Participei recentemente de um seminário promovido pelo Fórum da Educação Profissional do Estado de São Paulo sobre a expansão e as perspectivas da educação profissional no Brasil. O tema tem sido notícia frequente, pois nos últimos anos houve um aumento significativo no número de matrículas nos cursos técnicos de nível médio. Não é só no Brasil, este é um fenômeno mundial.
Há muitas justificativas para isso. Parece que os nossos órgãos públicos se deram conta que a matrícula na educação profissional nos anos finais da Educação Básica é recorrente nos países da OCDE. Na União Europeia mais da metade dos alunos do equivalente ao nosso Ensino Médio estão em cursos técnicos. Finalmente temos vontade política e, como foi tratado no referido seminário, financiamento para a expansão da oferta destes cursos tanto na esfera pública como na particular.
Muitos, porém, são os problemas a serem enfrentados para preservar que este avanço de 8% da matrícula em 2014 saltasse para 14% em 2024. Quase um milhão de alunos a mais. Das estruturas necessárias à formação de professores ainda o maior obstáculo espantosamente é de ordem cultural. Ainda acreditamos que a formação profissional é para os desvalidos da sorte. Parece que as famílias brasileiras querem preparar seus filhos exclusivamente para o ensino superior. Nosso ensino médio é apenas um preparatório para os vestibulares. Nossas escolas se vangloriam dos resultados de seus alunos no ENEM e no acesso às universidades como se a vida terminasse ali. E tome decorar informações de utilidade duvidosa para passar nas provas.
O que o Brasil está descobrindo e o mundo já o fez é que a formação em cursos técnicos de nível médio é extremamente mais útil no curto, no médio prazo e ao longo da vida. Alunos egressos destes cursos também são aprovados nos vestibulares e costumam ter ótimo desempenho na vida universitária. Mas o mais relevante está na possibilidade de também conviver com o mundo do trabalho uma vez que eles sabem fazer coisas em contraposição àqueles que só sabem coisas.
Dentre os aspectos altamente positivos que diferenciam os alunos dos cursos técnicos está o desenvolvimento nesses cursos de competências socioemocionais que são altamente valorizadas tanto na vida acadêmica como na profissional. Isto acontece principalmente pelo uso de metodologias ativas e diferenciadas em seu processo formativo, uma das exigências na formação profissional para a articulação entre a teoria e a prática.
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Ainda em tramitação o novo PNE(Plano Nacional de Educação) estabelece metas ousadas em relação à educação profissional, com expectativa de triplicar o número de matrículas, o que nos colocaria nos patamares mundiais. Se as atuais tendências se confirmarem é bem possível que tenhamos um crescimento bastante razoável. O aspecto relevante é o esforço generalizado para que isto aconteça o que é bom para a formação de nossos jovens e para a economia diante da ampliação dos níveis de empregabilidade. Tudo isto, evidentemente, se superarmos os preconceitos que sempre acompanharam injustificavelmente, a educação profissional.(Foto: IFG/MEC)

FERNANDO LEME DO PRADO
É educador
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