Doze cidades? Vejamos… seis cidades em sua região metropolitana (do então antigo Aglomerado Urbano). E seis cidades-irmãs em outros países. Este texto vem perguntar: quantos jundiaienses saberiam falar algo sobre estas doze cidades?
Neste mês de setembro nossa população soube, através dos canais oficiais da prefeitura e da imprensa, que Jundiaí poderá ganhar a sétima cidade-irmã – estrangeira – porque ainda, em pesquisa no site da Solutudo, tem também duas brasileiras; Santo André e Poços de Caldas. A sétima cidade é a italiana Prata di Pordenone, na região do Friuli-Venezia Giulia. Região próxima da outra cidade italiana irmã de Jundiaí, Padova (Pádua em português).
O conceito de cidades-irmãs descrevi num outro artigo aqui no Jundiaí Agora, em 2018, onde falei sobre Trenton, que foi a primeira cidade-irmã desta terra da uva, documento oficializado em 1964. Naquele artigo lancei as perguntas: quais intercâmbios culturais, cooperativos, econômicos houve entre as duas cidades? Quanto por cento de nossa população sabe o que são cidades-irmãs, quais são e o que esses laços culturais agregaram aos nossos cidadãos? São dúvidas que permanecem depois de todo o cerimonial realizado quando um novo laço é criado. Cria-se uma expectativa, afinal, é um propósito nobre. Por serem cidades tão distantes, sempre nutri essa expectativa, de presenciar uma exposição de fotografias por exemplo, ou algum campeonato de atividades esportivas ou literárias entre as cidades-irmãs. A colônia italiana em Jundiaí é forte, mas ainda não vi nada produzido no laço construído com Pádua desde 1994. Por isso não estou mais criando expectativas.
Vamos focar em nossas vizinhas agora. Primeira pergunta, quantos saberiam citar os nomes das seis que englobam a nova região metropolitana? Acertando o nome das seis, quais características possuem? Não, não se trata de um mero desafio de “quem sabe mais”. É o conhecimento do conteúdo das cidades que possibilita o trabalho e o crescimento conjunto, o intercâmbio. Essa integração possibilitou o turismo regional denominado Circuito das Frutas, que poderia ser expandido, por exemplo, se o investimento na recuperação da malha ferroviária regional tivesse sido levado em conta pelos governos federal, estadual e os prefeitos da região. Louveira investiu na recuperação de sua estação. Mas o trem turístico de passageiros não chega lá. Esforços unilaterais limitam os benefícios tanto aos municípios como aos cidadãos, dificultando a mobilidade, fundamental quando o assunto é turismo de lazer ou de negócios. Itupeva, por exemplo, teve um desenvolvimento extraordinário em várias áreas, igualmente Cabreúva. As placas indicativas de pontos turísticos, aquelas marrons, se espalharam por aquela região. Mas a mobilidade se tornou problemática. Inexistem vias alternativas, sobrecarregando uma rodovia, aquela que dispensa apresentação. Do outro lado, Várzea e Campo Limpo. Fora do acesso dentro da área urbanizada, temos a “Marginal do Rio Jundiaí”, que não é definida como rodovia ou avenida, é “Marginal”. Depois de anos de jogo de empurra entre estado e municípios, foi recapeada. Mas onde está o projeto de parque linear ao longo dela, que anos atrás foi anunciado? Várzea Paulista ascendeu como “Cidade das Orquídeas”. Jarinu, que também se acessa pela polêmica Marginal, é parceira de Atibaia como estância climática e das frutas, tanto que realiza a Festa do Morango em dupla com Atibaia, mostrando que a região bragantina está bem próxima a nós e tais esforços conjuntos até entre diferentes regiões são possíveis. Afinal, a extinta ferrovia Bragantina começava aqui, em Campo Limpo, assim como a Itatibense em Louveira, outra cidade da atual RMJ.
Chegando a Louveira, a união cultural no segmento literário mostrou ser possível quando o esforço parte também da população, com o mínimo de apoio dos órgãos públicos. Escritores jundiaienses e louveirenses se uniram através da Academia Louveirense de Letras e Artes e o Grêmio Cultural Professor Pedro Fávaro. Aqui existe um intercâmbio cultural regional. Exatamente como gostaríamos de ver entre as cidades-irmãs tão distantes. Escritores unidos diminuem as distâncias geográficas, históricas, culturais. Jundiaí tem vários escritores. Poucos são conhecidos da população. E menos ainda são conhecidos os da região, das seis cidades circunvizinhas. Jundiaí teve recentemente a Festa Literária. Campo Limpo teve a dela. E quando haverá a Festa Literária Regional? Fica a pergunta.
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Se regionalmente faltam projetos integrados, tendo os gestores a faca e o queijo nas mãos, o que esperarmos de intercâmbios culturais entre cidades de diferentes países? Ou mesmo entre Jundiaí, Santo André e Poços de Caldas, que “ninguém” sabe que são também cidades-irmãs?O caminho talvez seja mesmo o da iniciativa popular, como fizeram os escritores de Jundiaí e Louveira. Arregaçar as mangas e mãos a obra. Seja bem-vinda Prata di Pordenone, a sétima irmã estrangeira, que vem se juntar às outras seis (ou oito) brasileiras. Quiçá esta comunidade desperta os ânimos nas demais comunidades. E estimula os edis e prefeitos a buscarem ideias, projetos bilaterais, seja na área cultural, seja até mesmo para obras em infraestrutura,que tem tudo a ver com a troca de conhecimentos na área tecnológica.(Ilustração: Freepik)
GEORGE ANDRÉ SAVY
Técnico em Administração e Meio Ambiente, escritor, articulista e palestrante. Desenvolve atividades literárias e exposições sobre transporte coletivo, área que pesquisa desde o final da década de 70.
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