HERPES é sapinho?

Nota explicativa: busco, ao escrever sobre determinados temas, esclarecer aos meus queridos leitores a verdade sobre o assunto escolhido. Aceito sugestões. E esse sentimento tornou-se mais forte ainda quando, recentemente, perdi um amigo querido para a febre amarela, uma doença debelada no ano de 1.942 e que nunca deveria ter se manifestado nos tempos atuais, se o governo garantisse o conhecimento, a prevenção e o tratamento adequados, cuidando da saúde pública. Não farei discursos políticos, no entanto, é hora do brasileiro tomar a sua vida em suas próprias mãos. É nossa responsabilidade zelar pela nossa saúde e daqueles que amamos e, é com esse pensamento, que precisamos realizar uma faxina política em nosso país. ‘Bora’ votar com consciência e conhecimento. O homem que vota com consciência busca uma vida de excelência.

Sigamos a vida…

Sobre herpes e ‘sapinho’, uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. Expliquei? Não?! Então vamos à lógica.

De forma simples e direta: herpes é causado por vírus e o sapinho é uma doença causada por fungo, a cândida. Vamos dar uma olhada, mais adiante, em suas semelhanças e diferenças.

As manifestações desse tipo de doença causam muita confusão, pois, existem vários agentes causadores e, semelhantes problemas.

A Candida albicans é um fungo comumente encontrado no corpo feminino, em especial na vagina e que se manifestará caso haja uma queda de imunidade, pelo uso de pílulas anticoncepcionais, antibióticos e corticoides, obesidade, excesso de açúcar e álcool no organismo. O fungo causa corrimento, sapinho (machucados ao redor e dentro da boca) e assadura, mas, pode proliferar por todo o corpo provocando alergias, gases, cólicas, coceira ou queimação anal, dores abdominais, garganta seca, infecções das vias urinárias, irritabilidade, insônia, dificuldade de concentração, queda de cabelo, estrago nas unhas, enxaqueca, hipoglicemia (baixaconcentração de glicose no sangue), falta de energia, perda da libido, entre outros.

Herpes e candidíase têm como semelhança o aparecimento de lesões na pele. E só.
Como eu disse anteriormente, o herpes é provocado por um vírus, da família Herpesviridae, bem como a mononucleose e o citomegalovírus.

A mononucleose (e o citomegalovírus – mais raro) é a doença conhecida como “doença do beijo” porque ela é transmitida ao engolir a saliva de uma pessoa contaminada pelo vírus Epstein-Barr e acomete mais os jovens devido à maratona de beijos à que se submetem em uma balada. Tem até disputa sobre quem beija mais.

Os sintomas são inchaço de gânglios no pescoço e axilas, febre alta e persistente. Em alguns casos, garganta e faringe se apresentam inflamadas, com placas esbranquiçadas em sua extensão e as pálpebras superiores podem se apresentar inchadas (sinal de Hoagland). Erupções cutâneas também podem se manifestar, embora haja situações em que os sintomas não aparecem ou se apresentam semelhantes a uma simples infecção. Um exame de sangue é capaz de detectar o problema.

Apesar de crônica, assim como do Herpes simples, a infecção pela mononucleose, geralmente, acontece apenas uma vez. O tratamento consiste em controle dos sintomas e repouso até que o baço volte a ficar saudável. Pode levar até dois meses para que os sintomas desapareçam por completo, porém, o indivíduo pode transmitir durante um ano.

Outra doença, mais conhecida por nós, da mesma família de vírus do Herpes, é o da varicela (Varicela-zóster), conhecida como catapora, que provoca erupções cutâneas leves ou severas. A contaminação ocorre de pessoa para pessoa através do sistema respiratório (tosse, espirro, perdigotos que atingem uma vítima em potencial), enquanto as vesículas purulentas também são fontes de contágio, embora a fase de maior propagaçãosurja antes de aparecimento das bolhas.

