Pedro Leandro Aparecido Tobias, de 33 anos, tinha tudo para voltar para a cadeia no último dia 30. Tudo poderia ter dado errado para ele já que furtou uma lata de Mucilon, um cereal infantil que custa R$ 12 e dois pacotes de feijão, a R$ 4,40 cada. Pedro nem chegou a sair do Extra Hipermercado. Foi detido por seguranças. A GM foi chamada e levou o homem para o Plantão Policial.
Na delegacia, Pedro contou as dificuldades pelas quais vinha tendo para manter a mulher, Cássia Garcia Ribeiro, 27 anos, e a filhinha do casal, Maria Heloísa, de apenas um ano. Os GMs foram até a residência do ex-dentento, na vila Maringá, e lá viram que ele falava a verdade. A família não tinha o que comer e, desesperado, Pedro tomou a decisão errada mas que acabou atraindo ajuda de pessoas que ele e a mulher nem poderiam imaginar: guardas municipais. Cássia concedeu entrevista ao Jundiaí Agora:
Há quanto tempo você conhece seu marido?
Nós não somos casados. A gente se conhece há uns dois anos. Depois que ele saiu da cadeia resolvemos ficar juntos. Isto já tem uns oito meses.
Ele está desempregado?
Infelizmente sim. Existe muita discriminação por ele ser um ex-preso. Ele vive falando que quer mudar de vida, arrumar um emprego. Quando ele deixou a cadeia teve de recomeçar a vida. Saiu sem documentos, inclusive. O Pedro trabalha com solda. Nunca imaginei que ele pudesse furtar um supermercado.
Quando as dificuldades começaram de fato?
Eu trabalhava em casa de família. Também trabalhei no shopping. Eu ajudava em casa com meu salário. Depois fui demitida.
Como a família vem se mantendo então?
Minha mãe ajuda. A irmã dele também. Quando podem, é claro. O Pedro vinha fazendo bicos aqui e ali. Além dos alimentos temos outro problema. O aluguel aqui de casa é muito caro. A gente paga R$ 850 por mês.
LEIA A REPORTAGEM COMPLETA SOBRE A PRISÃO DE PEDRO NO DIA 30 DE JANEIRO CLICANDO AQUI
E o que o levou a entrar no mercado e praticar um furto?
Foi o desespero. Já estava com dois, três dias que nós não tínhamos nada para comer. Não tinha arroz nem feijão. E eu ficava falando o tempo todo na cabeça dele. Até que o Pedro ficou nervoso e disse que era o homem da casa, colocou uma mochila nas costas e saiu. Eu pensei que ele iria pedir dinheiro ou tentar um outro bico. Ele não me disse nada. Se tivesse falado que iria furtar, eu não o teria deixado sair. Pedro estava completamente desesperado.
Como a senhora ficou sabendo que ele tinha sido preso?
Ligaram da delegacia. Eu não poderia imaginar que os GMs ficariam emocionados com a nossa situação. Naquele dia recebemos uma doação. Depois, no dia seguinte, um outro senhor, acho que era guarda também, parou o carro aqui na frente e abriu o porta-malas. Ele disse que tudo o que tinha ali era para nós. A ajuda destas pessoas foi espetacular!
Como está a situação de vocês hoje?
Por enquanto estamos bem. Não está faltando nada. O Pedro continua levantando cedo para procurar trabalho. Até agora não conseguiu.
Se alguém quiser empregá-lo ou mesmo fazer outras doações vocês aceitam?
Sim! Se alguém tiver qualquer trabalho para o Pedro pode ligar para (11) 9 5040 2364. E nós aceitamos doações sim. Se forem feitas de coração, aceitamos sim…
E o futuro?
Não sabemos o que vai ser daqui para frente se o Pedro não conseguir um serviço.