Tenho escrito sobre as mudanças significativas que ocorrerão nos processos educativos, sobretudo em função das novas metodologias e dos algoritmos das inteligências artificiais. Os impactos nos paradigmas educacionais serão inevitáveis e só a resistência do conservadorismo protagonizado pelas escolas tradicionalistas poderá protelar, por algum tempo, que o ensino continue preponderando sobre a aprendizagem com a concordância de todos, especialmente dos senhores pais.
Escolas, de modo geral, buscam atender as expectativas de suas clientelas, tanto as públicas como as particulares. Dificilmente uma instituição de ensino conseguirá implementar propostas, por mais fundamentadas que sejam, diferentes daquelas que seus alunos e suas famílias ambicionam. Na educação básica os pais são preponderantes, mas seus referenciais escolares podem estar com uma ou mais gerações de atraso em relação à realidade em constante e acelerada mutação. Baseiam-se, muitas vezes, em suas próprias experiências escolares para escolher que tipo de educação querem para seus filhos desconsiderando que ao pretender oferecer a eles a escola que tiveram podem estar preparando-os para o passado e não para o futuro.
As escolas conservadoras são aquelas que mantêm tradições e valores considerados clássicos ou antigos. No entanto, embora essas escolas possam parecer atraentes para alguns pais, é importante alertar sobre os riscos que elas apresentam para o desenvolvimento das crianças e jovens para conviverem em uma sociedade plural e tecnológica. Os princípios e os valores devem ser aqueles que as estruturas familiares determinarem, pois este é o seu papel fundamental, entretanto não podem prescindir das necessárias adequações ao meio em que estas crianças e jovens irão viver suas vidas e desenvolver seus projetos em um mundo cada vez mais globalizado. A escolha da escola pode ser determinante neste processo.
Além disso, as escolas conservadoras podem ter um currículo que é excessivamente rígido e limitado, sobretudo as que insistem em transformar toda a educação básica em uma simples preparação para o vestibular. Propondo, assim, grande quantidade de conteúdos para simples memorização no mais das vezes. A aprendizagem significativa que possibilita a construção do conhecimento está em segundo plano, assim como a criatividade, as competências socioemocionais, as habilidades específicas e os projetos de vida. Isso pode significar que as crianças não terão a oportunidade de explorar suas próprias paixões e interesses, e podem acabar se sentindo desmotivadas ou desinteressadas em aprender.
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O FUTURO DA ESCOLA TRADICIONAL
Se as escolas oferecem aquilo que seus usuários desejam não serão elas que proporão estas mudanças, mas aqueles que as frequentam: alunos e seus pais. Daí a importância de alertar as famílias para que repensem suas escolhas. Algumas escolas podem ser capazes de equilibrar tradição e inovação, e podem oferecer uma educação de qualidade que é ao mesmo tempo inclusiva e desafiadora. Em última análise, é essencial que as escolas incentivem a criatividade, o pensamento crítico e a diversidade. Isso permitirá que as crianças cresçam e se desenvolvam como indivíduos curiosos e informados, capazes de contribuir para o mundo de maneiras significativas.
FERNANDO LEME DO PRADO
É educador
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