ESCOLHAS E DECISÕES

escolhas e decisões

Diante do cenário por onde vamos caminhando, nas crônicas, que atendem a uma demanda especial e não aleatória, nossos olhos se voltam para os relacionamentos, de modo a focar pontos ainda não tratados. Quando pensamos nas relações interpessoais é necessário rever tarefas executadas em dupla ou grupo, para garantir uma boa dinâmica para ambos. Tão importante quanto o diálogo, as ações conjuntas apontam para zonas de conflitos e zonas atratoras, onde o clima vai além da paciência e da empatia, pois trata-se de escolhas e decisões.

Todas as pessoas falam com facilidade empatia e da necessidade de paciência com as atitudes do(s) companheiro(s), entretanto, quando as questões são as dinâmicas dos pares afetivos, as tarefas domésticas ou cuidados pessoais ou com a família, muitos parceiros se desentendem porque falta empatia, tomando corpo e se avolumando aquilo que mais incomoda ou sobrecarrega o outro, o que nunca foi dito.

Muitas vezes, podemos não notar que o nosso parceiro ou parceira está sobrecarregado com questões pessoais ou tentando manter uma casa funcional, uma vida escolar bem fundamentada, uma resolução de problemas íntimos, turbulências na saúde. Em uma relação, estamos em uma linha de igualdade, sem hierarquia, o que parece nos dizer que estamos juntos e somos um. Porém, é necessário organizar a dinâmica da relação, levando em consideração a dinâmica de cada um dos membros da relação, sempre entendendo o que é viável para cada um.

A disponibilidade nunca é de 100%, mesmo porque não estamos disponíveis para nós mesmos em 100% de nossas ações e atitudes. Até para nós temos tempos que oscilam entre o mais presente e o mais ausente, o que é normal em função das alterações contextuais e relacionais. Alguns momentos são muito intensos e outros, feliz ou infelizmente, são mais suaves, calmos; daí a dizer que não estamos disponíveis 10% nem para nós.

Muito importante que tenhamos o hábito de questionar sobre nossas relações e como cada um mantém sua individualidade. É imperioso ter certo que estar em um relacionamento não significa fundir-se em um único ser, o que seria tóxico (como os pares que usam as mesmas roupinhas, as mesmas camisetas temáticas, os mesmos tênis, os mesmos bonés). A dica adequada é a de respeitar sempre os grupos sociais do parceiro ou parceira, como família e amigos, respeitar ao outro, seus gostos, preferencias e intenções, pois respeito é sinal também de empatia e de amor. De muito amor.

Manter o seu ciclo de amigos íntimos implica, também, respeitar os amigos e momentos do seu par com o grupo e com ou sem você. E, mais uma vez, garanta que o diálogo seja espontâneo, com ou sem imposições ou punições e, acima de tudo, com clareza nas atitudes, transparência. Lembre- se: sua relação interpessoal precisa ser de amor e cumplicidade e não de rivalidade.

Quando temos claro que numa relação interpessoal é necessário sempre entender o que está fora do esperado, em primeiro lugar, em você, antes de pontuar algo no outro, vou possibilita a situação equilibrada quando acontece algum fato inesperado. Trabalhar o inesperado é um exercício de equilíbrio mental, além de fortalecer uma velocidade de raciocínio e o acolhimento, visto que o exercício de viver o inesperado é fortalecedor para nossa Vida adulta.

Aquelas escolhas e decisões que tomamos sem pensar, num piscar de olhos, podem ser as melhores da nossa vida. Talvez as mais racionais também. Precisamos estar atentos e usar nossa intuição a nosso favor, garantindo que nossas relações interpessoais estejam sendo bem percebidas e sentidas pelo nosso íntimo. Com profundidade. Aliás, esta é a força real de nossa intuição, que pulsa com insistência e frenesi no decorrer de cada relação: do início ao fim de cada uma delas.

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Nossas parcerias nunca são insignificantes; ao contrário, elas nos ajudam a avançar em nossos trajetos e a escrever nossas histórias, da maneira como entendemos que devemos escrevê-la. Somos os senhores de nossas escolhas e de nossas histórias, em qualquer momento de nossas Vida; edificar uma relação, em especial, é construir uma casa com quatro mãos, ou mais. E ainda temos a chance de chamar esta casa de lar.

Só depende do quanto de carinho, respeito e compromisso que empregamos na edificação. E da parceria que escolhemos para a tarefa. Escolhas….sempre as escolhas…as vezes pela razão, as vezes pela paixão. Mas sempre as escolhas e decisões que se transformarão em histórias de vidas, que merecem ser vividas. Cada um a sua, evidentemente.(Foto: Pikist)

AFONSO ANTÔNIO MACHADO 

É docente e coordenador do LEPESPE, Laboratório de Estudos e Pesquisas em Psicologia do Esporte, da UNESP. Mestre e Doutor pela UNICAMP, livre docente em Psicologia do Esporte, pela UNESP, graduado em Psicologia, editor chefe do Brazilian Journal of Sport Psychology.

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