FÉRIAS de julho

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Durante alguns invernos, há muitos anos atrás, passávamos as férias de julho em Itanhaém, no litoral sul de São Paulo. As escolas tinham outro calendário e fechavam, literalmente, nos períodos de férias. Meu pai, diretor do Ginásio Rosa, como era conhecida na época a hoje centenária Escola Prof. Luiz Rosa também fechava as portas e passávamos o mês quase todo em uma casa que alugávamos na Praia do Sonho(foto). Quem conhece a região sabe que o rio Itanhaém, que interrompe a continuidade da Praia Grande, era muito largo para ser transposto sem uma ponte adequada o que existe hoje, mas naquele tempo a ponte havia sido construída para permitir a passagem da via férrea. Pedestres e automóveis passavam cuidadosamente. Desse modo no “lado de lá” do rio não havia sequer luz elétrica, as ruas eram de uma mistura de terra e areia e as praias eram exclusivas dos moradores, mesmo que temporários como nós. Havia a Prainha, sabe-se lá seu nome oficial, onde chegavam os barcos de pesca com peixes fresquíssimos para a felicidade das donas de casa, e a Praia do Sonho, imensa e larga na qual passávamos a maior parte do nosso tempo.

Peço licença aos leitores para trazer estas lembranças de um período inesquecível no qual a vida transcorria em uma velocidade absolutamente diferente dos tempos atuais. Embora muito mais simples e sem nenhum dos tantos aparatos tecnológicos nossas vidas eram repletas de afazeres e as preocupações totalmente diferentes. Estive há pouco tempo na Praia do Sonho e me espantei como aquelas pedras enormes no fim da praia haviam diminuído em tamanho e em quantidade. A praia embora permaneça com mais de um quilômetro parecia muito maior, assim como as pedras, aos olhos do menino. Inevitáveis as recordações do tempo que passamos por lá. Do café ao jantar à luz dos lampiões e das serenatas noturnas iluminadas pelos faroletes e lanternas, os dias passavam entrando e saindo do mar e muito antes dos nossos desejos as férias acabavam.

Chegar até lá era uma aventura com muitas horas de viagem, parte dela rodando pelas areias da Praia Grande depois da ponte pênsil em São Vicente à mercê das marés que poderiam impossibilitar a viagem. Evidentemente não havia serviço de previsão do tempo nem tábuas das marés disponíveis para consulta prévia. Era chegar lá pra ver como estava. Porém, descontada a incerteza do trecho de praia, o mais difícil do percurso era atravessar São Paulo. Sem as avenidas atuais, muito menos o rodoanel, era um emaranhado de ruas nas quais os menos experientes facilmente poderiam se perder. Não me lembro bem dessas ruas somente da referência a uma tal de “estrada da boiada” que supostamente permitia chegar à via Anchieta sem muitos desvios. Em uma dessas vezes uma ressaca das marés impediu o prosseguimento da viagem em automóvel e a opção foi terminar a viagem de trem. Mas esta verdadeira odisseia prometo contar uma outra vez. A viagem era longa e cansativa que valia a pena pelos dias que ficávamos descalços sem nenhuma preocupação.

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Vez ou outra vale a pena deixar a memória nos levar de volta. Os contratempos e a pressa da nossa vida presente não pode apagar os tempos vividos. Sem saudosismo ou comparação, apenas uma lembrança boa.(Foto: jws.com.br)

FERNANDO LEME DO PRADO

É educador

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