Em 1956, nos preparativos para a IV Bienal Internacional de Artes Plásticas de São Paulo, que aconteceria no ano seguinte, o presidente do Museu de Arte Moderna, o empresário Francisco Matarazzo Sobrinho (Cicilo), solicitou ao então prefeito paulistano, senador Juvenal Lino de Matos, que a Prefeitura cedesse para a Fundação Bienal o pavilhão “Armando de Arruda Pereira”, do Parque Ibirapuera, onde já se realizara a 3.a Bienal Interbacional de Artes Plásticas.
O prefeito tratou do assunto com o secretário de Educação e Cultura, poeta João Acióli, e este encarregou o chefe de seu gabinete, poeta Rossine Camargo Guarnieri, e o jornalista Jayme Martins, assessor de imprensa do prefeito, de fazerem contatos com as entidades culturais paulistas, a fim de apurar a aceitação de tal providência pelas mesmas…
Como Rossine e Jayme eram filiados à Associação Brasileira de Escritores (ABDE), consultaram inicialmente alguns dirigentes e associados dessa entidade – Galeão Coutinho, Jamil Almansur Hadad, Mário Donato, Antonieta Dias de Moraes… – e da União Paulista de Escritores (UPI) – Paulo Duarte, Domingos Carvalho da Silva, Antonio Delia, Péricles Eugênio da Silva Ramos, Mário Chamie….. –, bem como da Academia Paulista de Letras (APL) — Guilherme de Almeida, Miguel Reale, Menoti Del Picchia, Mário da Silva Brito, Geraldo Pinto Rodrigues, Sérgio Milliet, Bráulio Pedroso, Afonso Schmidt….. — os editores Caio Prado Jr. e Artur Neves (Brasiliense), os escritores Lygia Fagundes Teles, Hernani Donato, Geraldo Vieira, Maria de Lourdes Teixeira, Walter e Aloysio Sampaio, Ibiapaba Martins…; os pintores Di Cavalcante, Flávio de Carvalho, Renina Katz, Aldemir Martins, Mário Gruber, Luiz Ventura, Clovis Graciano, Otávio Araújo; os cineastas Nelson Pereira dos Santos, José Ortiz Monteiro; os atores Modesto e Jackson de Souza, Maria de La Costa; os arquitetos Vilanova Artigas e José Zanine, os jornalistas Fernando Pedreira (Revista Fundamentos), Alfredo Guilherme Galliano (Revista Paratodos), Cláudio Abramo (Estadão), Helena Silveira (Folhas)…..
Nesses contatos concluiu-se pela convocação de uma reunião geral de diretores e associados das entidades culturais no auditório da Biblioteca Municipal, a qual se realizou com o salão lotado e inúmeras intervenções, todas elas autorizando o prefeito Lino de Matos a ceder aquele edifício para a Fundação Bienal.
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Enquanto isso, nos bastidores do auditório, dirigentes da ABDE e da UPI tratavam de pôr fim à divisão ocorrida, anos antes, na primeira dessas entidades, por divergências ideológicas decorrentes de posições ultra-“esquerdista”, suscitadas pelo Manifesto de Agosto de 1958 do Partido Comunista do Brasil.
Coube ao escritor Paulo Duarte comunicar ao auditório que se havia concluído pela fusão das duas entidades (ABDE+UPI), resultando na criação da atual UBE-União Brasileira de Escritores. Sua primeira diretoria teve como presidente o poeta João Acioli, como vice o escritor Paulo Duarte e como secretário-geral Antonio Delia.
JAYME MARTINS
Jornalista, ex-chefe de reportagem do jornal Última Hora de SP, ex-correspondente na China de O Globo, Estadão, JT, Rádio Eldorado, Rádio Guayaba e SBT, Grande Prêmio de Jornalismo Líbero Badaró, da ABI e Revista Imprensa, pela cobertura dos acontecimentos da Praça da Paz Celestial em 1979, Diretor de Overchina Consultoria e Edições, jayme.overchina@gmail.com