O mês de abril é, deveras, interessante. Já, de início, podemos dizer que é um termo homófono, podendo confundir alguns incautos nas regras gramaticais. Por que citar isso? Porque, quando abriu o mês de abril, logo tivemos o Dia da Mentira, o 1º de abril!
Como é consabido, nesse dia são feitas brincadeiras, geralmente, não prejudiciais, para “enganar os bobos”, isto é, os incautos.
Essa brincadeira vem do século XVI e consta ter surgido na França, com a mudança do calendário antigo para o gregoriano, feita pelo Rei Carlos IX, no ano 1564. Consta na história que o ano-novo era comemorado de 25 de março a 1º de abril, no calendário antigo; com a mudança, passou a ser comemorado no dia 1º de janeiro.
Alguns franceses não gostaram da ideia e continuaram com a data anterior. Assim, os que aceitaram a mudança começaram a fazer brincadeiras e a chamar de tolos os que insistiam em comemorar o dia 1º de abril como ano-novo. A brincadeira se alastrou por vários países ocidentais, costumando ser inócua, só para “tirar sarro” do incauto.
A prejudicial conhecida e de relevância foi a publicada pelo periódico “A Mentira”, de Minas Gerais, no ano 1848, quando publicou a morte de D. Pedro II. Como o imperador era muito estimado, a “brincadeira” quase levou o povo à comoção. Com o resultado desastroso, tiveram que desmentir e pedir desculpas pela piada de mau gosto.
D. Pedro II faleceu em 1891, 43 anos depois!
No dia 8 de abril de 1972, a primeira Academia de Letras e Artes de Jundiaí, a AFLAJ, foi fundada. Neste ano, completa seu jubileu de ouro, com 50 anos de atividades ininterruptas. Pioneira em vários sentidos, sempre presidida por mulheres, integra escritoras, musicistas, bailarinas, artistas plásticas e atrizes. Marco importante na cultura jundiaiense. No dia 9 de abril, sábado, em solenidade na Sala Cult do Shopping Paineiras, tomarão posse novas representantes do sexo feminino, que ocuparão as cadeiras vagas pelo falecimento de outras importantes mulheres. Sus AFLAJ!
No dia 13, comemora-se o Dia do Hino Nacional! Tendo uma letra linda e com o objetivo de transmitir conhecimento, Joaquim Osório Duque Estrada a complicou. As hipérboles, anástrofes e metonímias atrapalham, a maioria das pessoas não as sabe interpretar corretamente. Muitos professores também desconhecem e ensinam que no primeiro verso do poema tem crase: “Ouviram do Ipiranga às margens plácidas”. Ledo engano; o autor usou uma figura de inversão – a anástrofe – e dizer que as margens ouviram é uma prosopopeia. O certo é: “Ouviram do Ipiranga as margens plácidas”, as margens é que ouviram (prosopopeia).
Muito interessante, também, é que o Hino teve alguns versos retirados, em 1930, pelo ex-presidente falecido Getúlio Vargas. Ei-los:
“Espera o Brasil que todos cumprais com vosso dever,
eia, avante, brasileiros, sempre avante!
Gravai com buril nos pátrios anais do vosso poder,
eia, avante, brasileiros, sempre avante!
Servi o Brasil sem esmorecer, com ânimo audaz cumpri o dever
na guerra e na paz, à sombra da Lei!
À brisa gentil o lábaro erguei do belo Brasil!
Eia, sus! Oh, sus!
O que não agradou ao presidente nunca foi divulgado. Era a introdução, com o mesmo compasso. Imperou a plutocracia ou a monocracia? Pode ser…
Este mês de abril será, também, para os cristãos, um mês muito importante. Estaremos celebrando a Semana Santa, culminando com a Sexta-feira da Paixão e o Domingo de Páscoa, que é uma data bem significativa do cristianismo porque simboliza a Ressurreição de Cristo.
Esse termo vem do hebreu “Pessach”, com o significado de libertação dos hebreus da escravidão egípcia; é data móvel, ocorrendo sempre entre 22 de março e 25 de abril; neste ano, será no dia 17 de abril.
No dia 21, devemos lembrar do herói da Inconfidência Mineira, Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes.
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Não será preciso descrever o que aconteceu a Tiradentes porque todos os brasileiros conhecem a história desse bravo que lutou por menos impostos para o povo, isso em 1792! Foi enforcado e esquartejado para servir de exemplo a quem quiser baixar os impostos…
Há várias datas importantes no mês de abril, mas vamos terminar o artigo como Dia Nacional da Mulher, direcionando-lhe tênue holofote porque muitos já foram dirigidos ao Dia Internacional da Mulher com o objetivo de “comemorá-lo”.
O Dia Nacional da Mulher, dia 30 de abril, é a data de nascimento de Jerônima Mesquita(foto), brasileira que, inconformada com a situação de penúria de suas conterrâneas, lutou por melhorias. Sua trajetória de vida daria para escrever vários livros. Vamos citar algumas de suas lutas e conquistas:
Se hoje as mulheres têm direito a voto, devem-no a ela, que foi sufragista e lutou contra o machismo para que, em 1932, todas as mulheres acima de 18 anos pudessem votar e escolher os dirigentes da Nação.
É consabido que, no início do século XX, grassava a fome, a febre amarela, a varíola, a malária, doenças que eram agravadas com a subnutrição do povo. Foi nessa época que Jerônima Mesquita mais atuou. Fundou o Conselho Nacional das Mulheres; fundou a Pró-Matre, hospital beneficente que acolhia gestantes pobres que davam à luz nas ruas, sem nenhuma assistência. Uniu-se a um grupo de mulheres combativas, engajou-se em frentes de assistência social e fundou a Associação Cruz Verde, entre outras.
Quando faleceu, em 1972, disse estar feliz com a promulgação da Lei 4121/62, conhecida como Estatuto da Mulher Casada, que concedeu às mulheres o direito de trabalhar fora do lar sem autorização do marido ou do pai,o que antes era obrigatório.
Salve o mês de abril, que abriu com o Dia da Mentira e encerra com o Dia Nacional da Mulher!
Sus Jerônima Mesquita! Eia, avante, sempre avante!(Foto: memoria.ifrn.edu.br)
JÚLIA FERNANDES HEIMANN
É escritora e poetisa. Tem 10 livros publicados. Pertence à Academia Jundiaiense de Letras, á Academia Feminina de Letras e Artes, ao Grêmio Cultural Prof Pedro Fávaro e á Academia Louveirense de Letras. Professora de Literatura no CRIJU.
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