QUE FALTA VOCÊS FAZEM!

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Um país que extermina suas florestas, acaba com sua biodiversidade, continua a militar no genocídio dos indígenas – os verdadeiros “donos” deste chão, – não poderia perder heróis ecológicos tais como Paulo Nogueira Neto (1922-2019), Aziz Ab’Saber (1924-2012) e Frans Krajcberg (1921-2017). Que falta vocês fazem!

Por que será que a Providência preferiu levar quem defende a natureza e deixa os seus detratores na incessante e inclemente empreitada de acabar com a vida sobre a Terra?

Não nos cabe inquirir os insondáveis desígnios da divindade. Mas sim lamentar que o primeiro Secretário Nacional do Meio Ambiente, um dos elaboradores do conceito de sustentabilidade e do relatório Brundtland, já não esteja entre nós. Assim como o geógrafo que salvou a Serra do Japi da especulação imobiliária, embora ela continue a cada dia mais ameaçada, pois a cupidez não respeita a vida, mas só rende culto ao deus dinheiro.

Quanto a Frans Krajcberg, este polonês que nos anos setenta viajou de barco pelo Rio Negro junto com o artista Sepp Baendereck, converteu-se de vez pelo ambientalismo. Voltou inúmeras vezes para a Amazônia e viu de perto o crime do desmatamento. Comoveu-se tanto com as queimadas que voltou dizendo “sou um ambientalista, não um artista”.

Ele teria completado cem anos em 2021, enquanto Paulo Nogueira Neto quase celebrou seu centenário em 2022 e Aziz Nacib Ab’Saber deverá ser especialmente lembrado em 2024.

O MUBE – Museu Brasileiro da Escultura e da Ecologia, na rua Alemanha, 221 na capital, fez exposição com 160 trabalhos desse artista ecológico. Ele passou a esculpir madeira refugada na indústria de celulose na Bahia e com os resíduos das queimadas.

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Judeu remanescente do Holocausto, perdeu sua família para os nazistas. Sua mãe foi presa e enforcada. Ao se encontrar com a flora brasileira, descobriu a arquitetura da natureza e tornou a questão ambiental um tema de ordem ético dentro de sua arte.

Os três fazem enorme falta ao Brasil do desalento em que submergimos. Porém é urgente vir à tona e exigir compostura do governo em relação ao nosso maior patrimônio: o verde, a natureza, a biodiversidade.(Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

JOSÉ RENATO NALINI

Desembargador aposentado, reitor da Uniregistral, docente da Pós-graduação da Uninove e Presidente da Academia Paulista de Letras.

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