Na última sessão da Câmara Muncipal de Várzea Paulista, os vereadores aprovaram uma moção pedindo para que o Governo do Estado ajude financeiramente na revitalização da Marginal do rio Jundiaí. É algo impossível. Desde a inauguração da marginal, há cerca de 30 anos, existe a discussão se a responsabilidade pelas obras na pista e acostamentos são das prefeituras de Jundiaí, Várzea e Campo Limpo ou do Estado. O Departamento de Estradas de Rodagem (DER) já cansou de dizer que a manutenção cabe aos municípios. É fácil entender a resistência do Palácio dos Bandeirantes em assumir a via. “A Marginal do rio Jundiaí é uma estrada vicinal, ou seja, de responsabilidade de cada cidade”, explicou o deputado estadual Aprillanti Júnior em matéria publicada pelo site da Assembleia Legislativa em julho. Cada cidade precisa cuidar do seu trecho. E isto não vem ocorrendo. Ou melhor: nunca aconteceu com a frequência necessária. Apesar das reuniões dos vereadores e disparos de moções para o gabinete do governador, quem está conseguindo avanços de verdade para a Marginal do Rio Jundiaí é o deputado Aprillanti Júnior.
É preciso destacar as conquistas de Aprillanti nos últimos meses. Elas podem não ser o que realmente a via precisa. Mas é o que se tem para hoje. Através de emendas conseguiu pouco mais de R$ 1 milhão – sendo que R$ 350 mil já tinham sido liberados – para a instalação de defensas no trecho de Várzea. Outros R$ 700 mil deveriam ter sido liberados até o final do semestre passado. Serão usados em obras de drenagem e recapeamento no trecho de Várzea que, de acordo com o deputado estadual, é o mais comprometido. Segundo ele, o custo de um novo recapeamento para toda extensão da via, de Jundiaí até Campo Limpo, chegaria a R$ 10 milhões.
Mas as entrelinhas mostram que a vida de Aprillanti não é fácil quando o assunto é a Marginal do Rio Jundiaí. No dia 20 de junho, o site da Assembleia Legislativa publicou matéria sobre a visita dele e o prefeito de Várzea Paulista, Juvenal Rossi, fizeram ao diretor da regional Campinas do Departamento de Estradas e Rodagem – DER, Cleiton Luiz de Souza. O título do texto publicado foi o seguinte: “DER ajudará a conservar a Marginal do Rio Jundiaí”. Linha após linha, no entanto, não há nenhuma palavra que prove o comprometimento de Cleiton com a melhoria pedida por Aprillanti. Aliás, o texto não registra uma fala sequer do diretor do DER (foto abaixo/veja link nesta página).
Saraivada de moções – Geraldo Alckmin receberá o documento assinado por 10 vereadores varzinos pedindo que o Estado repasse parte da verba arrecadada com o IPVA para todas as obras necessárias na via e, desta forma, “os motoristas possam trafegar por ali com segurança e tranquilidade”. A causa das três Câmaras é nobre, porém inócua. A moção é de autoria do presidente da Casa, Silso das Neves (PRB) e cita que a marginal precisa de melhorias no asfalto, drenagem do leito do rio, colocação de calhas nas margens, instalação de defensas, construção de alças de acesso, viadutos e passarelas.
Na verdade, a moção da Câmara de Várzea é uma estratégia montada pelos legislativos das três cidades cortadas pela Marginal para pressionar o Governo. No dia 12 de julho ocorreu uma reunião com os parlamentares de Várzea, Campo Limpo e Jundiaí (foto abaixo) e nela ficou decidido que iriam pedir tudo o que consta na moção de apelo feita por Silso das Neves. A moção da Câmara de Jundiaí foi aprovada no dia 14 de junho. Isto quer dizer que Alckmin já tem em sua mesa um documento, assinado pelos parlamentares de Jundiaí, com o mesmo teor da que receberá do Legislativo de Várzea.
Aqui é preciso explicar o que são as tais moções tão citadas entre os vereadores. Elas nada passam de pedidos. Quem as recebe pode atendê-los ou não. E a impressão que se tem é que geralmente as moções por se tratarem de meras propostas, acabam no lixo. Um antigo radialista da cidade costumava repetir em seus programas que as moções “não servem para absolutamente nada”.
A Prefeitura de Várzea já divulgou que vem tocando projetos avaliados em R$ 50 milhões para melhorar a situação na via. Criou uma pista de caminhada e espera fazer a drenagem e canalização do rio em seu trecho. Não está claro se estas obras serão feitas com recursos próprios ou com as verbas conseguidas por Aprillanti.
Jundiaí ainda está na fase de análises. Estuda como conter as erosões nos acostamentos que acabam levando o asfalto para dentro do rio, afinando a pista e jogando carros para a água agora despoluída (foto principal/Facebook Édson Rodrigues). O recapeamento de seu trecho também está nos planos.
Através do site da Câmara de Campo Limpo não foi possível confirmar se os parlamentares daquela cidade já aprovaram moção semelhante. Sabe-se que o prefeito, Japim Andrade, participou da audiência pública para discutir o orçamento do Estado ocorrida em Jundiaí, em julho, e pediu para que o Governo libere verbas para obras na via.
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