Não existe tratamento específico, apenas a vacina que é dada na infância é considerada altamente eficaz, inclusive, para adultos que não tiveram a doença e não foram contaminados. Ela foi incluída na tetra-viral, que também protege contra sarampo, rubéola e caxumba.

Assim como o Herpes, o vírus da catapora fica latente, adormecido em segmentos da coluna vertebral, podendo se desenvolver em casos de queda de imunidade, provocando o surgimento de lesões na pele conhecidas como cobreiro (Herpes-zóster).

O Herpes, como vimos, é um vírus que causa uma doença infecciosa aguda. É dividido em dois tipos: Herpes simples (HSV-1 e HSV-2) e Herpes-zóster (vírus Varicela-zóster).
As lesões bucais são causadas pelo HSV-1 e as genitais pelo HSV-2. Trata-se de uma doença muito comum: estima-se que 90% da população adulta já entrou em contato com o vírus HSV-1 em algum momento da vida, provavelmente, na infância, mas pode não ter apresentado os sintomas na época e, depois da gripe, é a doença viral mais comum que existe, com um potencial de se propagar com facilidade.

O HSV-1 também fica latente nas terminações nervosas e migra em direção à pele quando reativado. Evitar contato direto com pessoas que estão manifestando a doença é uma prática comum, embora os sintomas só apareçam após duas semanas do contágio, período em que o portador já está transmitindo a doença.

Segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), o Herpes-zóster pode ocorrer em qualquer faixa etária, sendo mais comum em pessoas de meia idade ou idosos, que adquiriram varicela na infância.

Como os outros vírus vistos até aqui, surge em momentos de imunossupressão, seja pelo tratamento de doenças autoimunes, inflamatórias, neoplasias, ou como oportunistas em pacientes com AIDS ou qualquer outra doença grave.

Caso não seja tratado adequadamente, pode deixar sequelas inestéticas, bem como, uma dor chamada “neuralgia pós herpética”, devido à destruição parcial de fibras nervosas pelo dano causado na infecção, deixando uma dor neurológica persistente, capaz de ser amenizada apenas com analgésicos potentes.

Depois que as vesículas se rompem e surgem feridas rasas, a doença não é mais contagiosa. A infecção dura entre 7 e 14 dias, mas, é importante que um médico acompanhe o desenvolvimento da doença e direcione o melhor tratamento.

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Cuidados como higiene e atenção aos hábitos diários pode ajudar na prevenção, ou seja: só manter relação sexual com preservativo; não beijar a boca de alguém com lesões bucais; não utilizar objetos íntimos de outras pessoas e, não tocar na pele de pacientes com a doença em sua fase ativa.

Qualquer pessoa que teve catapora poderá desenvolver Herpes zóster, porém, como a incubação costuma ser longa, a maioria dos casos surge na meia idade. Recentemente, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprovou uma vacina em 2014 para o público na faixa dos 50 anos, distribuída apenas pela rede privada.

Apesar da doença aparecer da mesma forma em pessoas abaixo dessa faixa etária, não existe recomendação para vacinação. O que eu acho um erro, já que o estresse e a vida atribulada que temos levado têm antecipado e trazido à tona doenças que achávamos erradicadas ou controladas. Mas, como tudo no Brasil, a coisa é mais complicada.
O Herpes tem tratamento, mas não tem cura. O tratamento consiste em diminuir a intensidade e duração do surto com pomadas e antivirais.

O Ministério da Saúde diz que não há pedido de incorporação da vacina na Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS. Há explicação.

A Herpes-zóster não é de notificação compulsória, o que significa que hospitais e postos de saúde não precisam comunicar o Ministério da Saúde sobre casos da doença. Com isso, não se tem ideia dos números reais de casos por ano, face a falta de controle.
O Ministério da Saúde hoje apresenta os casos totais de infecção pelo Varicela-zóster, sem separar o que é catapora do que é Herpes-zóster. Em 2016, houve 60.955 casos de varicela no país, segundo dados governamentais.

