complexa do que me disponho a tratar aqui, pois envolve as mudanças sociais, econômicas e culturais do próprio eleitorado e dos políticos que tentam representá-lo.
O que quero frisar é a importância de haver construção e diálogo na política. Ao nos depararmos com atuações públicas ou demandas de eleitores muito específicas, corremos o risco de incentivarmos a intolerância e o preconceito entre as frentes, o que não nos leva a resultado algum. Uma cidade tem muitos interesses e vencer no grito só prejudica o todo.
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O ano de 2017 apresentou momentos conturbados na Câmara Municipal de Jundiaí (2017). Lados distintos gritaram para se ouvir e, assim, no meu ponto de vista, não se escutaram e nunca se sentirão representados. Acredito na política do diálogo, da discussão, das discordâncias (pois sempre existirão), mas do consenso, do trabalho que o ato político em sua essência deve exercer. Os nichos têm que se manifestar, mas se buscarem o caminho da aproximação certamente terão mais espaço.
Neste contexto das ‘bolhas sociais’ – termo utilizado atualmente sobre quem não ouve, lê ou debate com o seu contrário – é importante pensarmos o papel do político. Estar em uma ‘bolha’ também pode ser uma forma de proteção e, portanto, não necessariamente ruim, mas ao falarmos de políticas públicas, acredito que devemos ser abertos a conhecer, antes de julgar, e então tomarmos a decisão. Com sabedoria e respeito aos próprios princípios, é preciso sair da bolha.
Nem sempre uma decisão irá agradar, porém, esta é a democracia. O que deve haver é respeito, liberdade de expressão e de manifestações pacíficas. Se um voto de um político em determinado momento não foi aquele que gostaríamos, isso não significa que todo o trabalho restante do mesmo deva ser ignorado. O fato de nos colocarmos à disposição para ouvir ou, então, ao chamarmos a população para o trabalho conjunto – como gosto de fazer – me faz, aos poucos, aprender a respeitar o todo e sempre mais. (Foto acima: John Simitopoulos)
FAOUAZ TAHA
É vereador na Câmara de Jundiaí pelo PSDB, eleito pela primeira vez nas últimas eleições municipais de 2016. Tem 29 anos. Atualmente é líder do governo municipal na Casa de Leis, além de presidente da Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia, Desporto, Lazer e Turismo do Legislativo. Nascido em Jundiaí, Faouaz é formado em Educação Física pela ESEF e tem pós-graduação em Fisiologia do Esporte pela Unifesp. Antes de ser vereador, teve experiência na gestão pública com participação na Secretaria de Esportes