PROPÓSITO não tem preço

propósito

No contexto individual, propósito refere-se à intenção ou objetivo que uma pessoa escolhe perseguir, algo que dá sentido e direção à sua vida. É aquilo que motiva alguém a se levantar todas as manhãs e pode ser encontrado em diferentes aspectos, como carreira, família, educação ou contribuições sociais.
No mundo dos negócios e das organizações, o propósito é a razão de ser da empresa, além do lucro. É o que define a sua contribuição para a sociedade e o que a diferencia no mercado.

Um propósito bem definido pode inspirar os colaboradores, atrair clientes e orientar as decisões estratégicas da empresa. Este propósito guiará suas ações, desde o desenvolvimento de produtos até as iniciativas de responsabilidade social. Em um nível mais amplo, o propósito pode ser visto como uma bússola que guia as ações e decisões, tanto pessoais quanto coletivas, em direção a um objetivo maior e mais significativo. É o que dá profundidade e valor às nossas escolhas e esforços diários.

Ter um propósito claro pode levar a uma vida mais focada e satisfatória, assim como a organizações mais coesas e bem-sucedidas. Dito isso, chamo sua atenção para um caso interessante que ocorreu no ano 2000, a campanha “Quer pagar quanto?” da empresa de varejo Casas Bahia. Esta ação foi uma estratégia de marketing que se tornou muito conhecida no Brasil. Ela se tornou notável por seu slogan desafiador e pela participação do ator Fabiano Augusto, que fez mais de 200 comerciais para a rede varejista. A campanha teve um impacto significativo na época, apesar de ter enfrentado desafios e ter sido de curta duração.

A ideia era transmitir ao consumidor a mensagem de que a loja oferecia preços flexíveis e negociáveis, incentivando-os a visitar as lojas e negociar o preço dos produtos. No entanto, a campanha enfrentou dificuldades. Ela ficou no ar por apenas uma semana devido a problemas nas lojas, onde consumidores chegavam querendo pagar valores irrisórios, como R$ 1, por produtos de centenas de Reais.

Apesar disso, a campanha ganhou notoriedade e ficou imortalizada na memória dos consumidores, criando uma nova dinâmica de propaganda para o setor de eletroeletrônicos. A campanha “Quer pagar quanto?” é um exemplo clássico de como uma estratégia de marketing pode se tornar icônica, mesmo que tenha enfrentado desafios operacionais e tenha sido de curta duração.

Temos no centro deste caso da Casas Bahia, pessoas que buscaram auferir ganho máximo possível, mesmo que no uso de má-fé, Estas pessoas não estavam preocupadas com o prejuízo que causariam, simplesmente buscavam uma vantagem máxima ilegítima para si, e exemplos como esse transbordam globalmente.

Trouxe esse caso para ilustrar o quão comum é pessoas buscarem obter vantagem máxima para si, de forma legítima isso também é comum e permeia o ambiente de negócios, onde as empresas precisam se relacionar com clientes e acionistas, que escolhem de quem comprar ou investir seu dinheiro também buscando auferir ganho máximo possível.

É comum o cliente pedir um descontinho pra fechar o negócio, é também comum os investidores ficarem olhando a cotação das ações das empresas e mover seu recurso à aquele que pagar mais, e não estão preocupados com as consequências desta decisão para a empresa.

Trata-se de um olhar de curto prazo, sem compromisso com a sustentabilidade do negócio, com a longevidade desse, e não se pensa no impacto nas pessoas que fazem parte dele.
O pensamento é buscar aquilo que é melhor para mim agora.

E nesse cenário a empresa ou empreendedor de propósito, por mais humanizado ou coerente que busque ser, resta se comparar com a concorrência não importando o quão desleal seja, e então apertar espremer reduzir para se manter competitivo, sendo comum nesse momento o sacrifício “momentâneo” do propósito. Reflitamos juntos:

Quantos estamos dispostos a pagar R$5 a mais no preço do jantar para melhorar as condições de trabalho do motoboy entregador? O comportamento de compra e a atual discussão sobre a taxação de importação de produtos de baixo custo, mostram que não nos importamos em comprar um produto produzido por mão de obra em condições degradantes em países asiáticos. Também não nos preocupa que isso traga o fechamento de fábricas no Brasil, desde que seja mais barato, pagar menos é o que interessa.

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O mesmo ocorre com os seus propósitos humanizados e sustentáveis de empreendedor, ninguém topa pagar por eles, se você consegue mantê-los pontos em dobro para você, mas que fique claro que eles são somente seus, sendo assim você que os banque.

Nunca romantize o propósito de ser além do lucro, é sim diferencial competitivo na mesa de negociação, mas não se esqueça:

  • Propósito precisa dar ROI!
  • Esse é o jogo, seja bem-vindo!
  • E você quer pagar quanto?(Foto: frame comercial Casas Bahia/Youtube)

ROBERTO HANZI
Empreendedor em negócios digitais é Especialista e mentor em Inovação e Transformação Digital pela Fundação Dom Cabral. Consultor organizacional desde 2010 na área de Design de Negócios. Além de mentor de startups é palestrante no tema de inovação na liderança. CEO na Selfcred. 
www.linkedin.com/in/robertohanzi

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