EXERCÍCIO DO MAL

exercício do mal

O exercício do mal provoca danos em quem o cultiva, bem como no seu entorno ou em mais distantes. O uso do cerol ou de outras linhas, como a chilena, é prática do mal. Cortam pipas de outros e ainda podem ferir com gravidade as pessoas. Não deixa de ser uma maneira de conquista do poder sobre os que empinam suas pipas com linha comum. Poder sem ser serviço ao próximo é sempre uma tragédia em todas as situações.

Há quem comercializa esses tipos de linha e os que a fazem com pequenos cacos de vidro e cola. Menores de idade, qual seria a conscientização que recebem de seus responsáveis? Proibir não adianta, é preciso educar o coração.

Aconteceu na semana passada em Francisco Morato. Conheço a família. A mãe seguia com o filho ao colo, na Praça dos Lírios, no bairro Belém Capela, quando veio uma pipa voando, um carro seguiu rápido, a linha enroscou no carro e passou no pescoço do menino de dois anos.

O pequenino começou a sangrar e ela, desesperada, pedia socorro aos carros que passavam. Um parou, mas se negou a ajudar. Justificou que era demais o sangue, sujaria seu carro. Em seguida, um caminhoneiro deteve-se para prestar socorro. Levou os dois à Santa Casa Francisco Morato, onde o Heitor recebeu os primeiros socorros e, em seguida, foi transferido para o Hospital Estadual Lacaz.

A fundura do corte foi de um dedo, levou 14 pontos. A equipe médica decidiu pela intubação e por coma induzido, nas primeiras setenta e duas horas, que eram as mais críticas. No domingo, tiraram a intubação.

Até segunda, quando enviei esta crônica ao jornalista Marco Sápia do Jundiaí Agora, o menino estava internado na UTI. No domingo último, tiraram a intubação e conseguiu respirar sozinho. Na segunda, deu os primeiros sinais de recuperação. Milagre do Senhor. Agora é prosseguir pedindo por sua total recuperação e que não fiquem sequelas.

Linha cortante é proibida, mas há tanta coisa ilegal acontecendo. Infelizmente, proibir não é sinônimo de vitória contra a perversidade: há quem respeite e quem ignore.

Recordo-me de que, uma vez, comentei com um pai que seu filho, criança ainda, estava usando linha chilena. Ouvi como resposta que ele, quando criança, fazia as suas próprias linhas cortantes e completou: uma questão de adrenalina. Argumentei que uma coisa errada chama outra. Percebi que minhas colocações caíram no vazio.

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Que adrenalina é essa que pode ferir as pessoas, fazê-las sangrar e passar por situações de dor? Que necessidade é essa de poder que pisa nos outros? Na verdade, não é apenas no empinar as pipas essa questão de superioridade que esmaga os outros.

Muita gente me falava que após a pandemia, por certo, as pessoas se tornariam mais humanas. Não é o que parece.

Que o acontecido com o pequenino Heitor sensibilize as pessoas, de todas as idades, para brincar com suas pipas contemplando a beleza e a ternura do Céu, sem uso do que é das trevas.(Foto: portal gmconline.com.br/Assembleia Legislativa de São Paulo)

MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE

Com formação em Letras, professora, escreve crônicas, há 40 anos, em diversos meios de comunicação de Jundiaí e, também, em Portugal. Atua junto a populações em situação de risco.

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