Escola tradicional é aquela com horários e locais definidos nos quais os alunos se sentam enfileirados para ouvir um professor repetindo conteúdos. Cumpre rigorosamente uma carga horária e um número de dias letivos pré-determinados distribuídos por um conjunto de disciplinas com um considerável volume de conteúdos. É assim agora como era há mais de um século, mesmo com a quantidade considerável de parafernália eletrônica introduzida na sala de aula sem, no entanto, mudar o modelo conteudista. Com este passado como será no futuro?
Os impactos das tecnologias nos paradigmas educacionais são absolutamente inevitáveis e provocarão mudanças profundas nos processos de ensino e, sobretudo, na forma como as aprendizagens se desenvolverão. Ouvimos, infelizmente com certa freqüência, que a escola de “antigamente” era melhor do que a escola atual, o que é absolutamente falso, mas serve de argumento para o conservadorismo. Assim, insistimos em copiar estes modelos ultrapassados com a justificativa de que formaram boas gerações. Na realidade estas gerações superaram a escola que tiveram que não era, nem de longe, universalizada e acessível a todos. Para as novas gerações estas justificativas serão fulminadas pelo advento das inteligências artificiais.
O surgimento, com freqüência cada vez maior, de aplicativos, algoritmos, programas e metodologias nos remetem sempre a um questionamento sobre as relações entre o ensino e a aprendizagem. A evolução das inteligências artificiais reforça o princípio de que se pode aprender por diferentes multimeios totalmente desvinculados da estrutura escolarizada tradicional. Assim o que vamos fazer com os calendários, os dias e horas letivos, os programas e seus conteúdos e as salas de aula se podemos aprender em qualquer lugar o tempo todo?
A escola, sem dúvidas, é fundamental para o desenvolvimento de nossas vidas, mas estamos cercados por um arcabouço de normas, regras e leis muitas delas totalmente anacrônicas ou desvinculadas desta realidade mutante determinada pelos avanços tecnológicos, que nos impede de desenvolver propostas inovadoras ou projetos pedagógicos criativos. Presos às salas de aula, às cargas horárias e aos dias letivos. A realidade em um futuro cada vez mais próximo aponta para a descontinuidade destes modelos que serão substituídos por processos mais interativos conectando todos os elementos de qualquer proposta educacional.
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Se nossos estudantes estão cada vez mais desconfortáveis na escola tradicional isto se deve principalmente à facilidade com que podemos acessar informações, que não devem ser confundidas com conhecimentos, em outros espaços e tempos, dentro e fora da escola, com uma qualidade muitas vezes mais efetiva totalmente desvinculada de regramentos. Parece absolutamente pertinente uma grande revisão dos atuais paradigmas educacionais que só nos remetem ao passado e substituí-los por novos paradigmas flexíveis, híbridos, focados na aprendizagem e na construção do conhecimento. Esse é o futuro.(Foto: br.freepik.com)
FERNANDO LEME DO PRADO
É educador
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