Se o carnaval, da forma como tem sido visto nos dias de hoje, mudou em relação a seu passado recente, não sei precisar, mas a sensação de que são outros carnavais está presente e visível. Não tenho estas tendências saudosistas que, quase inevitavelmente, fazem parte da vida das pessoas que já dobraram o cabo da Boa Esperança como costumam ser chamados os que passaram de certa idade. Idade esta que, progressivamente, vem aumentando, pois a classificação como idoso passa continuamente por revisões uma vez que os “velhos” se recusam a se comportarem como tal e continuam a praticar suas atividades regulares sem se importarem com os estereótipos que caracterizam as faixas etárias.
Se por um lado a legislação cria uma série de mecanismos para proteção dos idosos, por outro lado cria uma série de dificuldades como a necessidade de renovação da carteira de habilitação a cada três anos, sem falar nas “provas de vida”, cadastramentos e recadastramentos. Entretanto, a despeito das restrições, é possível vê-los trabalhando e se exercitando em praticamente todos os cenários sociais. Se engana quem acredita que podem não ser produtivos ou capazes de grandes empreitadas ou eventos. A pressa dá lugar à sabedoria e o ímpeto à experiência.
A pandemia provocou impactos de toda ordem e o carnaval não saiu ileso. Os blocos de rua que saiam em datas variadas, incluindo os períodos pré-carnavalescos, estão suspensos e os festejos antecipatórios que eram protagonizados por inúmeros blocos, também aqui em Jundiaí, estão temporariamente adiados. Esses blocos, muitas vezes organizados por pessoas como as descritas no início deste artigo, fazem parte da nossa cultura e por muitos anos determinavam a abertura das atividades “momescas” pelas mãos de foliões de todas as idades, uma vez que uma das marcas dessas festas era que, democraticamente, todos podiam participar destes carnavais.
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Devo confessar que não sou muito afeito aos festejos, mas respeito quem se dispõe a desfilar ou participar de bailes com muita alegria. Nunca me interessei até mesmo por assistir o desfile das escolas de samba embora reconheça a beleza e a importância cultural do evento. Todavia observo que cada vez estamos mais interessados em aproveitar feriados do que os encontros carnavalescos. Talvez eles não sejam realmente mais os mesmos, ou são outros tempos e outras formas de ver. Ou, ainda, sejam, de fato, outros carnavais.(Foto: Assessoria Tarantina/TVTEC)
FERNANDO LEME DO PRADO
É educador
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