Só precisamos continuar no JOGO. Apesar de tudo…

JOGO

Afinal começou a guerra. Agora é a situação do cada um por si. Visto que serão lutas isoladas e que se colocarão diante de cada um e de suas renúncias. Não nos perguntarão se queremos ou podemos: cumpriremos o script proposto, pois será o que teremos para o momento. Falamos tanto, discutimos tanto e, de maneira incrédula, eis que chega até nós a famigerada coronavírus. E só precisamos continuar no jogo.

Tenha lá o formato que tiver, seja forte ou fraca, suave ou dura, nossa capacidade de enfrentamento deve estar preparada para os próximos 90 dias. Este período inicial, que parece ensaio de filme ou novela, ainda é romântico e pouco representa; passaremos por períodos em que não sairemos para nada, absolutamente para nada.

Entretanto o que se vê são pessoas desavisadas ou incrédulas que transformam os supermercados e padarias, açougues, farmácias em extensão de suas casas: lá estão com seus filhos, correndo e gritando ou dentro dos carrinhos de compras, acompanhados de mãe ou sogro ou avós; bem no estilo “festa no sertão”, em que todos falam ao mesmo tempo e as crianças se divertem com o passeio.

É logico que a cena pode piorar. Os carrinhos estão lotados de fardos de papel higiênico e galões de água sanitária, numa quantia desnecessária e insensível, se pensarmos nos demais membros da cidade que necessitarão destes materiais. Como comentei acima, a insensibilidade não permite pensar no outro.

Em paralelo a estes cenários desagradáveis temos que nas recepções dos hospitais, o clima começa a mudar: diminui e as pessoas já aparecem paramentadas, com suas máscaras e luvas. Ponto convergente são os familiares que acompanham o paciente; neste caso, sempre tem mais de um acompanhante, porque desgraça pouca é besteira. Com todos os panfletos informando, toda propaganda, nada parece sensibilizar aos descrentes do poder desta pandemia.

Chega parecer um insulto. Beira à um ataque as mentes pensantes ou uma afronta aos sistemas de saúde do país; em algumas situações, o que vemos é uma preocupação com a saúde própria e comunitária, como se o outro não existisse. E neste momento as notícias são as mais desencontradas e mentirosas possíveis: até o numero de mortos é criado e injetado na sociedade, com ares de muita credibilidade.

E aparecem os remédios que resultaram em positivo, ensinado pela prima da vizinha do tio do amigo. Bem como brotam comentários sobre curas milagrosas e mortes inexistentes, levando as conversas sempre para a encruzilhada onde as pessoas não têm saídas e a fatalidade toma as rédeas do momento; não haverá chance alguma para ninguém.

Por que não nos calamos e refletimos antes de distribuir mais umas 20 vezes as coisas que não confiamos e que sabemos ter cores de fake? Por que nos atraímos pelos comentários sobre tristezas e dores ao invés de nos colocarmos a pensar nas soluções e nos momentos felizes do grupo? O que nos atrai nas notícias destruidoras? Que instinto sadomasoquista nos preenche?

Agora é hora de percebermos que estamos diante do desconhecido, de um forte desconhecido, com poderes que desconhecemos e não conseguimos dar jeitinhos. É o momento de nos unirmos e nos ouvirmos mais, possibilitando novas associações e novas parcerias. Na tentativa de resolver o problema do agora: solidarizar-se com o próximo, por meio de pequenos atos que facilitem uma melhor qualidade de vida, para o momento incerto.

É quando reconhecemos nossas limitações e nossas fraquezas e pedimos a mão daquele que está ao nosso lado. Reconhecer nosso espaço, nossa pequenez, faz com que passemos a dividir nosso espaço com nosso próximo mais próximo; o crescimento se dá a partir deste reconhecimento, sem soberba nem brincadeira. Esse tempo não está para isso. Tempos difíceis, muito difíceis.

Cidade nenhuma, no Brasil, está preparada para viver e superar o pico da gripe, com serenidade; nosso sistema hospitalar é fraco e desguarnecido. Não temos mão de obra especializada, não temos médicos para todos e, infelizmente, não disporemos de leitos hospitalares para todos (essa é a realidade atual, sem a afetação dos políticos que não investiram na Saúde e agora se borram de medo de um problema como este).

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O que fazer neste caso? Manter a serenidade possível, de modo a garantir olhares reais e limpos das fantasias. Manejar a nossa ansiedade, diante da pandemia, fluindo pelo meio de alguns erros e aprendendo com muitos acertos. Acreditar que será possível passar pela quarentena (de 90 dias) sem muito sofrimento, criando boas expectativas e fortalecendo laços afetivos. Evitar conversas apenas sobre a doença e sobre fatos negativos; salientar bons momentos e bons exemplos. Ver o novo, ver o lado bom que sobrevive.

E, por fim, encarar o problema de frente, sem temer e sem fugir: a Vida pede que tenhamos lucidez e fibra, acreditando na Vitória. Não é utopia: é crença; devemos, nesses momentos, passar pelos domínios cognitivo, afetivo, psicomotor e espiritual, por que não? Crer, seja lá em que for, é uma alavanca que nos manterá no jogo. É preciso permanecer no jogo.(Foto: bemblogado.com.br)

AFONSO ANTÔNIO MACHADO 

É docente e coordenador do LEPESPE, Laboratório de Estudos e Pesquisas em Psicologia do Esporte, da UNESP. Mestre e Doutor pela UNICAMP, livre docente em Psicologia do Esporte, pela UNESP, graduado em Psicologia, editor chefe do Brazilian Journal of Sport Psychology. Aluno da FATI.

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