O balanço patrimonial do Hospital São Vicente (HSV), em Jundiaí, referente ao ano passado e divulgado pela Imprensa Oficial do último dia 28 é claro: as dívidas atuais “indicam a existência de incerteza relevante que pode levantar dúvida significativa quanto à capacidade de continuidade operacional do HSV. Nossa opinião não está ressalvada(acautelada) em relação a este assunto”. A frase consta do relatório da CKS Auditores Independentes.
Os números, segundo os auditores, mostram que o São Vicente “continua apurando sucessivos déficits, falta de capital de giro circulante e passivo ‘a descoberto’ no valor de R$ 261.614 mil em 31 de dezembro de 2016, decorrentes de obrigações fiscais, elevado endividamento, gastos com pessoal e encargos financeiros, que ora referem-se as perdas operacionais mais representativas.
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Sobre a auditoria, a assessoria de imprensa da Prefeitura afirmou que o Gabinete de Crise do Hospital de Caridade São Vicente de Paulo “diante da dificuldade econômica precisará tomar medidas de correção de rumo buscando equilíbrio das contas do São Vicente. O grande desafio do gabinete é equacionar uma dívida herdada de aproximadamente 21 milhões de reais, sendo 11 milhões entre impostos e dívidas trabalhistas e 10 milhões com fornecedores e prestadores de serviço. A Prefeitura de Jundiaí, junto ao Governo do Estado, celebrou um convênio de 12 milhões de reais sendo 6 parcelas de 2 milhões”, explica a nota.
Todos os serviços continuam sendo prestados. O Hospital São Vicente estabeleceu uma parceria com o Hospital Regional para cirurgias eletivas e leitos de UTI para dar mais qualidade ao atendimento. Outra iniciativa foi a reestruturação do Núcleo Interno de Regulação – NIR, melhorando – de acordo com a assessoria de imprensa – a média de permanência do paciente e a taxa de ocupação do hospital.
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“O cenário de crise exigiu ações de controle e gestão para possibilitar a estabilização do hospital, com renegociação dos valores dos contratos com diversos fornecedores e prestadores de serviços e alongamento dos prazos de pagamentos. O objetivo do Gabinete de Crise é equilibrar as contas do hospital garantindo o atendimento da população de Jundiaí e Região para alta e média complexidade, preservando a qualidade e segurança do paciente em todos os 23 mil atendimentos mensais entre Pronto Socorro, Pronto Atendimento e Ambulatório de Especialidades, com 1100 internações e 500 cirurgias”, diz a nota.
Incor – Os gestores de Governo e Finanças, José Antonio Parimoschi, e Saúde, Vagner Vilela, participaram na última segunda-feira, na sede da Fundação Zerbini, em São Paulo, de uma reunião para conhecer em detalhes as ações estratégicas aplicadas pela fundação no Instituto do Coração (Incor) – um dos principais centros de excelência de medicina do país-, a fim de ajudar no gerenciamento da crise financeira do Hospital São Vicente de Paulo (foto abaixo).
Na ocasião, o presidente da Fundação Zerbini, José Antonio de Lima, falou sobre a importância de reduzir despesas, renegociar dívidas, buscar recursos via emendas parlamentares para investir em equipamentos e em tecnologia para melhorar o serviço e buscar fontes alternativas na iniciativa privada. Ele destacou a importância de ampliar o atendimento prestado, como fez o Incor, via empresas de saúde complementar (convênios e seguros médicos), uma vez que “apenas o repasse do SUS não cobre os gastos de um hospital”.
O gestor de Governo e Finanças classificou a reunião como produtiva, pois o Incor passou por enormes dificuldades financeiras e conseguiu superar os obstáculos com diversas iniciativas de otimização dos recursos disponíveis, cortando despesas e aumentando receitas. Ele lembra que é a mesma situação do HSVP, que, desde 2014 está custando bem mais do que ele recebe no convênio com a Prefeitura e hoje está em situação de quase insolvência.
Apesar do atual cenário favorável, o Incor-SP registrou grave crise financeira anos atrás, o que quase resultou em seu fechamento. No entanto, graças a várias ações estratégicas, o Instituto se reergueu e resgatou a sua maior preocupação: a credibilidade. A dívida de R$ 464 milhões, paga ao longo de uma década, foi quitada com bancos e o Incor ainda conseguiu inaugurar seu pronto-socorro de ponta. Em 2016, a receita global do Incor-SP foi de R$ 540 milhões. Metade vem do Estado, e a outra metade vem da fundação, por meio do SUS e convênios.
A dívida de curto prazo do São Vicente, atualmente, passa dos R$ 100 milhões, computando dívidas com funcionários, encargos e fornecedores até 2016, que somam R$ 21 milhões, além de um empréstimo na Caixa no valor de R$ 34 milhões e outras dívidas trabalhistas, que ultrapassam R$ 40 milhões.