Imaginem aquela cena clássica de uma pessoa concentrada na leitura de um livro, sentada no banco de uma praça, no assento de um trem ou ônibus… Muitas vezes víamos essas pessoas, com um livro nas mãos, num lugar cheio de sons, barulho presente… mas a pessoa continuava alheia a tudo à sua volta, estava entretida na leitura. E assim permanecia por um bom tempo. Qual seria o segredo da – agora – antiga prática da leitura conseguir, em meio ao dinamismo oferecido pelo mundo virtual, manter as pessoas concentradas na leitura, exatamente da mesma forma de outrora? Para desvendarmos tais segredos, precisamos mergulhar nesse mundo silencioso… ainda que em meio ao barulho. É a conexão silenciosa que só consegue o leitor que mantém ou cria o hábito de ter em mãos o livro, a revista, o jornal… o velho impresso, que por mais rotulado de antiquado que esteja, não perde a elegância. Embarque neste mundo silencioso dos livros, cada vez mais desconhecido desta geração contemporânea.
Vamos começar com um exemplo bem conhecido. Você está acompanhando atentamente uma novela pela TV. Chega aquele momento dramático, o mais emocionante. Se não entra o intervalo, encerra aquele capítulo, entram as cenas do próximo. Quantas vezes você ficou “bravo” ou presenciou alguém dizendo; “justo agora?” Pois bem, isto não acontece quando você tem o comando em mãos. O livro. Aquele que você interrompe a leitura quando quer. Se está embalado, continua lendo. Já ouvi de um leitor de um de meus livros que ele se envolveu tanto com a história que num dia leu até o fim. Foi um dia de leitura, 200 páginas. Algo impensável para quem se habituou à “leitura virtual”. Por quê?
Façamos a pesquisa. Uma pessoa concentrada no celular. Quanto tempo ela fica ali, com a cabeça inclinada no aparelhinho? Pode ser bastante tempo. Mas observe que ela não fica num só tipo de leitura. No celular, ela navega por conteúdos diversos num curto ou médio período. Isso porque a internet é cheia de formas de desviar a atenção. E o próprio aparelho induz a pessoa a deixar todos os recursos ativados, para você ser avisado de uma mensagem que chega, uma novidade. É um dinamismo. Note que esta nova geração, que cresceu mexendo no celular, é extremamente agitada. Está por dentro de tudo, mas tem dificuldade em foco. Focar, se concentrar, muitas vezes até fazer interpretação de texto. Isso porque ela quer fazer muito em pouco tempo. Consumir notícias, sede de novidade, fome de sensacionalismo, expectativa e ansiedade para receber mensagem de amigos, ver uma foto nova na rede social. Afinal, “o mundo” está em suas mãos, e todo dia há tanto boas notícias, “fofocas picantes” como tragédias. Ah, tem também a explosão de novos “artistas”. “Danças”, “músicas”… tudo entre aspas, claro, pela qualidade as aspas são muito bem justificadas.
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Chegando neste ponto do texto, já deduzimos que as pessoas estão alheias ao redor, ao barulho externo, mas estão cheias de barulho interno. Quando não há foco, não se consegue o envolvimento na leitura, existe um barulho interno. Nem digo das mensagens, áudios que chegam. É o barulho mental, do consumismo de fatos, acontecimentos, maior parte que em nada acrescentam às nossas vidas. Chega a ser bizarro, mas as pessoas se preenchem com o vazio. Com o irrelevante, inútil. Se comparássemos a uma viagem, são pessoas viajando por longos e longos quilômetros, passando por muitas cidades, paisagens… tudo passando e nada ficando de aprendizado. A pessoa não vai se lembrar das características geográficas desses tantos lugares… e muitas vezes nem vai se lembrar do nome das cidades!
Temos aqui então a diferença bastante clara entre a leitura no impresso, tradicional, e as leituras virtuais. Quem pega num livro, tem esse hábito, desliga o celular. Ou deixa distante. Pois só assim conseguirá alcançar o silêncio necessário, proporcionado pelos livros e similares.

GEORGE ANDRÉ SAVY
Técnico em Administração e Meio Ambiente, escritor, articulista e palestrante. Desenvolve atividades literárias e exposições sobre transporte coletivo, área que pesquisa desde o final da década de 70.
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