Para o violonista e professor Sérgio Moreira(ao lado), o maestro das Meninas do Violão, “Raul Seixas não foi apenas músico. Ele era místico. Gostava de filosofia e religião, influenciado pelo parceiro e amigo Paulo Coelho. Para Sérgio, Raul não seria diferente de qualquer outro louco do país se não fossem todos este detalhes aliados à combinação de talento e escrever poesia e música de qualidade. “Ele é um personagem de grande importância para a cultura brasileira”, afirma.
O violinista cita um trecho de As Aventuras de Raul Seixa na Cidade de Thor(veja vídeo abaixo):
Eu já passei por todas as religiões Filosofias, políticas e lutas
Aos onze anos de idade eu já desconfiava
Da verdade absoluta…
“Raul enxergava o mundo de forma diferente. Era radical e tinha um culto místico e exagerado, com ajuda de seus aditivos ilícitos. Caiu de cabeça no rock nacional e avançou até ondem nenhum artista nacional havia chegado”, analisa Sérgio Moreira.
O músico que atua em Jundiaí lembra que Raul Seixa foi atuante politicamente e que viveu no auge da Guerra Fria. “Ele observava o peso entre socialistas e capitalistas, não se importava em Ser essa metamorfose ambulante avesso aos modelos sociais e políticos de sua época, detestava manter Uma opinião formada sobre tudo e sonhava com uma Sociedade Alternativa.
Aliado a isto tem o lado oculto e místico cheio de interpretações e mensagens subliminares. Um exemplo para Sérgio é a letra de Eu Nasci Há 10 Mil Anos Atrás. “Há quem diga que não é Raul narrando a história e sim uma entidade espiritual – falando na primeira pessoa – o que viu e ouviu no período descrito na música. Já na letra de Gita, quando ele diz Foi justamente num sonho que ele me falou, o narrador recebe uma resposta na terceira pessoa (Ele)”, explica.
Para os estudiosos do Maluco Beleza, a teoria mais aceita para a criação de Gita é que a canção foi baseada no texto religioso hindu – Bhagavad Gita – escrito por volta 400 a.C. e considerado uma das obras de grande importância para humanidade. “Isto explica a falta da letra ‘U’ na pronuncia de Guita mas confunde pelo fato da comunicação ser por sonho já que o sonho é típico do cristianismo contrapondo a cultura hindu quando o contato com mundo espiritual é feito pela meditação”, afirma Sérgio.
MAIS TOCA RAUL
O violinista lembra que Raul era cheio de segredos e se considerava noturno. Mas, ao mesmo tempo dizia que era o luar ao contrario ou aquele que reflete a luz do sol. “Este lado irreverente aliado com genialidade extravagante, logo caiu no gosto popular. E cantando enquanto você se esforça pra ser um sujeito normal e fazer tudo igual, ele foi diferente, um modelo artístico na ausência de um ídolo no rock brasileiro, transformando-se em mito, rei do rock e até messias para alguns”.
Sérgio Moreira conclui: “hoje o nome de Raul Seixa está reduzido a um bordão longe da importância de sua obra. Basta um violão e do outro lado um sujeito com uma lata na mão e algumas pingas na cabeça para ele gritar toca Raul”.