Conversava esses dias no WhatsApp da família e alguém levantou alguma questão polêmica, do tipo “fulano é um maluco” ou “quando serão as eleições, meu Deus?”. Da questão em si não me lembro. O que me chamou atenção foi a resposta de meu irmão, Fábio Levada. Ele nos mandou uma mensagem com o título Síndrome de Pitbull. Uma análise fina do brasileiro, que não saberia fazer melhor e por isso a compartilho com a indagação: qual cão desejamos ser?
“O brasileiro foi sempre acusado de possuir a ‘síndrome de vira-lata’ e agora nos incutiram a ideia de que somos pitbulls. Ora vejam, um vira-lata que pensa que é um pitbull não é nem um vira-lata nem um pitbull.
Éramos um povo inventivo e simpático e mundialmente conhecido por essas características; um povo que, sem conhecer o inglês, francês e muito mal o português fazia se entender e atrair milhares de turistas. Um vira-lata do etanol e da cachaça, que, com uma garrafa pet, criava lâmpadas solares, e, com um cabo de vassoura e uma tampa de maionese, um semeador de precisão.
Na época em que éramos vira-latas, nosso ídolo do futebol vivia entre nós para não treinar, farrear e fazer magias dentro de campo. Nessa época, tomávamos vacinas e cervejas sem jamais pensar em ler o rótulo ou saber se eram feitas de vírus inativado ou puro malte.
Que saudades de, não há muito tempo, sermos vira-latas que faziam magias para sobreviver. Sem dúvida não era o paraíso, mas hoje, ao invés de lutarmos juntos contra corrupção, impostos abusivos e falta de retorno desses impostos, lutamos uns contra os outros tentando vencer de forma ríspida os próprios conterrâneos.
Hoje somos um povo agressivo, cópia mal feita de outros países. No afã de criar um país melhor, perdemos nossa identidade – ao invés de evoluir no que nos faltava. Somos vira-latas e achamos que somos pitbulls, enfim ainda somos os mesmos mas não vivemos como nossos pais…”.
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Deveríamos rosnar, como pitbulls, apenas contra os que nos ridicularizam e espalham a intolerância. Jamais aos nossos. Somos, afinal, um belo vira-lata caramelo que não cansa de ter a esperança de ser feliz.
A discussão acabou e o grupo do “WhatsApp – Família” continua de pé. Alguém mandou uma figurinha e a vida seguiu. Agora nos resta torcer para que o país sobreviva a fulanos malucos, até a próxima eleição. Em relativa paz
FILIPE LEVADA
É juiz de Direito
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