Minha considerável vivência na área educacional me permite a ousadia de afirmar que quem não sabe, no mais das vezes, provoca menos estragos do que quem acha que sabe. Esta observação cabe aqui, pois constato, com crescente preocupação, que inúmeras pessoas se manifestam sobre a educação híbrida abordando apenas alguns de seus aspectos, ou recortes da proposta, como se isto pudesse representar o complexo e difícil caminho para incorporar este modelo aos processos educativos regulares. Sei que abordo este tema de forma recorrente, mas a perspectiva de volta às aulas presenciais para este ano e os desencontros sobre como isto irá ocorrer me incentivam a continuar com minhas manifestações e alertas.
O primeiro grande equívoco está em acreditar que basta atender os aspectos tecnológicos para assegurar o hibridismo. Inquestionavelmente este é um dos pontos fundamentais, pois sem acesso à internet, por exemplo, não é possível trabalhar a distância, assim investir em equipamento e garantir a todos acessibilidade e utilização é indispensável. Entretanto só isso não assegura resultados positivos nas atividades educacionais. É preciso ter clareza de que tecnologia não é pedagogia. Para desenvolver educação híbrida há que se ter projeto. Considerar todas as variáveis que assegurem a consecução dos objetivos de aprendizagem. Começando pela preparo e suporte dos professores.
Durante o ano de 2020, no início da pandemia os professores foram compelidos, geralmente às suas expensas, a trabalhar remotamente e dar continuidade ao ano letivo. Poucas foram as instituições de ensino que prepararam e deram suporte aos seus docentes que passaram a receber seus alunos dentro de suas casas, aprendendo a toque de caixa como trabalhar a distância. Há que se enaltecer, mais uma vez essa categoria que não tem o devido prestígio, e que se comportou de maneira maravilhosa reduzindo consideravelmente o desastre que se anunciava. Foi graças ao esforço de diretores, coordenadores e, sobretudo, professores que chegamos até aqui. Apesar de todo este esforço, entretanto, as pesquisas sobre o grau de satisfação dos usuários, estudantes e suas famílias, apontam um descontentamento da ordem de quase 70%. Se o ano não foi perdido há muito que fazer para retomar o caminho, Assim não podemos pensar em retorno despreparados e, mais uma vez, passar a bola para os professores se virarem.
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Educação híbrida é uma excelente solução, especialistas apontam que esta modalidade continuará mesmo depois da pandemia, mas não pode ser desenvolvida amadoristicamente, na base do “achismo”. Tem que ter projeto. Indicado assim, em letras maiúsculas, para que fique bem claro que não se trata de uma mera transposição do presencial para o híbrido, com os professores repassando conteúdos, presencialmente e a distância. Além de preparar os professores didática, pedagógica e tecnologicamente, é preciso planejar como trabalhar com parte dos alunos presencialmente e parte dos alunos remotamente assistindo e participando das mesma aulas em sistema de rodízio. Utilizar metodologias e materiais didáticos tendo os estudantes como protagonistas para assegurar os objetivos de aprendizagem, criar mecanismos de avaliação seguros e coerentes com as propostas pedagógicas, incentivar a construção do conhecimento e o desenvolvimento das habilidades sócio-emocionais, são alguns dos desafios que termos que enfrentar e que deverão constar desse projeto.
Há, ainda, uma série de situações que deverão ser enfrentadas mesmo que a presencialidade seja de apenas um terço dos alunos. Mas isto é tema para outro artigo.(Foto: Marcos Santos/USP Imagens)
FERNANDO LEME DO PRADO
É educador
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