Seguindo com o tema espiritualidade: uma outra má interpretação pode ter sido feita na história de Ganesha. Shiva, que por comparativo na tradição e espiritualidade cristã seria o Deus Pai. Parvathi, estava indo banhar-se, limpou o suor de seu corpo e criou com ele a figura de um menino, deu-lhe a vida, pois é a mãe, figura feminina e chamou-lhe de filho. Shiva foi visitá-la, porém o menino não permitiu que ele entrasse, eles lutaram e Shiva decapitou-o. Para acalmar Parvathi, Shiva enviou suas hordas em busca da cabeça do primeiro ser vivo que encontrassem, acabou por ser um elefante. Shiva colocou a cabeça no menino e o trouxe de volta à vida. Parvathi simboliza shakti, o aspecto forma enquanto Shiva, a espiritualidade, o ser então criado por Parvathi não seria espiritualmente desenvolvido ou evoluído, e quando Shiva tenta entrar, o Eu superior não consegue, pois, o eu não permite, assim Shiva, o Eu superior mata a natureza inferior, tornando Ganesha filho verdadeiro de Shiva.
Parvathi, por conceber um filho espiritualmente não evoluído ou não desenvolvido é colocada como uma mãe, sem méritos dentro do panteão hindu. Ao ligá-la a Shiva ela é colocada como esposa, mas inferior, essas personificações existem apenas para facilitar nossa compreensão, Deus Supremo, significa Parabrahman, que também em uma das culturas mais antigas do mundo, a indiana, quer dizer sem forma, sendo assim, o princípio e o fim são um, assim como crianças precisamos de desenhos para compreender, exemplos para nos inspirar e palavras para consolar, apenas a elevação consciente e espiritual pode libertar. Aprender e escapar da roda do samsara não parece possível apenas por desenhos e palavras.
Parabrahman, sendo sem forma, manifesta-se como destruidor e restaurador, elimina o mal e restaura o bem, a onipotência, Deus pai, Shiva, manifesta-se como preservação, ensina, transmite a oniprovidência, Deus o filho, Vishnu e seus avatares. A onisciência vem pela criação, o sopro, prana, a vida, Brahma, aspecto feminino, mãe, Elohim, Espírito Santo. Aspectos da Unidade suprema. Mãe Divina.
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Jesus, Buda, Vishnu e tantas outras divindades não deixaram em nenhum lugar físico a fundação de uma Eclésia, deixaram ensinamentos a respeito de como conseguir salvação espiritual, transmutar o mal, conquistar com sua fé, não depender do que eles foram capazes de fazer, e sim do que você é capaz. Então quer dizer que seguir com fé própria pode salvar, todos podem virar deuses, criar universos, mundos, pessoas, sóis? Por que perguntar isso? Eles curaram, mas disseram que sua fé cura, a sua. Isso significa que todas as pessoas possuem poder de curar, abençoar, fazer o bem, e o mal também, um não existe sem o outro, um só é possível com o outro, desapegar-se só é possível a quem tem apego, crescer só é permitido àquele que ainda não cresceu. Curar é possível, voar é? Claro, se pode andar sobre as águas, pode-se voar, bilocar-se, conhecer outros mundos, outros multiversos, outras verdades.
Mas será que tudo isso é verdade? Deuses, avatares, milagres, santos, espiritualidade, fé? Diga-me o que acha, quero aprender!(Foto: Gemini)

JOSÉ FELICIO RIBEIRO DE CEZARE
Mestre e doutorando em Ensino e História de Ciências da Terra pelo Instituto de Geociências da Unicamp. Membro da Academia Jundiaiense de Letras. Pesquisador, historiador, professor, filósofo e poeta. Coeditor da Revista literária JLetras. Para saber mais, clique aqui. Redes sociais: @josefelicioribeirodecezare.
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