O mercado e rotinas de trabalho estão complexos e dispersos, neste 2022. É como o mar, antes de uma chuva forte e ventania. Fica complicado para o surfista interpretar a água e acertar boas manobras. Assim, comparo o mar com o meio corporativo e o surfista com o colaborador. E nesse mar tumultuado, temos ouvido a expressão eu me demito com frequência. Eu me demito, é uma boa onda, uma solução?
A expectativa tanto do colaborador quanto dos empregadores é alta, imediata. Ingratidão é o que, por vezes, tem soado a expressão. Também, muito se interpreta como gratidão e respeito aos empregadores. Como quase tudo na vida, acredito que tem sim o lado superpositivo e outro negativo nisso.
Cronologicamente, este tempo pós-pandêmico, grande retração econômica, empresas reajustando planos e atividades, e acabam intensificando o que ocorria antes da Covid: um overload(sobrecarga) de funções. Assistentes sendo contratados para o desempenho de funções Seniores, aquilo que se executa em dois com qualidade um só o faz, etc. Há exemplos. Esse achatamento que, ao meu ver, promove a “má sorte” e o eu me demito aparece. Ter funcionários espanados, leões nas entregas, mas gatinhos na função ou recompensa. Nesse aspecto, entendo ser saudável e positivo pedir demissão para forçar o remonte da realidade de parte das empresas, porque, à final, é caro o turnover(rotatividade de profissionais). Caro financeiramente, caro intelectualmente. O produto mais valioso de qualquer empresa, acredito, é o intelecto das pessoas. Rotatividade não favorece intelecto. Ter a empresa, como um corredor rodoviário, não compensa. Claro que não é generalizado. Junto aqui o que vejo acontecer em grande fatia do mercado, o que colegas dentro da minha malha de relacionamentos expressam e o que líderes têm relatado de suas equipes e do suporte na contrapartida.
Já o lado bem negativo do eu me demito, acredito, é a possibilidade de colaborarmos para a construção de um mercado frágil, profissional frágil, carente de muito mimo e imediatista, no sentido do eu me demito virar uma rotina líquida estendida, como: “se essa agulha não é do meu jeito, eu me demito”, “se eu não gostar de uma parte do todo dessas atividades, então eu me demito”, “se essa liderança diz isso e eu interpreto aquilo, nem vou checar, eu me demito”. Médio prazo vira três meses e longo prazo virar ano ano. É bem possível. Dificulta o lado dos empregadores. Assim, a adoção de um operating model(modelo operacional) meio que Pão e Circo, excesso de elogios, maquiagem de problemas, etc. Que empresa aguenta?
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Vale pensar que o eu me demito pode ter outra miscelânea menor, um pedaço pequeno do bolo. Cumpri o objetivo de olhar sobre os dois macro fatores que acredito. Dentro desta mistura, o mar mexido como está faz respingar oportunidades maravilhosas e, como conhecemos, existe a equação do sucesso, que é o encontro da oportunidade e o preparado de um profissional para essa oportunidade. E isso é ótimo. Têm colaboradores que se molham nestes respingos e se refrescam. Entendo que nosso desejo comum é que as coisas voltem a normalidade. Tenha um ótimo dia.(Foto: santosbancários)

DIOGO GOMES RIZZI
Administrador, filósofo, especialista em negociação. Experiente em gestão de negócios no Brasil, América Latina e Central, Europa e Ásia. Estudioso e apreciador da literatura.
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