O número representa uma forte redução em relação ao registrado em 2012, quando 151.380 pessoas foram diagnosticadas com varicela. A queda mais expressiva foi entre crianças de 1 a 4 anos que, a partir de 2013, passaram a receber, gratuitamente, pelo SUS, a vacina contra a catapora incluída na tetra viral – que protege, ainda, contra o sarampo, a caxumba e a rubéola.

No entanto, enquanto os casos de varicela caíram 76% em crianças abaixo dos 4 anos em 2016, comparado com 2012, ela aumentou 30% naqueles acima dos 50 anos – que não são imunizados.

O Ministério da Saúde se defende dizendo que oferece, gratuitamente, no Sistema único de Saúde (SUS) todas as vacinas preconizadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS). De novo, não há estudos, levantamentos, estatística sobre o que ocorre em nosso próprio país.

Se a OMS disser que não é necessário vacinar para a febre amarela, então não teremos vacinas? É mais ou menos isso. Foi necessário morrer dezenas de pais de família, mães, avós, avôs e filhos para que o governo mobilizasse o SUS para vacinar em massa. Mas antes eles só fecharam parques. Ninguém falou por que. E agora fracionam a vacina. Certamente por que está sobrando, não é mesmo?

A conta não é muito simples, mas fácil de entender: o custo/benefício de vacinar deve ser superior ao custo do tratamento da doença.

Vamos aos números (com relação ao Herpes-zóster os dados são americanos – Drugand Food Administration de 2016): nos EUA o valor da vacina em 160 dólares, compensa o custo da não vacinação, especialmente, porque os números dessa doença aumentaram muito nos últimos anos em indivíduos de meia idade/idosos deixando sequelas (neuralgia pós herpética) de custo alto e tempo indeterminado para término do tratamento.

Não vou tratar da febre amarela lá, porque não é um país de risco, mas, apenas para ilustrar minha nota inicial nesse artigo, segue os números da febre amarela.
No Brasil, o custo de cada dose, para o Governo, segundo a Fiocruz, é de R$ 3,50. Da vacina integral.

Ao comparar com o custo de internação pelo SUS (dados de 2005, que precisam ser atualizados em 13 anos!), que é de R$ 451 por dia de cada interno, podendo aumentar em até 108% em caso de tratamento prolongado, mesmo eu, uma pessoa mediana em conhecimentos matemáticos consegue enxergar que o custo/benefício da vacinação, para evitar um surto da doença, nem se compara ao tratamento dos sintomas, porque, como sabem, a febre amarela não tem tratamento específico, necessitando, inclusive, de transplante de fígado em alguns casos.

Então, some ao valor da internação em torno de R$ 69 mil para salvar a vida da pessoa, no caso deste permanecer em quarto comum, não na UTI, por que nesse caso, os valores subiriam substancialmente.

Em 14 de fevereiro de 2018, o Jornal da Globo noticiou 98 casos confirmados de morte por febre amarela só em São Paulo e de aproximadamente 200 casos da doença.

Eu duvido desses números por razões óbvias: falta de notificação. Mas, usando apenas esse número, e o que sei sobre a doença, seu tempo de internação e desenvolvimento, o governo gastou (com valores totalmente desatualizados fornecidos pelo IBGE) R$ 13.662 milhões, aproximadamente. O suficiente para vacinar 3,9 milhões de pessoas com a vacina integral, se fracionar, é possível atingir 19,4 milhões. A população total da grande São Paulo.

São só números. E nós também. (Foto acima: www.colegioweb.com.br)


ELAINE FRANCESCONI

Bacharel em Zootecnia (UNESP Botucatu). Licenciatura em Biologia (Claretiano Campinas). Mestrado (USP Piracicaba) e doutorado (UNICAMP Campinas) em Fisiologia Humana. Professora Universitária e escritora.