Há dois anos discutíamos sobre o retorno às aulas presenciais como condição indispensável à consecução dos objetivos pedagógicos dos sistemas escolares. Naquela época indicávamos todos os descompassos, sobretudo nos processos de aprendizagem que o uso prolongado das atividades remotas, que muitos denominam, de forma absolutamente equivocada, de “ensino híbrido”, poderiam provocar. Entretanto, apesar de todos os argumentos contrários deixamos as escolas fechadas por um período muito maior do que praticamente todo o resto dos países igualmente afetados pela pandemia.
Ainda agora, mesmo diante da constatação e comprovação dos inúmeros prejuízos educacionais decorrentes do afastamento dos estudantes das indispensáveis relações interpessoais determinadas pela não presencialidade, há quem proponha novamente o adiamento das atividades escolares regulares. Não estamos aqui negando o imperativo dos cuidados sanitários, que deverão ser rigorosamente cumpridos, mas diante do crescente quadro vacinal, vivemos um período muito distante das dúvidas e receios do início da propagação do vírus.
Assim, parece razoável retomar as aulas presenciais em busca da recuperação de todos os objetivos de aprendizagem que não tenham sido atingidos de forma apropriada. Neste ponto vale ressaltar que alguns especialistas estimam em anos o tempo necessário para uma reposição plena, sobretudo em nosso país que apresenta deficiências de construção do conhecimento mesmo em condições normais.
Há, entretanto, alguns elementos encorajadores, sobretudo advindos de instituições de ensino que se dispuseram a romper com os paradigmas excessivamente conteudistas destinados a estudantes passivos estimulados a extensa retenção de memória de matérias de utilidade duvidosa. Essas escolas privilegiam a interatividade, o protagonismo do aluno e o foco na aprendizagem usando novas metodologias e novas tecnologias. Estão preocupadas com a formação, que será útil para sempre, em contraposição à informação de caráter quase sempre temporário. Cabe aos estudantes e às suas famílias identificá-las e nelas participarem ativamente, da construção dos currículos à definição das propostas pedagógicas.
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Escolas instrucionistas preocupadas exclusivamente com o ensino e descuidadas com a aprendizagem tenderão, lenta e progressivamente, ao desaparecimento, pois o que fazem será substituído por outras formas mais eficientes de ensinar, como a internet, por exemplo. O professor repetidor de conteúdos se tornará obsoleto e os estudantes perderão um elemento fundamental no processo educativo. A verdadeira função do docente é se transformar em facilitador da aprendizagem, um mediador na construção dos conhecimentos. Entretanto a escola tradicional se restringe ao uso de materiais comuns, produzidos em larga escala cuja utilização prescinde do professor.
Valorizemos as escolas que rompem com este processo repetitivo e incompatível com a realidade mutante na qual vivemos. Mais estudos e menos aulas. Professores valorizados usando metodologias ativas e alunos participantes, protagonistas e autônomos. Esta é a educação para o futuro.
FERNANDO LEME DO PRADO
É educador
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