A arquiteta e urbanista Sarah Maria Miranda Lima, de 24 anos, apresentou dissertação de mestrado na PUC-Campinas sobre políticas públicas voltadas para as crianças de Jundiaí nas áreas em que trabalha. Sarah mora na cidade há 15 anos. Apesar de serem necessários vários avanços, para ela Jundiaí merece o título de ‘Cidade da Criança’. Leia a entrevista:
Por que decidiu focar seu estudo em Jundiaí, em especial nas políticas públicas para o público infantil?
Em 2019 e 2020, durante a faculdade, fiz estágio por um ano e meio no Departamento de Projetos Urbanos da UGPUMA (Unidade de Gestão de Planejamento Urbano e Meio Ambiente), nesse período o projeto do Parque Mundo das Crianças estava sendo finalizado e as obras estavam começando. Além disso a política para a primeira infância estava começando a ganhar mais força na cidade, principalmente na área de projetos urbanos. Tive a oportunidade de participar de algumas formações e desenvolvimentos de projetos do programa Entre a Casa e a Escola, e da requalificação de algumas praças. Tudo isso fez despertar um olhar atento ao tema e uma vontade de contribuir mais, mesmo não sendo mais funcionária da prefeitura. Quando surgiu a oportunidade de ingressar no mestrado esse foi o primeiro assunto que me veio a mente e só ganhou mais força quando descobri que políticas públicas para a infância era um tema pouco explorado no âmbito acadêmico da Arquitetura e Urbanismo.
Aliás, este estudo é uma dissertação de mestrado?
Sim, é uma dissertação de Mestrado. Fiz a pesquisa no Programa de Pós Graduação de Arquitetura e Urbanismo da Puc-Campinas, mesma instituição que fiz a minha graduação. Ingressei no programa em fevereiro de 2021, logo após a minha graduação e fiz a defesa da dissertação no dia 17 de fevereiro deste ano. Fiz uma arguição de aproximadamente 35 minutos e o trabalho foi aprovado para publicação. Recebi o título de Mestre em Arquitetura e Urbanismo.
A pesquisa tem mais a ver com arquitetura e urbanismo. Como estas áreas estão sendo trabalhadas hoje para as crianças de Jundiaí?
O trabalho é totalmente inserido na área da arquitetura e do urbanismo, justamente pela minha formação. Muitas pessoas não têm conhecimento disso, mas quem desenha e projeta a cidade são arquitetos, então tudo o que nós vemos de modificação física na cidade, e até mesmo a elaboração de planos, projetos e programas tem a ver com arquitetura e urbanismo. Por exemplo, a iniciativa das reformas das praças, o Parque Mundo das Crianças, a Fábrica das Infâncias e as intervenções que proporcionam mais segurança para o pedestre, são trabalhos voltados para as crianças de Jundiaí, que englobam a área da Arquitetura e Urbanismo. Com a entrada da cidade no programa Urban95 essas iniciativas têm se tornado cada vez mais recorrentes na cidade.
E como deveriam estar relacionadas num futuro breve segundo o seu trabalho? O que poderia ser melhorado?
Na conclusão do meu trabalho, elenco alguns pontos como sugestão de melhorias para a cidade e para o futuro. São eles: aumento e melhoria dos dados coletados para que seja possível compreender melhor a realidade das crianças em Jundiaí; formalização da importância de investimento em segurança viária; implantação de mais “áreas da infância” ao longo do território urbano; garantia de acesso para todas as crianças aos equipamentos (mais linhas de ônibus, requalificação das calçadas para que seja possível o acesso a pé com segurança; determinação de quantidade de projetos a serem implantados por ano, dentro da política da infância na cidade; garantia da preservação dos patrimônios históricos da cidade e requalificá-los para utilização das crianças (Como a Fábrica das Infâncias Japy); previsão de iniciativas que conscientizem a população da importância das intervenções, principalmente para a implantação das “Áreas da Infância”; utilização de urbanismo tático para garantir a segurança viária em todos os projetos que possuem a circulação de crianças até que as requalificações definitivas sejam feitas.
As crianças são objeto de grande interesse da administração pública. Os pais e cuidadores contam com o mesmo interesse? Ou eles não fazem parte desta equação?
Segundo o programa Urban95 (do qual Jundiaí faz parte), é muito importante a atenção para com os cuidadores. Desta forma, quando há algum tipo de projeto para as crianças, automaticamente deve-se pensar nos cuidadores. Iniciativas que proporcionem a segurança no deslocamento, são uma das mais importantes, na minha opinião. Vejo que nessa questão da mobilidade Jundiaí ainda precisa melhorar bastante já que é uma cidade com muitos acidentes, que privilegia o carro e não possui calçadas seguras.Iniciativas como a “Área da Infância” apontam uma direção interessante para a construção de novas iniciativas na cidade.
Jundiaí merece o título de Cidade das Crianças sob o olhar da arquitetura e urbanismo?
Acredito que sim. Jundiaí tem muito a construir e melhorar ainda. Mas penso que a cidade tem caminhado no rumo certo, pensando no bem-estar das crianças.
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