ARY: O prefeito das obras e homenagens era bom de bola

ary

Ary Fossen foi eleito prefeito de Jundiaí em 2004 pelo PSDB. Ele entregou a administração para Miguel Haddad no dia 1º de janeiro de 2009. Ary morreu no dia 19 de julho de 2012, no Hospital Albert Einstein, vítima de pneumonia. Ele tinha 74 anos. As obras e o nome do ex-prefeito estão espalhadas pela cidade. O Complexo Viário da avenida Nove de Julho, a Fatec e a Vila dos Idosos, no Fazenda Grande, têm o nome dele. O futuro Pronto Atendimento da Ponte São João também receberá o nome do ex-prefeito. Ary Fossen era palmeirense. Na juventude ele jogou em vários clubes locais. Quem viu diz que ele era bom de bola. Na foto principal, Ary com a esposa, Marialice Fossen.

Barreira Futebol Clube, anos 1950. Ary está agachado e é o terceiro da esquerda para a direita(Foto: Times Amadores de Jundiaí e Região)
Ary jogou futebol de salão pelo EC Unidos, nos anos 1960. Ele está agachado e é o primeiro da esquerda(Foto Norival José da Silva)
Em 1962, Ary Fossen jogou pelo time do Sesi. Ele está agachado e é o terceiro da esquerda para a direita

Fossen trabalhou como balconista de farmácia e escriturário. Em 1958, começou o curso de Ciências Econômicas, Finanças e Administração, na Pontifícia Universidade Católica de Campinas. Fez pós-graduação em Administração pela Fundação Getúlio Vargas de São Paulo. 

Durante 30 anos trabalhou no Serviço Social da Indústria (Sesi), em Jundiaí, tendo sido o primeiro diretor regional. Em 1969, foi nomeado diretor da Fazenda Municipal da Prefeitura de Jundiaí. Ficou no cargo até 1972. Nas eleições de 15 de novembro de 1976 foi eleito, pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), vice-prefeito de Jundiaí para o período de 1977-1983. Em 1979, foi fundador e presidente da Fundação Municipal de Ação Social (Fumas). Ficou no cargo até 1990. Em 15 de novembro de 1982, foi candidato a prefeito de sua cidade, mas não se elegeu. 

Anos 1980: Ary Fossen no Festival do Bandeirante Futebol Clube, da Ermida…
…com Josafá Souza Brito e Nelson Porcari(Fotos Odair Alviani)

Entre 1989 e 1992, foi secretário municipal de Administração. Criou e foi o primeiro presidente da Companhia de Informática de Jundiaí (Cijun). Nas eleições de 3 de outubro de 1996, foi novamente eleito vice-prefeito de sua cidade, pelo PSDB, cargo que ocupou de 1997 a 1998. O prefeito eleito foi Miguel Haddad.

O deputado do PSDB discursando na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo
Ary atendendo o ex-prefeito de Várzea, Eduardo Tadeu Pereira, que era do PT

Nas eleições de 7 de outubro de 1998, pelo mesmo partido, conseguiu pela primeira vez ocupar uma cadeira de deputado estadual para legislatura entre 1999-2003. Ele foi eleito com 41.402 votos. Naquele período, a ONG Voto Consciente fez ranking dos 11 melhores deputados estaduais. Ary foi um deles. Foi reeleito em 6 de outubro de 2002 com 84.352 votos, pelo PSDB.

Prefeito, Ary e a primeira-dama, dona Marialice, participam de festa na escola Cecília Rolemberg, na Vila Rio Branco(Foto: Idamiz Tassi)

Candidatou-se a prefeito nas eleições de 3 de outubro de 2004 e teve 98.041 votos. Foi eleito e deixou a cadeira de deputado estadual. Ary Fossen assumiu a Prefeitura no dia 1º de janeiro de 2005. Nos quatro anos de gestão realizou obras por toda a cidade, principalmente na periferia, como pavimentação, escolas, creches e saneamento. 

