ETARISMO

etarismo

Possivelmente a melhor definição para etarismo seja: discriminação pela idade das pessoas. Para os jovens porque são supostamente inexperientes e para os idosos porque não conseguem se adaptar às novidades. Da dificuldade nos caixas eletrônicos aos cadastros “obrigatórios” em lojas, sites ou aplicativos os mais velhos são, invariavelmente, responsabilizados pelas falhas didáticas dos especialistas em TI. Para os programadores todas as deficiências e incompetências são automaticamente transferidas para as limitações dos usuários. Se alguém não consegue usar, acessar ou utilizar uma plataforma ou sistema a culpa nunca é do programador, mas daquele que não se encaixa nas alternativas previstas pelos desenvolvedores. E se este alguém for um idoso, isto é etarismo.

Um exemplo simples é tentar conversar com um número de Whatsapp. Como o programa tem um número limitado de respostas nem sempre a pergunta pode ser respondida ou pior a resposta pode ser absurda, a exemplo do que faz o ChatGPT que alucina e inventa respostas. Estas situações tendem a se agravar à medida que as pessoas estão vivendo mais e os avanços da tecnologia são mais velozes. Entretanto não existe justificativa para que pessoas sejam progressivamente excluídas à medida que envelhecem e o que é usual para a maioria passe a ser obrigatório para todos, mesmo aqueles que não querem ou não podem se adequar ao uso de aparatos “inteligentes”.

Recentemente um supermercado adotou a retirada dos preços nas gôndolas e os substituiu por “QRcodes” que podem facilmente ser lidos com o uso de um smartphone partindo do pressuposto que todo mundo tem, e carrega consigo, um celular. E quem não tem? O fato das pessoas em geral terem acesso a um telefone celular a ponto de existirem mais smartphones no Brasil do que pessoas não obriga ninguém a ter um. Assim, além de questionável nos termos do código de defesa do consumidor, configura-se um caso flagrante de etarismo protegido pela nossa legislação. Na ânsia de se modernizar, muitos estão migrando suas atividades e serviços para um modo em que tudo é digital, menos a clientela, correndo o risco eventual de vê-la desaparecer em função das dificuldades de adaptação.

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Impossível tentar frear a velocidade das mudanças que as tecnologias, principalmente as que se utilizam das inteligências alternativas, provocam. Entretanto há que se respeitar as pessoas que se vêm obrigadas a usá-las com programas construídos de forma didática para que sejam absolutamente amigáveis podendo ser usados intuitivamente por qualquer um e não apenas os iniciados ou os experts. Envelhecer não “emburrece” ninguém. As máquinas que são “burras” não sabem disso, mas quem as programa tem que saber.(Foto: Karolina Grabowska/Pexels)

FERNANDO LEME DO PRADO

É educador

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