Depois de seis dias de implodir as regras de licenciamento ambiental, o Senado Federal decidiu, por meio da Comissão de Infraestrutura, convidar a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, para uma audiência onde deveria falar sobre a criação de áreas de conservação na região Norte.
O que se viu nesta audiência foram falas machistas de senadores, com o objetivo de desgastar, ainda mais, Marina Silva, que não tem recebido muito apoio do Governo de Lula. Mas como sempre foi uma lutadora pelo meio ambiente desde a década de 1980, quando iniciou seus trabalhos na área junto com Chico Mendes.
Não vou, aqui, valorizar quem mostrou que não tem valor, apesar de receberem votos do eleitorado de seus países e, parte deles, estão ali defendendo interesses. Assim, a audiência começou com um debate entre a ministra e um senador da base aliada do Governo, quando este buscara informações sobre obras em rodovia na região. A situação começou a se complicar quando um senador, que já havia dito que tem vontade de enforcar Marina Silva, disse não ter respeito para com ela.
Ao invés de interromper as conversas e buscar contemporizar a situação, o presidente da Comissão, que integra o PL, jogou mais farinha no ventilador, mas Marina mostrou que é mais forte que todos eles, continuando a falar, mesmo com o microfone desligado, numa falta de respeito deste senador. Ele preferiu aumentar o debate, para desgastar Marina. Diante da falta de respeito destes senadores que não deveriam ocupar tal função, mas que receberam apoio de seus eleitores, Marina abandonou a audiência, recebendo apoio de todas as mulheres que integram o Governo. Quem sabe, esta ação, não sirva para Marina ser mais valorizada por este governo que, com Bolsonaro, não tem preocupação com o Meio Ambiente.
Falei do Jair Bolsonaro, mas quero justificar: Segundo levantamento feito pela Folha de S. Paulo na época, em 2020, o Governo Federal, aproveitou o início da pandemia para acelerar o ritmo de publicações de atos na área ambiental. Os dados pesquisados pelo jornal e pelo Instituto Talanoa mostram que o governo editou 156 atos na área ambiental. No mesmo período de 2019, foram apenas 16 atos.
Isto nos faz lembrar da reunião do Ministério de Bolsonaro, de 22 de março de 2020, quando o então ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, sugeriu aproveitar que o foco da imprensa era a pandemia, para o governo “passar a boiada” na desregulamentação de áreas ambientais.
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Vale lembrar que, em 2021, Ricardo Salles foi exonerado do cargo, após acusações de envolvimento em exportação ilegal de madeira para o exterior. Hoje, Ricardo Salles é deputado federal, eleito por São Paulo, pelo partido Novo. Mais um que a gente não consegue explicar porque tem apoio de parte do eleitorado. Mas ficou pensando em famosa frase de Pelé, quando disse que “brasileiro não sabe votar!”
No mais, que os governantes avaliem melhor a situação do meio ambiente, principalmente porque, em novembro, o Brasil vai sediar a COB30 (30ª Conferência Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas). Que Deus tenha misericórdia de todos nós!(Foto: Geraldo Magela/Agência Senado)

NELSON MANZATTO
É jornalista desde 1976, escritor, membro da Academia Jundiaiense de Letras, desde 2002, tendo cinco livros publicados. Destaca-se entre eles, “Surfistas Ferroviários ou a história de Luzinete”, um romance policial premiado em concurso realizado pela Prefeitura de Jundiaí. Outro destaque é “Momentos”, com crônicas ligadas à infância do autor.
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