E lá vamos nós para a primeira semana do ano com muitas novidades. E quando falamos em novidades não conseguimos escolher esta ou aquela, a melhor ou a pior, da mais rápida a mais demorada. É novidade e sempre será tudo novo de novo: situações esperadas, situações inusitadas e situações jamais imaginadas, mas todo início de etapa sempre nos deparamos com novidades. Sempre.
Desta vez fomos surpreendidos com a generosidade presidencial que vai favorecer um grande número de brasileiros com o aumento salarial. O salário mínimo será aumentado para pouco menos R$ 1.500, valor que demandará esforço para ser gasto e, certamente, ajudará a muitas dívidas de primeiríssima necessidade que o povo contraiu no decorrer do ano. Esta foi uma novidade que fará diferença na vida deste povo tão cansado e tão iludido, mas que foi agraciado com tamanho carinho presidencial.
Uma novidade que realmente surpreendeu foi a forma educada e organizada que os passageiros do avião, em aeroporto japonês, evacuaram a aeronave e o local do acidente, no movimentado aeroporto de Tóquio. Orientados pela tripulação, por meio de megafones, todos saíram disciplinadamente, deixando para trás seus pertences e salvando suas vidas. Mais uma vez, parabéns ao povo japonês pela sua disciplina e garra que faz diferença, demonstrando que é possível manter a vida executando tudo novo de novo.
Quando pensamos no novo até nos preocupamos porque podemos estar pensando em vários aspectos deste novo e jamais pensamos que podemos ser surpreendidos pelo inusitado. Este sim, será o novo. Por exemplo: o sorriso de uma criança que nos olha e estende os braços para nos abraçar. Isto é inesperado. O abanar da calda de um cachorro, num jardim ou espaço privado, que late sorrindo e nos saúda com ternura pedindo um agrado e, por que não, proteção.
Na mesma direção está a atenção de um idoso que nos conta com detalhes e minucias as conversas que mantivera no seu Natal, com seus netos. Ou do carteiro que sorri quando chega em nosso condomínio para entregar as encomendas e correspondências vindas de todos os cantos do Mundo para pessoas que ele ao menos viu alguma vez. Isto é inusitado e é tudo novo de novo, porque é uma rotina dele, do cão, do idoso, da criança. Estou dizendo que, sim, ainda existe o Bem.
E eu me pergunto: se eu não me levantar e abrir a porta, ela se abrirá sozinha? Se eu não pegar meu celular e discar para alguém, ele discará sozinho? Se eu não for ao encontro de quem eu quero ver e/ou amo, ele saberá que é amado ou que quero vê-lo? Se eu não der o primeiro passo, será que a situação se estabelece diante de mim? As respostas a todas estas questões é não. Preciso ser o agente de minha história.
Preciso ser o senhor da minha Vida, sou eu quem inicio o processo de mudança da minha Vida, o que sugere imperativamente que eu deva dar os passos que me levem ao meu pretendido e querido lugar. Vamos lá, tudo novo de novo e sempre será novo desde que eu pretenda tornar novo esses propósitos. Bete P., Silvana C.F., Lilian O., Marisa, Gra e Renatin, Douglas e JA Pires, André L.A. e Altair, Herbert e Leila M. eu vou virar esta mesa, sim, de novo. Estou vivo e bem vivo. Tenho um Deus, que eu chamo de outro nome e uma crença que eu exerço de outra forma, que moldam meu caráter e minha vontade.
Tudo novo de novo. Que se dane os que se conformam com R$ 1.412 do novo e miserável salário; que se ralem os que se contentam com pouco; que se virem os que pensam que a Vida acabou…a Vida acaba para quem se sente acabado. Estou na pista. E vou mostrar para que eu vim. Tudo novo de novo. Tenho medo? Tenho. Tenho limites? Tenho. Tenho mágoas? Tenho? Tenho destemperos? Tenho. Mas minha vontade de viver não tem limites e minha força de superação grita dentro de mim. Farei um ano novo, de novo. Tudo novo de novo.
Não vou medir esforços para estar inteiro e sadio em breve, do ponto de vista físico, mental e espiritual; não vou me poupar a me reinventar e a marcar meu nome por onde passar, como já fizera antes. Com seguidores e adversários (estes me dão mais munição para lutar e vencer); claro que medirei as consequências de cada escolha e saberei o que me convém e não, entretanto sou movido a desafios e cada desafio é uma palavra de ordem para que eu me mobilize e me reorganize para a próxima empreitada.
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Posso ser um lixo, mas sei amar quem me ama; sei respeitar os espaços e sei enxergar minha hora, minha capacidade e minha disponibilidade. Sim, sou um D. Quixote, mas diferencio um moinho de vento de um inimigo (mesmo porque o inimigo tem cheiro de maléfico) porém reconheço minha fraqueza: mentira, enganação e traição são pratos que não engulo, nem frio nem quente, nem doce tão pouco salgado. Mentira, traição e enganação são características que abomino e não negocio. Como a Morte. Devem ser irmãos.
Mas estou pronto para a luta. Como já disse: estou na pista. Tudo novo, de novo, com mais garra, mais disposição, mais vivência e mais fé. Acredito que está bom para mim; está bom para você? Pega eu.(Foto: Yane Wise/Pexels)
AFONSO ANTÔNIO MACHADO
É docente e coordenador do LEPESPE, Laboratório de Estudos e Pesquisas em Psicologia do Esporte, da UNESP. Leciona na Faculdade de Psicologia UNIANCHIETA. Mestre e Doutor pela UNICAMP, livre docente em Psicologia do Esporte, pela UNESP, graduado em Psicologia, editor chefe do Brazilian Journal of Sport Psychology.
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