Não sou adivinho, não tenho bola de cristal, mas disse aqui algumas vezes que a Reforma Previdenciária era fraca, não tinha base política sólida e que dificilmente seria aprovada. Mas – e sempre existe um mas – o homem que se intitula presidente da República, Michel Temer, insistiu em divulgar aos quatro cantos do País – ou a todas das pontas dele, que esta reforma era fundamental para seu governo.
Alertei aqui que, num ano eleitoral e com Copa do Mundo, dificilmente o Congresso viabilizaria a aprovação de um projeto que, quer queira quer não, era absolutamente antipopular. Como aquele anunciado aqui em Jundiaí de aumento de 25% do IPTU e que o prefeito Luiz Fernando Machado garantia que entre o suicídio político e aniquilar as finanças da Prefeitura, ele preferia o suicídio. Optou por “aniquilar as finanças” já que ele mesmo colocou apenas estas duas possibilidades, já que desistiu do aumento o IPTU. Mas tão impopular como este, ele acabou aumentando a tarifa de ônibus, provocando um descontentamento nos 120 mil usuários do transporte coletivo da cidade. E isto ajuda a fazer renascer o suicídio. Desta feita, sem efeito dominó.
MAIS ARTIGOS DE NELSON MANZATTO
A CAMPANHA ELEITORAL PARA A PRESIDÊNCIA
24 DE JANEIRO: PRIMEIRO TURNO DAS ELEIÇÕES
O ADMINISTRADOR, A POLÍTICA E AS REDES SOCIAIS
E entre o antipopular e a glória, Michel Temer pensou em optar pela segunda opção. E ela estava calcada em um ponto apenas: intervenção no Rio de Janeiro! Imaginou, assim, salvar seu governo da improvável aprovação da Reforma na Previdência. Foi exatamente numa reforma previdenciária que Fernando Henrique Cardoso queimou seu governo e nunca mais seu partido conseguiu eleger um presidente. Claro que os candidatos que seu partido colocou na luta pelo cargo eram por demais fracos – José Serra, Geraldo Alckmin e o quase preso Aécio Neves – mas vale lembrar apenas a criação do fator previdenciário, aquele que o PT garantiu ser totalmente contrário, mas que serviu para que os presidentes da República eleitos por este partido se posicionaram como fator “imexível” como diria o então ministro de Collor de Mello, Antonio Rogério Magri.
Enfim, conversa vai, conversa vem, o governo optou pela intervenção e se salvou de uma derrota no Congresso com sua falida proposta da reforma da Previdência. Carnaval já passou, o ano “começou”, já estamos chegando no mês de março, logo Tite convoca os jogadores para a Copa e a política só volta ao cenário principal após a final desta competição. Bem, a partir daí o país para e começa a discutir quem vai ocupar o lugar de Temer. Alguém aposta em algum nome?
NELSON MANZATTO
Jornalista profissional diplomado, tendo trabalhado no Jornal da Cidade de Jundiaí, Diário do Povo de Campinas, Jornal de Domingo de Campinas, Diário Popular de São Paulo e Jornal de Jundiaí. Foi editor-chefe dos jornais Diário do Povo, Jornal de Domingo e Jornal de Jundiaí e sempre trabalhou nas editorias de Política e Economia. Também trabalhou em Assessoria de Imprensa. É membro da Academia Jundiaiense de Letras e tem quatro livros publicados: Surfistas Ferroviários ou a História de Luzinete (Vencedor de Concurso Literário), Contos e Crônicas de Natal (com cinco textos premiados), Momentos e No meu tempo de Criança. Mantém um blog literário: blogdonelsonmanzatto.blogspot.com