Ao deixar a Prefeitura, por indicação de José Serra, então exercendo a prefeitura da capital paulista, foi nomeado subprefeito de Perus, ocupando o cargo entre 2009 e 2010. Candidatou-se pelo PSDB novamente ao Palácio Nove de Julho, sendo mais uma vez eleito deputado estadual em 3 de outubro de 2010, com 76.406 votos. Assumiu no dia 15 de março de 2011.

O então deputado Junior Aprillanti acompanhando a instalação das placas de identificação do complexo viário na avenida Nove de Julho

Como parlamentar, levou a Jundiaí e região o Poupatempo e a primeira Faculdade de Tecnologia (Fatec); conseguiu a duplicação da Rodovia Dom Gabriel Paulino Bueno Couto (Estrada de Itu); a recuperação da Rodovia Tancredo de Almeida Neves; a construção do Complexo Rodoviário Xisto Cereser (Trevo de Itu), e o Complexo Viário da avenida Nove de Julho. Sempre defendeu a criação da Aglomeração Urbana de Jundiaí, o que aconteceu em 2011. 

A atuação do deputado possibilitou instalação do Ambulatório Médico de Especialidades (AME) e a desapropriação da Casa de Saúde para a instalação do Hospital Regional. Na segurança pública, levou para a região o 49ª Batalhão da Polícia Militar, 4º Batalhão da Polícia Rodoviária e o 19º Grupamento do Corpo de Bombeiros. (Com informações de Antônio Sérgio Ribeiro, advogado e pesquisador, diretor do Departamento de Documentação e Informação da Alesp)

Trabalhei como assessor de imprensa de Ary Fossen em 2000. O convite veio dias depois de encontrar o deputado em um evento em Itupeva. O deputado não parava. A agenda diária dele era lotada. Recebia prefeitos e eleitores no gabinete, na Assembleia Legislativa. Ia para reuniões nas secretarias estaduais. Voltava para a Alesp e fazia questão de ficar até o final das sessões. Deixava a Assembleia tarde da noite e ia para seu apartamento em São Paulo. Tinha orgulho de dizer que era vizinho de Adriane Galisteu.(Foto ao lado: Celso de Paula)

As fotos e entrevistas deixaram a impressão de que o deputado era um vovô simpático e bonachão. Não era bem assim. Ary Fossen tinha o temperamento forte, explosivo. Quando não gostava ou não queria algo, batia na mesa, ficava vermelho. Dois minutos depois, a brabeza passava como por milagre. Ele próprio tinha uma explicação para a súbita mudança de ânimo: “sou descendente de italianos”, dizia.

A Sociedade Esportiva Palmeiras era uma paixão. Naquele 2000, o deputado recebeu uma homenagem do clube. Voltou para a Assembleia com um broche. Ficou feliz feliz da vida. O acessório era um escudo do Palmeiras que ele colocou na lapela do paletó e até o dia da minha saída da assessoria continuava o acompanhando.

Fazia questão de ler todos os textos que seriam enviados para jornais, rádios e televisões. Eram momentos tensos já que ele não se importava com estilo. Ia riscando o que achava supérfluo e repetia que gostava de textos objetivos. “Sou contador”, argumentava ele.

Também lia todos os jornais locais, o Estadão e a Folha. Diferentemente da maioria dos políticos, ficava contrariado quando não encontrava, nos impressos de Jundiaí, críticas aos políticos ou reclamações de leitores. Dizia que o trabalho dos jornalistas era importante para nortear as ações do Poder Público.

O deputado tinha uma profunda admiração pelo então governador Geraldo Alckmin, também do PSDB. Audiências com Alckmin deixavam Ary feliz. Um dia ele perguntou o que eu achava do governador. Para provocar, citei o apelido que José Simão, da Folha de São Paulo, tinha dado para ele: “o Alckmin é um picolé de chuchu”. Por alguns segundo achei que o deputado iria explodir comigo. Calmamente ele respondeu: “Marquinho(era assim que ele me chamava), o governador tem carisma. Um dia será presidente”. Ary Fossen quase acertou. Alckmin concorreu à presidência em 2006 e perdeu. Agora, é vice-presidente. (Marco Antônio Sapia)

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