Não ter uma boa comunicação ou deixar de entender as necessidades do outro pode dar causa a uma guerra. É a tal frase do Chacrinha, saudoso ‘Velho Guerreiro’: “Quem não se comunica, se trumbica!” Eu, certa vez, quase tive de subir em um poste porque algumas famílias estavam sem energia elétrica há quase uma semana. Uma conversa torta, aliás, foi a responsável por causar este curto-circuito.
Estava de plantão no jornal, num final de semana de plantão. Tudo calmo, tranquilo… até que chega a informação de moradores num protesto, queimando pneus e ateando fogo em caçambas de lixo. Sem nem querer saber o motivo, saí correndo para fazer a cobertura daquele ato e “manchetar” a edição do dia seguinte. Quando cheguei, havia mais de 30 pessoas na rua e todo aquele cenário que já descrevi para vocês.
Desci do carro do jornal com a máquina fotográfica em punho, me dirigi até o grupo para colher os dados e fazer aquela reportagem especial. “Estamos sem luz e você vai subir no poste para ligar, agora!”, disse um dos manifestantes, na lata. Achei que era brincadeira, mas depois percebi que se tratava de algo bem sério. Estava cercado, sozinho e com um baita pepino nas mãos.
Antes de chegar ali, descobri que um dos integrantes do grupo ligou no jornal onde trabalhava explicando o problema. Alguém de lá falou que não poderia fazer nada porque era final de semana e nem contato com a empresa responsável pelo abastecimento de energia seria possível naquele momento. Houve um desentendimento entre as partes e a pessoa que havia atendido ao telefone, para encerrar a discussão, disse em alto e bom tom: “Sobe você aí no poste, ô bonzão, e liga a luz!”.
E aí, quem chega todo solerte com o carro do jornal, estampado na lataria em letras garrafais? Pois é… Meus amigos, foi a primeira vez que eu confesso ter sentido medo de morrer. As pessoas estavam enfurecidas, sem energia elétrica há quase uma semana por conta de um forte temporal que atingira a cidade. A empresa de abastecimento de energia estava atendendo casos de queda de energia em todos os cantos, mas ali a revolta foi maior. Diziam que todas as vezes que isso acontecia, eram sempre os últimos a ter respaldo por se tratar de periferia. E como tinham recebido aquela resposta do jornal, quem subiria no poste era eu.
Foi muito tenso, pois tinha gente ali só interessada em “encostar o fio desencapado na poça de água”. Com muito custo, conversando bastante e rezando para todos os santos, fui conseguindo convencer os manifestantes de que poderia ajudá-los produzindo a reportagem, como forma de mostrar o drama vivido por eles e também para sensibilizar a empresa.
Por fim, dois conhecidos chegaram no meio da muvuca e me defenderam. Ânimos apaziguados, entrevistas e fotos feitas, voltei para a Redação cuspindo marimbondos. Sobrou arranca-rabo para todos os lados, principalmente para quem havia atendido aquela ligação. Não se pode tratar ninguém assim, pois não sabemos a realidade do outro, nem em quais condições estão. Respeito e educação são duas coisas que cabem em qualquer lugar. Sempre!
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Ops – Na semana passada, ao escrever sobre o Dalmo Gaspar, cometi um ato falho. Eu treinei como lateral direito no dia em que fomos escolhidos para disputar o campeonato da Prefeitura, mas quem ocupou essa posição na competição foi o amigo Fred Willians da Costa – dono da camisa 2. Eu joguei como ponta-direita e faltou dizer isso no texto. Perdão, Fred! Agradeço também o carinho da Ana Paula Gaspar, filha do Dalmo.
Tem sido muito legal escrever neste espaço. Obrigado e até a próxima!(Foto: IVOLINES)
EMERSON LEITE
Formado em Jornalismo pela UniFaccamp; Pós-graduado em Segurança Pública e Cidadania pela Faculdade Anhanguera; Atua na área desde 1995: passou por rádios, jornais impressos, site e desde 2010 trabalha como assessor de imprensa na área política.