Pois bem, ultrapassar a barreira dos 60 anos, num país como o Brasil, que cultua a juventude, não é tarefa fácil. Eu sei disso, pois faço parte do enorme grupo de idosos brasileiros. O tempo é implacável e passa para todo mundo, mas quando a gente atravessa determinadas fases da vida, parece que as horas voam e os dias correm. E termos que escutávamos corriqueiramente em outras épocas de nossas vidas, como garota, mocinha, meninas desaparecem e dão lugar para senhora, tia e… idosa. A sociedade é implacável em rotular as pessoas, seja pela idade, pela cor, raça, sexo ou qualquer outra característica. Mas idosa era minha avó. Hoje o mundo mudou.
O que me alegra quando o assunto é “etarismo” (nome que se dá ao preconceito contra as pessoas com mais de 60 anos) é que os chamados sessentões estão dando mostras que nem sempre idade é sinônimo de fim da linha. Os idosos atuais invadiram as academias, trocaram o ônibus pela bicicleta, deixaram de lado leitinho quente com bolacha e caíram de boca no whey e na creatina, e ainda passaram a frequentar grupos de whatsApp para marcar passeios, viagens e encontros nas choperias.
Com certeza minhas avós não tiveram o mesmo privilégio que eu tenho hoje, pois pouco tempo lhes sobravam para cuidar de si mesmas, tendo de se desdobarem para dar conta do trabalho da casa e da criação dos seus filhos. Fico com pena quando penso que nem havia ainda a cultura atual de buscar cuidar do corpo e da mente através da prática constante de ginástica, consumo de alimentos saudáveis, ingestão de vitaminas e minerais e procedimentos estéticos para desacelerar um pouco a ação do tempo. A rotina era dividida entre a família e na maior parte das vezes, a igreja. Pelo menos no caso das minhas avós.
Mas apesar dos novos tempos, quem passa dos 60 ainda vez ou outra é perseguido pelo etarismo, isso é fato. E essa perseguição pode vir na forma de comentários bobos, que quem faz, nem imagina que está cometendo preconceito. Qual mulher, com mais de 60 anos, não ouviu “que bonita, não entrega a idade”, “nem parece uma idosa”, “você não tem idade pra isso”, ou ainda “é uma coroa enxuta”.
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Os 60, hoje, são os novos 40, dizem alguns pesquisadores. Fico imaginando como será nas próximas décadas. Os países estão envelhecendo, não podemos negar. No Japão, por exemplo, já há mais velho o que jovem. Realmente, um problema, afinal, quem vai trabalhar para os idosos poderem usufruir da aposentadoria? São paradoxos para as gerações vindouras. O que eu sei é que aquela célebre frase “a vida começa aos 40”, titulo do livro escrito pelo psicólogo Walter Pitkin em 1932, está mais atual do que nunca. Essa seria a idade, na visão do autor, que traz maturidade e, consequentemente, uma vida melhor.
Mas para muitas pessoas, entretanto, a vida pode estar começando aos 60…(Foto: Ron Lach/Pexels)
VÂNIA ROSÃO
Formada em Jornalismo pela Faculdade de Comunicação Social Cásper Líbero. Trabalhou em jornal diário, revista, rádio e agora aventura-se na Internet.
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