O leitor está cansado de saber que eleição e corrupção não deveriam conviver. A única coisa que deveria existir entre ambas seria a rima, para um grande poema, mas o que vemos no Brasil é que elas estão intimamente ligadas, ou seja: quando falamos da primeira, a segunda aparece e se falamos da segunda, a primeira se lamenta. Mas faltando menos de seis meses para as eleições para presidente da República, governador, senador, deputado federal e deputado estadual, o centro das atenções gira em torno da corrupção. Em quem votar que não seja corrupto?
Aqui vale a reflexão e ela é pessoal e não vale a pena fazer uma análise sobre quem é e quem não é corrupto, mas o que merece ser comentado são as posturas de alguns partidos políticos. E o caso passa, inicialmente, pelo Partido dos Trabalhadores. Nada pessoal contra o partido que já foi considerado o único no Brasil, por conta de sua ideologia, coisa que os demais não tinham, não têm e nunca tiveram. Mas o PT mudou seu fundamento, no momento em que assumiu a presidência da República, tanto que seu primeiro presidente e seu grande líder, hoje, está preso!
Mas voltando à análise básica da corrupção: o Partido dos Trabalhadores insiste em manter Lula como pré-candidato à Presidência da República, ignorando toda Lei da Ficha Limpa que foi criada por políticos para um benefício próprio. E dentro deste contexto até a Justiça está mudando sua maneira de agir e pensar tanto que nesta semana, assustou muita gente a decisão da Segunda Turma do STF que tirou declarações de delatores do processo da Lava Jato. Claro que a decisão merece uma análise jurídica, mas no contexto exposto, percebe-se que o que se falou não deve ser ouvido, o que se gravou deve ser apagado, o que se fez, deve ser ignorado!
E quando a Justiça começa a tomar sentido político, já se fala em manipular a Lei da Ficha Limpa para, até mesmo quem está preso, possa ser votado. Se vai ser eleito é outra história!!!
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Mas quando se fala em Lula, todo Partido dos Trabalhadores olha ao redor para ver quem são os políticos que estão ameaçados de processo e prisão. E o nome mais em evidência, nestes últimos dias, é o do senador e candidato derrotado à Presidência da República, em 2014, Aécio Neves.
A possibilidade de prisão de um homem que não é candidato à Presidência, mas ao Senado, por seu Estado – Minas Gerais – merece análise parecida com a do ex-presidente preso: a corrupção. E neste quadro, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, do PSDB, vê com preocupação o caso Aécio. Para ele, as denúncias contra o agora réu e neto de Tancredo Neves, podem respingar na candidatura Geraldo Alckmin. Como Alckmin e Lula são considerados nomes fortes para chegarem ao segundo turno, os candidatos menos cotados – ou menos votados até agora – sonham em melhorar a performance e chegar à etapa final da eleição. E crescem os nomes do direitista Jair Bolsonaro e do que tenta ser esquerda, Ciro Gomes.
Mas enquanto a carruagem não anda, ou seja, enquanto a Copa do Mundo não passa, é fundamental aguardar o que a Justiça vai fazer com os primeiros nomes citados aqui para que os últimos avaliem melhor suas chances. Mas infelizmente, a corrupção continua mandando no Brasil. Até para a definição de quem será candidato nas eleições de outubro. (Foto:Wesley Almeida/formacao.cancaonova.com)
NELSON MANZATTO
Jornalista profissional diplomado, tendo trabalhado no Jornal da Cidade de Jundiaí, Diário do Povo de Campinas, Jornal de Domingo de Campinas, Diário Popular de São Paulo e Jornal de Jundiaí. Foi editor-chefe dos jornais Diário do Povo, Jornal de Domingo e Jornal de Jundiaí e sempre trabalhou nas editorias de Política e Economia. Também trabalhou em Assessoria de Imprensa. É membro da Academia Jundiaiense de Letras e tem quatro livros publicados: Surfistas Ferroviários ou a História de Luzinete (Vencedor de Concurso Literário), Contos e Crônicas de Natal (com cinco textos premiados), Momentos e No meu tempo de Criança. Mantém um blog literário: blogdonelsonmanzatto.blogspot.com
