Com oito anos, André Benassi contraiu osteomielite, doença grave que tirou o movimento de uma das pernas. Até então, ele trabalhava no cafezal com os seis irmãos. Por ironia, a osteomielite deu oportunidade para o menino ser poupado do trabalho pesado e receber incentivo para estudar. Benassi fez faculdade de Direito e mestrado, foi vereador, deputado estadual, federal e prefeito. Para pelo menos um de seus adversários políticos, Walmor Barbosa Martins, André é um fenômeno da política de Jundiaí e o melhor prefeito que a cidade teve depois que deixou o Paço em 1992. Na verdade, Benassi foi prefeito duas vezes: de 1983 a 1988 e de 1993 a 1996.

“Não tive escolha. Até a doença eu tinha uma vida normal. Após um longo tempo acamado comecei a andar de muletas. Aos 14 anos, trabalhava e estudava. Fui bancário e ajudei a fundar a associação que originou o Sindicato dos Bancários. E, após sair do banco, comecei a advogar. Atuei como advogado do Sindicato dos Ferroviários por cerca de 10 anos. Trabalhei, também, como advogado do Banco Itaú e do Banco Federal de Crédito”, lembra.

O primeiro cargo político de Benassi foi o de vereador pelo MDB. E ele faz questão de salientar: “em uma época em que o parlamentar não recebia salário”. Ele passou a trabalhar com a comunidade para desenvolver parcerias. “Com isso, as sociedades amigos de bairros começaram a ser organizadas”, comenta.

O MDB escolheu André para ser candidato a uma cadeira da Assembleia Legislativa. “Fui o 19º deputado mais votado do MDB, num total de 53. Na época, quando o então presidente João Baptista Figueiredo implodiu os partidos para tentar inviabilizar a atuação da oposição. Tive a missão de percorrer todo Estado para unir o MDB. O PMDB surgiu nesta época. Diante da minha atuação fui o escolhido do partido para ser candidato a prefeito de Jundiaí. Fiquei contente com a indicação, mas preocupado, pois sabia das dificuldades pelas quais passava a Prefeitura na época”, relembra.

Benassi sentiu o peso da responsabilidade quando se elegeu. “Havia se criado uma expectativa muito grande a meu respeito e não queria decepcionar os jundiaienses. Encontrei a Prefeitura endividada, tendo, inclusive, sentenças judiciais. Não havia dinheiro em caixa e, devido ao endividamento, não conseguíamos recursos para colocar nosso plano de governo em prática. Com um grupo de secretários competentes e comprometidos, fomos para a rua, a fim de desenvolver um trabalho conjunto com a sociedade. Tínhamos a maioria na Câmara, de 19 vereadores, 11 eram da situação, e muita vontade de trabalhar”, relembra.

Na sequência: Benassi com o ex-governador Mário Covas; Alckmin e o ex-governador Franco Montoro

O Plano Comunitário de Pavimentação foi desenvolvido, Jundiaí ganhou uma nova Prefeitura em 1988, novas represas e adutoras, a Estação de Tratamento de Esgoto e a Estação de Tratamento de Água no mandato de Benassi. “O processo de despoluição do Rio Jundiaí começou comigo. Houve investimento no transporte coletivo, com a criação das linhas ligando os bairros”, diz.

No segundo mandato, Benassi investiu nas estradas vicinais e na restauração do Teatro Polytheama. “Também a necessidade de uma adequação no transporte coletivo e teve início o processo para implantação de um sistema integrado de transporte municipal. Finalizamos a despoluição do Rio Jundiaí e, ainda, ampliamos a calha do rio acabando com as enchentes na região ribeirinha”.

André Benassi também foi deputado federal. “Na época tínhamos Fernando Henrique Cardoso (abaixo) como presidente. Ele teve um governo pontuado pela ética, inteligência, compromisso com o trabalho. Adotei uma postura de apoiar o governo, pensando sempre num país forte, que pudesse fomentar conhecimento, qualidade de vida e fortalecimento da economia com geração de empregos”.

Hoje – André deixou o PSDB em 2016 por uma questão de ética. “Ricardo Benassi, meu sobrinho, buscava espaço para sair candidato a prefeito; tentou plenária, mas não conseguiu. Resolveu, então, mudar de partido. Não tinha como não apoiá-lo, pois além de sobrinho ele é meu afilhado. Optei por me desfiliar do PSDB por respeito e me comprometi a não me filiar a nenhum outro partido. E realmente não o fiz”.

Quanto ao prefeito atual, Benassi – que concedeu esta entrevista bem no início da administração Luiz Fernando Machado – disse na época que ele encontraria dificuldade para governar. “É um processo difícil, mas natural de uma transição de governo. Sem contar que o Brasil passa por uma difícil situação. Ao assumir, Luiz Fernando encontrou os cofres vazios, mas pelo que tenho acompanhado ele vem conduzindo Jundiaí de maneira serena, ouvindo a população. É uma questão de tempo para colocar a casa em ordem. Luiz Fernando é jovem, tem ideias arrojadas e o tempo há de mostrar sua capacidade à frente do Executivo”, afirma.

Sobre o ex-prefeito Pedro Bigardi, André disse que é impossível não lembrar das escolhas equivocadas que ele fez ao assumir a Prefeitura. “Do ponto de vista administrativo, ele montou uma equipe com pouca afinidade em conduzir a coisa pública. Além disso, misturou filosofia política e administração pública”.

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O ex-prefeito não pensa em voltar à política. Cuida hoje dos negócios da família.Penso hoje em trabalhar, na medida do possível, na formação de bons quadros para a área política e social do país, seja na cidade, Estado ou União”.

Daqui 100 anos, André Benassi gostaria de ser lembrado como uma pessoa que contribuiu para uma sociedade melhor. “É exatamente isso que busco, mesmo fora da vida pública. Sei o quanto me dediquei e as conquistas que alcancei. Por isso quero que as pessoas se lembrem que eu pensei grande, que eu abri os braços para poder contar com a dedicação e o entusiasmo de todos em busca de uma cidade melhor. Hoje quando olho para trás sei que deixei um legado importante, sempre me pautando pela ética, honestidade e respeito para com a coisa pública e a população”, conclui. (Agradecimento: jornalista Gisele Floriano/Matéria originalmente publicada no dia 27 de janeiro de 2018)

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