Enfrentar o mundo é para os de coragem, ou seja, de força no coração.
Esta é uma narrativa pelo sangue e o ninho. A mais antiga possui as marcas das tribos indígenas exploradas desde 1500. Da enxada que substituiu o brinquedo e o lápis na escola. Da troca do traçado das letras pelos canteiros regados com água do rio nas latas que pesavam além dos ombros infantis. A boneca feita com palha de milho, um pouco antes de dormir para reiniciar a labuta ao amanhecer, lhe oferecia alguns tons da infância roubada. A fuga, nos braços do homem branco que lhe pediu o corpo recém desperto para a juventude, fez parte da ilusão de que, além dos limites da seca de sua terra, haveria aquela da qual brotava leite e mel, como a anunciada na Bíblia.
Bem perto daqui, experimentou o desapontamento pela mentira do indivíduo que deixou nela um filho e se distanciou.
Retornou à ferramenta, que aprendera a manejar por determinação do pai e a concordância da mãe, nas proximidades. A experiência posterior de relacionamento, ainda com sonhos de menina, também fracassou pelo envolvimento dele com o álcool. Criou sozinha os filhos, ora na lavoura, ora como doméstica…
Poderia ter se perdido, contudo, manteve a força de seu coração nos braços que abriam sulcos para as sementes.
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Dentre os desencontros do mundo do lado de cá, para o qual embarcou na utopia, fez-se de encontro para a história dos filhos e netos. Ao lhes faltar comida, os ensinava a dobrar os joelhos. Inúmeras vezes, no entanto, aquilo que conseguia não seria suficiente para ela. Renunciava por eles e se sustentava na fé.
Hoje, em realidade menos sofrida, adoeceu. Veio a filha e vieram os netos. Aconchegaram-se ao seu redor para lhe oferecer o calor que lhes proporcionou. Uma das netas, com ela ainda no hospital, publicou, no Facebook, uma foto de mãos dadas em direção ao alto, com o título “Minha Rainha”. Na mão com manchas da idade, a pulseira do hospital e, na da jovenzinha, a pulseira com medalha de São Bento: “A Cruz Sagrada seja a minha Luz. Não seja o dragão o meu guia…” Emocionei-me! Acompanhei bem de perto parte dessa história. Disse-lhe de meu sentimento e a menina escreveu: “Desde pequena, ela segurou em minha mão e enfrentou o mundo com a outra…”(Ilustração: wsimag.com)
MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE
Com formação em Letras, professora, escreve crônicas, há 40 anos, em diversos meios de comunicação de Jundiaí e, também, em Portugal. Atua junto a populações em situação de risco.
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